Bombardeios israelenses e combates com o Hamas na Faixa de Gaza
Os conflitos entre Israel e Hamas iniciaram em outubro de 2023
Israel bombardeou, nesta quinta-feira (25), várias áreas da Faixa de Gaza em sua guerra contra o Hamas e manteve seus preparativos para invadir Rafah, no sul, apesar dos alertas internacionais sobre o risco de provocar uma catástrofe humanitária.
As negociações indiretas, mediadas por Catar, Estados Unidos e Egito, para um cessar-fogo e a libertação dos reféns nas mãos do Hamas desde o início da guerra em 7 de outubro, estão paradas.
Os líderes de 18 países, incluindo Brasil, EUA, França, Reino Unido, Argentina, Espanha e Colômbia, pediram ao Hamas, em uma declaração conjunta, "a libertação imediata de todos os reféns".
"O acordo sobre a mesa para libertar os reféns implicaria um cessar-fogo imediato e duradouro em Gaza", afirma o documento, divulgado pela Casa Branca.
O porta-voz do governo israelense, David Mencer, indicou que o gabinete de guerra se reuniu para estudar como "destruir os últimos batalhões do Hamas".
Confira o que diz Israel
Segundo o governo israelense, o movimento islamista, no poder em Gaza, mantém quatro batalhões em Rafah, onde estão amontoados 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados de outras regiões da Faixa de Gaza devido à guerra.
Ghazi Hamad, um líder político do Hamas, disse à AFP do Catar que a invasão de Rafah não permitirá a Israel obter "o que quer", ou seja, "eliminar o Hamas ou recuperar" os reféns.
Ele acrescentou que o Hamas alertou o "Egito, o Catar" e "outros países árabes e internacionais" sobre o "perigo de uma invasão de Rafah" e sobre o fato de que "Israel está se preparando para cometer mais massacres".
Egito responde
Segundo autoridades egípcias citadas pelo Wall Street Journal, Israel planeja deslocar os civis de Rafah para a cidade próxima de Khan Yunis, onde pretende instalar tendas e centros de distribuição de alimentos.
A evacuação duraria de duas a três semanas e seria realizada em coordenação com Estados Unidos, Egito e outros países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, segundo essas autoridades.
Início dos conflitos
A guerra eclodiu em 7 de outubro após um ataque de comandos islamistas que mataram 1.170 pessoas, em sua maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Eles também sequestraram cerca de 250 pessoas, cem das quais foram trocadas por prisioneiros palestinos em Israel durante um cessar-fogo de uma semana no final de novembro. Israel estima que 129 reféns permaneceram em cativeiro e que 34 deles morreram desde então.
Israel prometeu destruir o Hamas, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza que até o momento deixou 34.305 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades sanitárias do território palestino.
Israel atacou 30 alvos no Hamas
O Exército israelense informou nesta quinta-feira de manhã que seus aviões haviam atacado "30 alvos do Hamas" no dia anterior. O Ministério da Saúde de Gaza relatou 43 mortes nas últimas 24 horas.
Houve confrontos entre as forças israelenses e combatentes palestinos ao norte do campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa, segundo testemunhas.
Correspondentes da AFP e testemunhas também relataram disparos de artilharia e bombardeios no bairro de Zeitun, no sul da Cidade de Gaza (no centro da Faixa).
Também houve ataques aéreos contra Rafah, onde muitos habitantes tentaram durante o dia recuperar algumas pertences entre os escombros de suas casas.
"Chega de destruição, chega de guerra. Chega de sangue derramado de crianças, mulheres, idosos e civis desarmados! [...] Isso é ir longe demais! [...] Deixem as pessoas viverem!", exclamou um desses moradores, Samir Daban.
Libertação de reféns
Em Israel, Netanyahu enfrenta uma forte pressão interna para agir pela libertação dos reféns.
Familiares de reféns voltaram a se manifestar nesta quinta-feira em Tel Aviv em frente ao Ministério da Defesa, alguns com as mãos amarradas e pintadas de vermelho, com um esparadrapo na boca com o número "202", o número de dias desde o ataque de 7 de outubro.
Após mais de seis meses de guerra, os cerca de 2,4 milhões de habitantes de Gaza, sitiados pelas forças israelenses, correm o risco de fome, segundo a ONU, que exige a entrada de mais ajuda humanitária.
Parte dessa ajuda chega pelo posto fronteiriço de Rafah, que conecta a Faixa com o Egito. Este é o único ponto de entrada e saída do território palestino que, teoricamente, não está sob controle israelense, embora Israel mantenha o direito de supervisão sobre o trânsito de pessoas e mercadorias que passam por lá.
Desde o início da guerra, entre 80 mil e 100 mil palestinos chegaram ao Egito a partir desse território, afirmou nesta quinta-feira o embaixador palestino no Cairo, Diab Allouh.
Os Estados Unidos começaram a construir um cais em Gaza para facilitar a entrega de ajuda por via marítima, disse à imprensa o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder. O dispositivo consistirá em uma plataforma sobre o Mediterrâneo para a transferência de ajuda de navios para embarcações menores, com um cais para levá-la à terra.
A situação em Gaza também está gerando tensão nas universidades americanas, onde centenas de pessoas foram detidas em uma onda de protestos pró-Palestina, incluindo as universidade de Harvard e Princeton, anunciaram as autoridades de várias cidades.