Marias, mulheres e mães peregrinas de Nossa Senhora, a Virgem Maria
Peregrinas realizaram uma viagem espiritual por santuários e redutos da Virgem Maria na Europa, como Lourdes, na França, e Fátima, em Portugal

Marias, mulheres e mães. Magna, Maria Helena, Maria Elisa, Kátia, Denise, Léa. Todas devotas de Nossa Senhora, a Virgem Maria. Cada uma, consagrada a uma Nossa Senhora diferente, que embora tenha vários nomes e invocações, é uma só: Lourdes, Fátima, Graças, Guadalupe, Aparecida. Todas, mulheres em busca do colo, do acolhimento e do alívio que só a mãe de Jesus - e mãe de todos nós - consegue proporcionar.
São as peregrinas de Nossa Senhora, que por 13 dias, realizaram uma viagem espiritual por santuários e redutos da Virgem Maria na Europa, como os Santuários de Nossa Senhora de Lourdes, no interior da França, e Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Portugal, levadas pela Comunidade Católica Obra de Maria, que tem sede na Região Metropolitana do Recife, mas conta com mais de cinco mil missionários atuando em mais de 60 países. A Obra de Maria, em parceria com a Comunidade Canção Nova, realizou congressos internacionais de cura e libertação, passando também pela Espanha.
Muitas dessas mulheres são alicerces emocionais e espirituais de suas famílias, mas que, diante de Nossa Senhora, tornaram-se filhas, carentes de colo, necessitadas de afago e carinho. Mulheres que encararam a rota da Virgem Maria em busca de libertação e cura - física e espiritual. Mulheres cansadas de serem sempre fortalezas para os seus. E que, nesses dias de peregrinação, imploraram pelo acolhimento que só Nossa Senhora pode dar por também ser mãe e mulher.








Muitas, em busca da cura de doenças graves, próprias ou dos seus. Outras, em agradecimento aos milagres alcançados e à sorte na vida. Todas, repletas de esperança em curas, libertações e bondades da Virgem Maria. Sempre, sempre com lágrimas nos olhos o tempo todo. A emoção, aliás, esteve constantemente presente nos 13 dias de viagem da rota mariana realizada pelas peregrinas de Nossa Senhora.
NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS QUE MUITAS GRAÇAS CONCEDEU




Entre elas, histórias de devoção e resiliência - algo fundamental para quem é cristão. Uma delas é a das irmãs paulistas Maria Helena Lourenço Agostinho, professora aposentada, e Maria Elisa Lourenço de Ataíde, advogada, devotas de Nossa Senhora das Graças. As duas foram a Lourdes, na França, e Fátima, em Portugal, para agradecer pelas graças alcançadas e, também, em busca de libertação.
E voltaram renovadas. “Desde pequeninas, nossos pais nos ensinaram a devoção a Deus e a Nossa Senhora das Graças. Crescemos com nossa mãe rezando o terço e sempre citando Nossa Senhora das Graças. Por isso, foi algo natural. Quando meu filho tinha 28 anos, sofreu um AVC isquémico e precisou passar por uma cirurgia no coração. Foi quando eu me agarrei a minha fé em Nossa Senhora das Graças e tive uma visualização de que ele teria sucesso no procedimento cirúrgico. E foi o que aconteceu. Hoje, aos 41 anos, é um homem forte e sem sequelas, que também virou devoto”, conta Maria Elisa.








Maria Helena conta ter vivido pessoalmente um milagre ainda maior de Nossa Senhora das Graças: a cura de um câncer. “Foi ela, não tenho dúvidas. Em 2018, recebi a notícia da doença e, como acontece com qualquer pessoa que recebe um diagnóstico desses, só pensa na morte certa e iminente. Mas me entreguei a Deus, de joelhos, e pedi que Nossa Senhora passasse na frente. Que minha vida estava na mão deles e que podiam fazer o que quisessem que eu aceitaria. E foi o que aconteceu. Passei um ano em tratamento e me curei. Hoje, estou nesta viagem para agradecer”, relembra, com a resiliência de quem aprendeu a enxergar a vida diferente depois de enfrentar uma grave doença.
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O sentimento é de gratidão, de que Maria, a mãe de Jesus, sempre abre portas. “Além de mãe, ela é um exemplo a ser imitado em todas as situações de nossa vida. É elevada, bondosa, de uma enorme humildade, que nos ensina como mulher e mãe”, ensina Maria Helena.
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA: A MÃE QUE DÁ COLO E ACOLHE



O mesmo sentimento de acolhimento é compartilhado pela nutricionista paraibana Magna Tereza Vitorio de Freitas, que também é cantora de Cristo e realizou um sonho antigo, dividido ainda com a mãe, que morreu aos 81 anos vítima da covid-19. Estar no Santuário de Lourdes foi um momento especial e libertador, mas foi em Fátima que a nutricionista viveu um momento único. Devota de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Magna vestiu o corpo e, principalmente, a alma de Maria.
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“Sonhava muito em estar em Fátima, conhecer o santuário, viver essa experiência maravilhosa. E quando a vivi, não poderia ter sido diferente: senti Maria na intimidade. Senti ela como a mãe que é amiga, que abraça, que põe no colo, que é confidente nas horas que a gente mais precisa. Me sinto renovada e agradecida, muito agradecida”, afirma, vestida de Nossa Senhora dos pés à cabeça.
Magna também queria estar no Santuário de Nossa Senhora de Fátima para pagar uma promessa feita ainda quando a mãe estava viva. “Estou aqui para pagar uma graça alcançada, que foi conseguir reaver uma aposentadoria da minha mãe, enfermeira que passou a vida no serviço público federal. Só conseguimos vencer uma longa e difícil batalha graças a ela. Nós sabemos disso. Infelizmente, minha mãe não está mais viva, mas sei que me acompanhou nessa peregrinação. Que esteve ao meu lado em todos os momentos”, conta.
OS PEREGRINOS DE NOSSA SENHORA: HOMENS CADA VEZ MAIS DEVOTOS DA VIRGEM MARIA






Acompanhar o grupo de peregrinos pela Europa, levados pela Obra de Maria e Canção Nova, foi constatar que ainda são as mulheres a grande fortaleza da fé. Não há como negar. Mas também é perceptível o papel que os homens começam a ter nesse universo.
Antes restritos aos padres e seminaristas, os homens-maridos e os homens-filhos das mulheres fiéis têm se multiplicado e começam a ter destaque no mundo religioso, provando que a oração e a fé não são hábitos apenas das mulheres, como sempre se associou. Homens devotos e que também se mostraram peregrinos de Nossa Senhora.
Um deles é o paulista Alan Roberto Ferreira, mais um devoto de Nossa Senhora de Fátima no grupo de peregrinos brasileiros. Alan, inclusive, é um exemplo de que a fé em Deus e na Virgem Maria não escolhe sexo. Diferentemente da maioria dos casais, foi o marido que, após três visitas ao Santuário de Fátima, realizou o sonho de trazer a esposa e mãe de seus dois filhos, Solange, ao local sagrado, transformando-a, também, em uma peregrina de Nossa Senhora.
“Eu sou ministro da Eucaristia e tive o privilégio de visitar Fátima outras vezes, um lugar para mim que é especial, único, onde os céus se abrem. Mas devido aos nossos filhos e as condições financeiras, não conseguíamos vir os dois. Mas dessa vez foi possível e um momento único.







“Sem dúvida é desafiador ser um homem de fé e um peregrino. Mas essa realidade tem mudado e cada vez mais vemos homens na igreja. A força do Terço dos Homens (movimento católico mariano brasileiro no qual os homens rezam o rosário) tem crescido no País e é um exemplo real dessa mudança”, afirma Alan, que é ministro da Eucaristia e atua em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
“E entendo ser fundamental atrair os homens para a igreja porque somos tão seduzidos por tanta coisa. E o homem é mais vulnerável nesse processo. Por isso, só encontrando Jesus podemos cuidar do nosso maior patrimônio: a nossa família. E o que busco na vida é ser exemplo para os meus filhos”, ensina.
NOSSA SENHORA EM TODOS OS LUGARES, ACOLHENDO E FORTALECENDO











A rota para a peregrinação em Nossa Senhora não poderia ter sido melhor escolhida. Começou em Lourdes, no interior da França, onde está o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, um dos mais belos do mundo e que é visitado por 2 milhões de pessoas anualmente, segundo dados oficiais do Vaticano. Antes da pandemia de covid-19, chegou a receber 3,5 milhões de visitantes em um ano.
O santuário, cortado pelo Rio Gave, é um convite à espiritualidade, conversão e cura. São 54 hectares de muita beleza. A gruta onde Nossa Senhora teria aparecido para a jovem pastora Bernadette Soubirous e as águas do local que são tidas como milagrosas são disputadas por milhares de fiéis, a grande maioria em busca da cura de doenças do corpo e também da alma. Além de beber a água de Lourdes, os fiéis também se banham nela, num evento que, de tão procurado, agora exige pré-agendamento pelo site oficial do santuário.
A Procissão das Velas, que acontece todas as noites, é renovadora e emocionante. Ver uma multidão com velas nas mãos, atrás da imagem de Nossa Senhora de Lourdes levada em procissão e sob cânticos em diversas línguas, é uma experiência única. Principalmente pela diversidade de povos que ali se fazem presentes, todos unidos pela fé e pela devoção à Virgem Maria.
A repórter que escreveu esse texto teve a experiência ao acompanhar o grupo de peregrinos e, confessa, saiu renovada. Como se diz na França: quem entra no santuário como turista, sai de lá como peregrino. Como se não bastasse a beleza do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e a magia que toma conta do lugar - mesmo sendo realizada diariamente -, a Procissão das Velas aconteceu sob uma linda noite de luar, tornando o momento ainda mais especial e único.
O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Portugal, não fica atrás. Visitado por mais de 6 milhões de pessoas por ano, o local sagrado conta a história da Virgem de Fátima que, em 1917, teria feito aparições para três crianças pastoras – Lúcia, Francisco e Jacinta.
Segundo os relatos das crianças, a Virgem apareceu seis vezes entre maio e outubro, trazendo mensagens de oração, arrependimento e conversão. O ponto alto das aparições ocorreu em 13 de outubro, quando milhares de pessoas testemunharam o chamado "Milagre do Sol", um fenômeno extraordinário no céu.
As aparições foram oficialmente reconhecidas pela Igreja Católica em 1930, e Fátima se tornou um dos principais destinos de peregrinação no mundo. A edificação do santuário começou em 1919 com a construção da Capelinha das Aparições e, ao longo dos anos, foi sendo expandido.
O JC acompanhou a peregrinação a convite da Obra de Maria.