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Israel ameaça cessar-fogo em Gaza, alerta alto escalão do Hamas à AFP

Neste sábado, ocorreu a quinta libertação de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, no meio da primeira fase de seis semanas do cessar-fogo

Publicado em 08/02/2025 às 16:04
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A "falta de comprometimento de Israel" está colocando em risco o cessar-fogo em Gaza, alertou um alto funcionário do Hamas, movimento islamista palestino que governa o território. A frágil trégua, que atualmente está em vigor, pode ser quebrada devido a essa situação, segundo a avaliação do grupo.

Em entrevista à AFP, Basem Naim, membro do comitê político do Hamas e ex-ministro da Saúde em Gaza, reiterou que o grupo não deseja retomar a guerra com Israel.

A quinta libertação de reféns israelenses por prisioneiros palestinos ocorreu neste sábado (8), aproximadamente na metade da primeira fase de seis semanas do acordo de cessar-fogo.

A trégua, que entrou em vigor no mês passado, encerrou mais de 15 meses de guerra, desencadeada por um ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

A ofensiva retaliatória de Israel em Gaza enfraqueceu a liderança do Hamas e ainda há dúvidas sobre como o território devastado será administrado no período pós-guerra.

Confira a entrevista com Basem Naim:

AFP: Você diz que o Hamas continua comprometido com as negociações para estender o cessar-fogo, mas há possibilidade de retorno à guerra?

Basem Naim: O que vemos em termos de atraso e falta de comprometimento na implementação da primeira fase [da trégua] e a tentativa de criar um ambiente político, internacional, diplomático e midiático para pressionar os negociadores palestinos a entrar na segunda fase, certamente coloca este acordo em risco, portanto pode ser interrompido e fracassar.

Retomar a guerra certamente não é nosso desejo nem nossa decisão. Mas se uma das partes decidir retornar à guerra, nosso povo palestino, que suportou por 15 meses e carrega a resistência em seus corações, sem dúvida estará preparado para responder adequadamente.

AFP: As negociações para a segunda fase do cessar-fogo deveriam começar esta semana em Doha. Quando elas ocorrerão?

Naim: Esperávamos que as negociações para a segunda fase começassem (...) na segunda-feira passada. Continuamos dispostos a retomá-las. Mas a ocupação está atrasando (...) e até agora não tenho nenhuma data concreta para iniciar o processo de negociação (...). Talvez nos próximos dias possa haver um começo.

AFP: O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou sobre normalizar os laços com a Arábia Saudita. Qual é a sua resposta?

Naim: Pedimos que não normalizem suas relações. Apelamos a todos os países árabes, tanto aqueles que estão atualmente normalizando quanto aqueles que consideram a normalização, que retirem sua posição, porque essa entidade que usurpou terras palestinas há 76 anos representa uma ameaça para toda a região, não apenas para os palestinos. É a causa da maioria dos problemas na região e pedimos a todos que parem com essa normalização ou quaisquer outras medidas em direção à normalização.

AFP: Qual é a sua reação ao plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir o controle de Gaza e deslocar seus habitantes para outros países?

Naim: Forçar uma população de dois milhões de pessoas a deixar sua terra natal por qualquer motivo é um crime contra a humanidade e uma limpeza étnica. Esta proposta está, portanto, rejeitada. Todos os países árabes, sem exceção, os países islâmicos e muitos países ao redor do mundo adotaram uma posição clara de rejeição (...) porque o povo palestino se recusará a sair. E não há Estado pronto ou preparado para recebê-los.


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