Na esteira de uma presidência caótica como a de Donald Trump, os EUA passaram a viver, desde o último 20 de janeiro, certa sensação de volta à normalidade, com a posse de Joe Biden.
Embora a simples chegada de Biden não represente automaticamente um desanuviar dos céus, sumindo a tempestade para que se instale o Sol, afinal, o estrago feito por Trump não foi pouca coisa, salta aos olhos que o fato em si traz alívio, já que significa uma vitória da racionalidade, chama que se supunha defunta.
Faltou a Trump, é claro, vocação e empatia. Entender que o eleito assim o é no Estado de Direito para governar para todos, inclusive para quem não votou nele. Faltou ética. Faltou humanidade. Faltou gestão. Faltou verdade. E, no meio do caminho, faltou levar a sério o coronavírus.
Tump, nada admira, se mostrou péssimo perdedor. Agiu infantilmente na derrota. Não foi presidencial nem aí. Martelou na tecla de uma fraude imaginária. Insuflou uma invasão do Capitólio. Sofreu dois impeachments. Findo seu mandato, decolou no helicóptero presidencial horas antes da cerimônia de posse de Biden, para não ter que assisti-la. A despedida, de quebra, foi ao som de My Way, na voz de Sinatra.
Biden, cuja percepção do poder é outra, tem ao seu lado a ex-colega Senadora pela Califórnia, Kamala Harris, ela sozinha a maior prova de que a sociedade americana, majoritariamente democrata, despertou. A mixagem dos dois deu certo. Tomara. O planeta agradece.
A voz das urnas - mesmo em um sistema eleitoral tão confuso - na terra de Benjamin Franklin bem poderia reverberar para outras sendas, incluindo o Brasil. Vai depender de Sua Excelência o eleitor tão somente. Não adianta orar por milagre ou por mágica. Ou bem se faz a hora ou bem se espera acontecer. Não tem voto-médio. Ouçamos a lição da história.
*Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado
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