Essa semana, o Alto Comando do Exército concluiu mais uma reunião do colegiado composto pelo Generais quatro estrelas, patente mais alta da Força Terrestre, na qual decidiu sobre promoções ao generalato.
É um encontro repleto de simbolismo. A portas fechadas, cada oficial que concorre à escolha é relatado por um membro da mesa e depois é dada a palavra aos demais para contribuírem com suas percepções.
São relatos profundos, tanto profissionais como emocionais, que buscam identificar nas futuras lideranças o perfil adequado ao Exército, sempre em aprimoramento.
O funil é estreito. De uma turma de cerca de 400 cadetes formados na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), 16 ascendem ao generalato e apenas 4 ao posto de General de Exército.
Sentados na mesa ovalada, um general, um voto. Ao final, o mais moderno – até entre os quatro estrelas há a respeitosa hierarquia - conta as cédulas e declara o mais votado. É preciso obter maioria para conquistar a estrela. Enquanto o numero mágico de metade mais um não é atingido, continuam as discussões.
As recentes elaborações de analistas sem farda sobre as transferências internas e as causas e consequências de fulano ter sido promovido, ou sicrano ter sido preterido são especulações que servem tão somente para atiçar as notícias e talvez promover discórdias.
Valentia, herança, merecimento, cada país encontra a fórmula mais justa para escolher suas lideranças militares, segundo seus valores e tradições.
Napoleão, por exemplo, deixava uma vaga a ser preenchida pela sorte, pois entendia que a sorte também era um atributo a um chefe na guerra.
A promoção de um oficial brasileiro ao círculo de general, depois das justas disputas dos perfis profissionais construídos em anos de carreira, valoriza a Força, valoriza o promovido, valoriza o preterido.
A estrutura se fortalece, se aperfeiçoa e se atualiza.
Quando o Marechal Castelo Branco estabeleceu as regras que até hoje, com poucas modificações, servem de base para os quadros de acesso por escolha pretendia combater feudos de lideranças que no passado ficavam anos, muitos anos, atravancando as promoções e partidarizando as Forças Armadas.
Sábia decisão.
O que somos hoje, como instituição de elevado respeito junto à sociedade, é fruto de uma semente de tâmara plantada no passado distante.
Foi regada cuidadosamente por nossos chefes pretéritos. A fruta, demora-se para saboreá-la, mas quando madura, revela o doce paladar do profissionalismo, da servidão e do respeito ao povo brasileiro.
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão da Reserva