Rachel de Queiroz e os Ovnis

Na semana passada, apareceram ovnis nos céus dos Estados Unidos e Canadá. Embora não haja registros oficiais de que existe vida inteligente fora do planeta Terra, há muitas pessoas, no Brasil e no mundo, que se dedicam a estudar o assunto -
JC
Publicado em 08/03/2023 às 0:00
EUA acusaram a China de espionagem no país e derrubaram balão Foto: AFP PHOTO / CHASE DOAK


Corria o ano de 1951, a lua vinha surgindo por trás da Pedra da Gávea prateando o verdejante campinho de futebol do internato São José dos Irmãos Maristas, estabelecido na Avenida Conde de Bonfim, depois da Praça Saens Peña e da Muda, na Tijuca, tendo como vizinho, ao lado esquerdo*, um depósito de cigarros da Souza Cruz, e à esquerda*, uma garagem da Coca-Cola.

Era um campinho de grama bem aparada e bem cuidada, onde enfrentávamos, todo fim de ano, o excelente time do externato São José, vizinho ao Estádio do Maracanã, em partidas memoráveis e violentas. Basta dizer que o lendário árbitro Tijolo e o enérgico Gama Malcher diziam preferir arbitrar Olaria x Madureira, na Rua Bariri, tendo que expulsar Arati e Olavo, "dois assassinos", num calor de 50°, do que uma final de campeonato dos internos e externos dos Maristas na Tijuca.

Lembro bem daquela noite porque quebrei o pé direito jogando no nosso escrete, que formava com o bigodudo mato-grossense Baruch, no gol, a linha média com Batata, Laranja e Tomate, e a linha de frente com Chupa-ovo, o locutor que vos fala e Capivara. Ganhamos por um a zero, e o ortopedista baiano do América engessou meu pé, o que me deu necessário charme para conquistar Lenita, uma loirinha linda, de olhos verdes, que guardo até hoje no meu pobre e dilacerado coração.

De repente e depois do jantar, fomos surpreendidos com luzes misteriosas voando em alta velocidade, em forma de discos voadores, pelo céu estrelado, em nossa direção. E constatamos que a lua cheia continuava "parada" no seu lugar - e só os objetos se movimentavam circundando o prédio do colégio, num sobe e desce de altíssima velocidade, até desaparecerem por completo na imensidão do céu.

No dia seguinte, uma edição extra de "O Cruzeiro", revista semanal dos Associados, de propriedade de Assis Chateaubriand, escandalosamente editada pelo jornalista David Nasser, e de maior circulação da América Latina, encontrada, sem falta, em salões de beleza e consultórios médicos, estampava em letras garrafais: "Discos voadores na Tijuca." Se foi verdade, não sei até hoje.

Na semana passada, apareceram ovnis nos céus dos Estados Unidos e Canadá. Embora não haja registros oficiais de que existe vida inteligente fora do planeta Terra, há muitas pessoas, no Brasil e no mundo, que se dedicam a estudar o assunto - os ufólogos. Um deles explica: "Um disco voador é um ovni, mas nem sempre todo ovni é um disco voador". Raquel de Queiroz acreditava piamente nos discos voadores. Fazer o quê?

Arthur Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras

 

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