Mobilidade urbana entra em 2024 com velhos sonhos e numa situação cada vez pior
A União precisa participar de forma efetiva para a evolução da mobilidade urbana
O ano de 2023 chegou ao fim e pouco se tem a comemorar na mobilidade urbana do Brasil. Infelizmente, o setor viu muitas discussões e pouca efetivação de uma política pública séria e integrada. O setor segue sem rumo, à espera da efetiva participação do governo federal no compromisso de melhorar o deslocamento coletivo da população.
Essa participação é fundamental para a mobilidade urbana do País porque, sozinhas, prefeituras e até mesmo gestões metropolitanas não vão conseguir garantir as políticas sociais e os investimentos em infraestrutura necessários para a universalização do transporte público.
A União precisa participar de forma efetiva para a evolução da mobilidade urbana e, assim, melhorar a vida das pessoas. E essa participação passa pela aprovação do marco regulatório e pelo financiamento do transporte coletivo, sob várias formas e aspectos. Só assim é possível melhorar os serviços, baratear as tarifas para os passageiros, investir em tecnologia e na transição energética.
É o caso, por exemplo, do programa Tarifa Zero e da eletrificação dos ônibus urbanos. Projetos importantíssimos para as cidades, mas que precisam de políticas públicas claras, com subsídios sociais, para que aconteçam de fato. E para que alcancem cidades diferentes, não apenas as grandes capitais ou cidades com o PIB muito elevado.
O subsídio público, sem dúvida é fundamental , para que exista de fato melhoria na qualidade dos serviços , eficiência operacional, mais tecnologia e infra estrutura.
Por tudo isso, entramos no novo ano trabalhando e torcendo para que o transporte público urbano vire protagonista no Brasil. Principalmente pela importância que tem para a mobilidade urbana do País, respondendo por até 85% dos deslocamentos nos centros urbanos.
Chegamos a 2024 esperando que o governo federal ajude o setor a superar a crise que persiste, ainda com sérios reflexos da pandemia de covid-19.
Lembrando que o sistema de ônibus urbano registrou queda de 24,4% na demanda de passageiros entre 2019 e 2022, o que significa dizer que deixaram de ser realizados quase 8 milhões de deslocamentos de pessoas por dia, em média.
Por isso, o apelo é para que o transporte coletivo urbano saia dos discursos políticos e das promessas dos gestores públicos para ser prioridade na prática.
E, principalmente, que em 2024 o Brasil pare de priorizar o transporte individual, inclusive com incentivos à compra de automóveis, como aconteceu em 2023.
E cuide do coletivo.
Niege Chaves é VP Grupo MobiBrasil