OPINIÃO

Segredos

Apenas a consistência de cada um em um ser que não se define. Melhor acreditar nos segredos interiores e contraversos. Que assim seja.

Imagem do autor
Cadastrado por

FÁTIMA QUINTAS

Publicado em 06/03/2024 às 0:00 | Atualizado em 06/03/2024 às 9:28
Notícia
X

As palavras me tocam sobremaneira. Gosto de escrever porque fazendo-o sinto-me feliz. Uma maneira de comunicar-me com o universo. Sigo mundo afora. Às vezes, com medo; outras, com ousadia. Pouco importa o que digo, necessito usar as emoções sem restringi-las. Quantas vezes me perguntam se escrever é difícil! Claro. Muito difícil. Entretanto, eleva a alma ao nível mais alto da consciência. Importa acreditar no prazer de rabiscar com certos receios, é bem verdade, mas com euforia. Naturalmente que o ato de dizer tem as suas manhas e delicadezas. Não é fácil transmitir o que se sente. Mas vale a pena tentar. E o texto segue à luz da minha consciência. Vou e volto. A estrada é tortuosa. Hei, todavia, de enfrentá-la com cautela e pudor.

É temoroso dissecar o que a gente pensa ou sente. Quantas vezes mergulho entre feixes de mistério! Importa a certeza de evoluir no pensamento. Há avanços e recuos, depende do momento. E a dualidade acaba por imperar nos verbos e nos substantivos. Tudo vale a pena quando a interioridade reclama por exteriorizações. Hoje, de um jeito; amanhã, de outro. Assim, as palavras se instalam na medida da nossa extroversão ou introversão.

Expor pensamentos é sempre complexo. Às vezes, até impossível. Mas a riqueza da intimidade fortalece o interior de cada um. Acolher os ismos em evolução, um caminho a seguir. Não sei quem sou, mas procuro descobrir-me a toda hora. Uma questão de acertos e desacertos. Sigo em frente, porém voltada para o passado. Existo à luz de fortalezas antigas. Ou será que todos nós possuímos a mesma inquietude? Urge seguir pela estrada e abraçar os atalhos que despontam a toda hora. Não prevalece o tamanho dos enigmas. O que exalto é a veemência da busca. Há tantos rodeios em nossa história!... Ainda bem. Assim a multiplicidade de cada um evolui soberana.

E as perguntas se agrupam na medida do impossível. A longa estrada requer paciência. Hoje de um jeito, amanhã de outro. Mas sempre na turbulência ontológica. Gosto de defrontar-me comigo mesma. As idas e vindas favorecem o dia a dia. Não sei o que digo e nem o que faço. Porém, faço e digo. Perdoem-me as oposições. Resultam de incertezas absolutas. Não há como esconder os realismos do passado e do presente. Serão sempre difundidos em qualquer caminhada. Vale acreditar nos vieses psicológicos. São múltiplos e diversificados. E a trajetória se cruza entre o sim e o não.

Quantas vezes as perguntas me enchem de euforia! São indagações que servem de sustentáculo ao nosso bem-querer. Estarei me contradizendo novamente? Talvez, quem sabe? Afinal a vida se constitui de tantos fantasmas que vale a pena acreditar em nossas tentativas: a maioria eivadas de oposições. E, assim, evolui a humanidade entre teses, antíteses e sínteses. Não importam as incertezas que despontam a toda hora. Afinal, somos tão complexos em nossa unidade, que urge indagar cada vez mais as internas pulsões. De nada sei e de tudo sei? Contradição? Creio que não. Apenas a consistência de cada um em um ser que não se define. Melhor acreditar nos segredos interiores e contraversos. Que assim seja.

Fátima Quintas,  da Academia Pernambucana de [email protected]

 

Tags

Autor