Quem tem medo de Virginia Woolf?

Terceira de quatro filhos, Virginia Woolf, nasceu numa família de classe média alta, de Kensington, e cresceu cercada por livros e intelectuais

Publicado em 10/07/2024 às 5:00

Como não me perdoo de ter perdido a peça “Quem tem medo de Virginia Woolf?”, quando morava no Rio, danei-me a ler sua obra. Em toda livraria que entrava, comprava os seus livros. Li seus romances, A viagem, Noite e dia, O quarto de Jacob e Passeio ao farol. Seu conto The Complete Shorter Fiction e sua extraordinária crônica (é crônica mesmo?) Cenas Londrinas.

Terceira de quatro filhos, Virginia Woolf, nasceu em uma família de classe média alta, de Kensington, bairro de Londres e cresceu cercada por livros e intelectuais. Pela sua primeira residência passaram visitantes como Henry James, George Eliot e George Henry Louis, o que a influenciou a ser escritora.
Um diagnóstico em retrospectiva indica que sofria de transtorno bipolar, o que a levou a se afogar nas proximidades de sua casa em Sussese aos 59 anos. Cassou-se em 1912 com Leonard Woolf e criaram a Hozart Press, editora dedicada à publicação de obras novas e experimentais de escritores como T. S. Eliot, Katharine Mansfield e dela própria.

Woolf escreveu para o suplemento literário do jornal The Times até sua morte e foi autora de uma série de romances. Gosto muito de Orlando novela brincalhona e alegre que adota uma forma de uma falsa biografia usando como fonte a escritora Vitasacksille-West, com quem ela manteve um relacionamento sexual. Nessa interessante encarnação, na ficção ela vive por mais de 3 séculos, alterando-se entre ser um homem e uma mulher. Seus romances exploram a reação de mulheres de caráter ao meio social, familiar ou doméstico, o que, segundo a crítica ao lado de seu clássico ensaio crítico (Um teto todo seu) , ajudou a transformá-la em um destacado ícone feminista.

Seu estilo pioneiro, suas credenciais feministas exuberantes e a instabilidade emocional transformaram-na em objeto de fascínio para Hollywood. Sua personalidade e obra foram temas de uma série de filmes como Mrs. Dalloway (1997) e As Horas (2002) que mereceram indicações ao Oscar. Ela dizia que invejava os textos de sua amiga Katharine Mansfield: “Os únicos textos que mais invejei.”.
Quando vejo a vida que levaram Virginia Wollf e Katharine Mansfield fico me perguntando se o sofrimento humano é necessário para os escritores e poetas escreverem grandes obras. Dostoievski e Machado de Assis, por exemplo sofriam de epilepsia, mas até agora a ciência médica não provou conexão.

Arthur Carvalho – Associação Brasileira de Imprensa - ABI

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