Juan Ramón Jiménez

Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1956, Jiménez cresceu em clima literário que dominou a Espanha após a perda das colônias para os EUA

Publicado em 17/07/2024 às 5:00

Detesto avião, e, como o serviço de som anunciou que o voo iria atrasar por três horas, resolvi comprar um livro, embora estivesse em amena e bela companhia de uma artista plástica suíça. Na livraria do aeroporto, depois de muito pesquisar, encontrei, para minha surpresa, o livro de poesia Platero e eu, de Juan Ramón Jiménez, um autor que adoro.

Sabendo ser Jiménez um poeta famoso, mas pouco lido, informo ao leitor que ele nasceu em 24 de dezembro de 1881, em Moguer, Espanha, e morreu em 29 de maio de 1958 em Porto Rico. E recomendo a todos que estão lendo estas linhas que não deixem de ler esse sensível vate.

Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1956, Jiménez cresceu em clima literário que dominou a Espanha após a perda das colônias para os Estados Unidos em 1898. Esses poetas e romancistas se autodeclaravam ser modernistas, e o líder do movimento, Rubén Dario, convidou Jiménez para ir até Madri. Lá, o encorajou a publicar seu primeiro livro de poesia em 1900. No mesmo ano, porém, o pai de Jiménez faleceu, e ele caiu em profunda depressão, que evoluiu para uma doença mental.

Por toda a vida, Jiménez foi um autor profícuo, produzindo às vezes um titulo por ano. Em 1912, mudou-se para Madri, onde trabalhou com a poeta Zenobia Aymar na tradução das obras de Tagore. Os dois se apaixonaram, se casaram em 1916, e, em 1920, ele se tornou reconhecido como líder de uma nova geração de escritores espanhóis. Quem me recomendou Juan Ramón Jiménez foi Mauro Mota, quando eu trabalhava no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco.

Nossa viagem foi tranquila porque daqui pra Salvador não há queda de altitude de avião, como nos voos internacionais, e estávamos a bordo de um Caravelle, que, segundo informações de um piloto, se desligarem seus motores sobrevoando Maceió, ele vem planando até Recife.

Certa vez, fui num Caravelle pro Rio de Janeiro. Quando escalamos no Aeroporto 2 de Julho, Luís Eduardo Magalhães embarcou nada mais, nada menos que Martha Rocha, eterna Miss Brasil. Nunca esqueço seu caminhar da sede do aeroporto até a escada do avião. Para vocês terem uma ideia, o cartunista Jaguar dizia que a única mulher que poderia parar o trânsito no Rio de Janeiro seria ela, Martha Rocha.

Arthur Carvalho – Academia Recifense de Letras

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