Nem todo esquecimento é Alzheimer
Inicialmente, pode parecer um contra-alerta, mas, na verdade, é importante chamar a atenção para outras condições fisiológicas e tratáveis

No Brasil, há, aproximadamente, 1 milhão de pessoas com a doença de Alzheimer, que tem o Setembro Lilás e o dia mundial (21/9) para conscientizar sobre a enfermidade. Todos estão atentos à perda de memória como principal sintoma, mas a maior parte dos pacientes
com esse sinal não possui doença de Alzheimer ou qualquer quadro demencial. A maioria das causas possui cura.
Inicialmente, pode parecer um contra-alerta, mas, na verdade, é importante chamar a atenção para outras condições fisiológicas, como o envelhecimento, e para condições tratáveis, como ansiedade, insônia, falta de rotina, medicações inadequadas, falta de vitaminas e infecções.
No envelhecimento fisiológico, é natural que as capacidades cognitivas tenham declínio, chamando atenção a perda das habilidades operacionais, como a memória de curto prazo, usada para resolver problemas corriqueiros e simples. Essa é a principal memória dos problemas acima citados.
Tendo em vista que os pacientes com Alzheimer possuem comorbidades e geralmente são idosos, frequentemente também possuem esse tipo de memória prejudicada. Mas como diferir o paciente com Alzheimer dos demais?
As principais habilidades perdidas no início do Alzheimer são: percepção de realidade, habilidades visuoespaciais e memória do tipo episódica.
Todo mundo esquece coisas simples, como objetos, dinheiro e a panela no fogo, mas a diferença é a não aceitação disso pelo doente com Alzheimer, acusando outros pelos fatos ou de manipulação. Essa perda da percepção de realidade é precoce na doença e metade dos pacientes com Alzheimer jamais aceitará que estão doentes.
A perda das habilidades visuoespaciais é percebida como dificuldade em se localizar em ambientes conhecidos ou de estacionar veículos. Muitos começam o quadro se perdendo no shopping ou em ruas próximas de casa.
Já a memória episódica é aquela dos acontecimentos, como uma conversa com um amigo, uma festa, consultas ou pessoas recentemente apresentadas. Esse sintoma é um forte marcador de risco para Alzheimer.
Nem todo esquecimento é doença de Alzheimer, mas, independentemente do sintoma, se está prejudicando a funcionalidade do indivíduo, um médico deverá ser acionado, pois na maior parte das vezes a condição é tratável.
Herickssen Medeiros é neurologista dos hospitais Pelópidas Silveira e Dom Helder Câmara, da rede estadual e geridos pela Fundação Gestão Hospitalar Martiniano Fernandes (FGH)