O Novo Ensino Médio e as oportunidades para os jovens

A implementação do novo ensino médio deve estar atrelada diretamente à implantação de políticas públicas que minimizem disparidade entre rede

Publicado em 30/09/2024 às 0:00 | Atualizado em 30/09/2024 às 10:48

O ensino médio é a última etapa da educação básica e representa um marco importante na trajetória escolar dos estudantes e a porta de entrada para o acesso ao ensino superior. Assim, a importância e os desafios do ensino médio são incontestáveis. Entre esses desafios, além da melhoria da aprendizagem e redução do abandono escolar, está a conexão com as juventudes, de modo que os conhecimentos construídos pela humanidade e definidos em um currículo escolar, tenham significado para elas, tornando a escola mais atrativa e geradora de oportunidades.

Após anos de discussão, o novo ensino médio, implementado a partir da Lei 13.415/2027, buscava uma reformulação no currículo desta etapa de ensino. Umas das principais estratégias adotadas foi a flexibilização na formação dos estudantes, refletindo na oferta de oportunidades de escolhas durante o curso e a possibilidade de uma melhor preparação dos jovens para o ensino superior, para o mercado de trabalho e para a vida. Isso tudo aliado à promoção da adaptação da educação às necessidades do mundo contemporâneo e, principalmente, às demandas dos estudantes, proporcionando o desenvolvimento de habilidades ligadas à realidade de vida destes jovens.

O novo ensino médio busca estar mais alinhado a uma formação mais personalizada com os interesses dos jovens, permitindo uma maior autonomia no direcionamento aos projetos de vida e tornando a escola mais atrativa. Sem dúvidas, é uma proposta de ensino médio mais atrativo, pois vai permitir o aprofundamento da aprendizagem em áreas que estes jovens possuem mais identificação.

Em 2023, já durante a implementação do novo ensino médio nas redes de ensino, por diferentes demandas. O Ministério da Educação retomou a discussão sobre o modelo desenhado em 2017, promovendo, em 2024, por meio da Lei 14.405/2024, alterações importantes com relação à carga horária da formação geral básica e dos itinerários formativos, ensino técnico e profissional, como também indicando a necessidade de diretrizes nacionais para os itinerários formativos, entre outras.

Para além das mudanças e aperfeiçoamentos sugeridos à estrutura do novo ensino médio, chamamos atenção para alguns aspectos que estão sendo mantidos e que são de suma importância para que o objetivo inicial de reformulação do ensino médio, de ser mais atrativo para as juventudes, permaneça em evidência: a flexibilização nas trajetórias de estudo, a possibilidade de escolhas por parte dos jovens, o foco no projeto de vida, protagonismo e a maior articulação com o mundo do trabalho.

As mudanças propostas mantêm possibilidades de itinerários formativos nas escolas, escolhidos pelos estudantes, oferecendo diferentes oportunidades de aprofundamento aos jovens nas diferentes áreas de conhecimento. Ao mesmo tempo, durante o ensino médio, a oferta de eletivas garante amplitude maior aos conhecimentos escolares, bem como agregam interesses imediatos dos estudantes, fortalecendo a atratividade da escola. E, por fim, o novo ensino médio proporciona uma possibilidade de articulação com o ensino técnico-profissional.

Sem dúvidas, o Novo Ensino Médio vai causar um impacto bastante significativo na vida dos jovens estudantes, tanto das escolas públicas quanto das escolas privadas. Por ser multifacetada, esta reforma não traz apenas oportunidades, os desafios são grandes. O êxito da implementação da reforma depende de uma atenção mais especial, especialmente para as redes públicas de ensino. A educação no Brasil ainda carrega muitas desigualdades, não apenas sociais, mas também de raça, renda e regionais. A implementação do novo ensino médio deve estar atrelada diretamente à implantação de políticas públicas que minimizem essa disparidade entre redes, garantindo que todos tenham acesso às mesmas oportunidades e para que a educação possa, efetivamente, contribuir com a redução de desigualdades com qualidade social, gerando cada vez mais oportunidades para os jovens.

Fred Amancio, secretário de Educação do Recife

 

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