Capiba vive
Nascido em Surubim, em 28 de outubro de 1904, Lourenço da Fonseca Barbosa é uma das mais importantes expressões da cultura pernambucana
No último dia 28 de outubro, Pernambuco comemorou os 120 anos do nascimento de Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, compositor e um dos principais responsáveis por levar o frevo para o Brasil e para o
mundo. Alguém a quem nós, pernambucanos, devemos de forma permanente – e persistente - ofertar todas as honras e homenagens. Na condução do Governo do Estado, a governadora Raquel Lyra e eu anunciamos, a poucos dias do aniversário, uma reforma de R$ 1,5 milhão na casa onde Capiba morou, no Espinheiro, Zona Norte da nossa capital. Após a reforma, o imóvel, que pertence ao Estado, funcionará como uma unidade do Conservatório Pernambucano de Música, braço da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco
responsável pela educação musical e preservação das nossas tradições rítmicas.
Nascido em Surubim, em 28 de outubro de 1904, Lourenço da Fonseca Barbosa é uma das mais importantes expressões da cultura pernambucana e recifense, tendo deixado um legado inestimável, incluindo mais de 200 composições de frevo, que repetimos alegremente carnaval após carnaval há tantos anos. E assim será por
mais tantos outros. Além do frevo, o artista multifacetado atuou em outras searas, com produções na valsa-canção e atuação importante no Movimento Armorial, por exemplo.
A caminho daquela agenda, me lembrei das vezes em que estive, como parlamentar, visitando o imóvel, marcado até então pelo completo abandono. No lugar onde deveríamos destacar num pedestal esse
mestre do frevo pernambucano, nos deparávamos com lixo, mato e pichações. Há quase três anos, em 1º de dezembro de 2021, escrevi um artigo publicado neste mesmo Jornal do Commercio com o título
“Capiba no esquecimento”. Naquela oportunidade, cobrava ações do Poder Executivo contra o abandono da casa: “Pernambuco espera que Capiba seja logo retirado do esquecimento a que foi submetido, voltando a ter o tratamento devido pelos representantes da coletividade”, escrevi.
Quis o destino que, como “representante da coletividade”, como escrevi, na honrosa função de vice-governadora do Estado, esteja nesse momento contribuindo, a partir da decisão da governadora Raquel Lyra, em tirar Capiba do esquecimento, tornando-o cada vez mais presente através da educação e, sobretudo, da multiplicação doseu legado em cada estudante que passará pela nova unidade do Conservatório. Sem dúvidas, reconhecer e valorizar o nosso patrimônio cultural é uma das responsabilidades mais importantes de quem está à frente do Governo do Estado, garantindo a preservação de quem somos enquanto sociedade para que, sob a luz desse conhecimento, possamos seguir engrandecidos rumo ao futuro.
É dessa forma que, através do investimento garantido da Secretaria de Educação e Esportes, aproximadamente mil e seiscentos estudantes pernambucanos serão beneficiados. Já aprovado, o projeto
arquitetônico prevê adaptar a casa às necessidades do Conservatório, garantindo a integração harmoniosa entre as exigências da instituição de ensino com as características do imóvel. Nos próximos dias, a
licitação e, logo em seguida, a obra, estarão em ação. Atualmente, como acompanhamos na visita, a casa de Capiba está com a manutenção e a segurança em ordem, aguardando o início das
intervenções.
Assim como em relação à casa de Capiba, garantir a restauração e requalificação da nossa história e da nossa cultura é uma diretriz da nossa gestão. Valorizar e recuperar o nosso patrimônio não pode ser destacado apenas no discurso, ocasionalmente vazio: por determinação da governadora Raquel Lyra, essa é uma decisão firme, com efeitos práticos.
Desde a sua posse, há menos de dois anos, uma série de ações de proteção ao nosso riquíssimo e incalculável patrimônio já foi realizada, a exemplo da reabertura do Cinema São Luiz, no Recife, da parceria
com a Universidade Católica de Pernambuco para a restauração do Liceu de Artes e Ofício, das obras do Cine Guarany, em Triunfo, das ordens de serviço para o projeto arquitetônico da Fábrica Tacaruna e
para as obras de restauração da Igreja Matriz de Santo Antônio (Recife) e do Mosteiro de São Bento (Olinda), sem esquecer do prédio histórico do Diário de Pernambuco, também na capital, que se prepara para uma
reforma à altura da sua representatividade.
Voltando a Capiba, no evento em que anunciamos a reforma, tivemos a alegria de contar com a participação da viúva do artista, dona Zezita. Alegre e prestando atenção a cada detalhe da casa onde morou com
seu esposo – o Capiba de todos nós-, garantimos a ela que a partir das ações que o poder público empreenderá ali serão mais um elemento a não permitir que sua história e o seu legado se apagarão – jamais!
Em breve, escutaremos naquela casa da Barão de Itamaracá, de novo, os acordes e as letras de suas canções, como em “Oh Bela!”: “o sorriso da criança/o perfume de uma rosa/o que fica na lembrança” sob a batuta
de futuros músicos de novas gerações. Porque o que é lembrado se perpetua - e Capiba vive, para sempre.
Priscila Krause é vice-governadora do Estado de Pernambuco