O mês da Consciência Negra e a necessidade de um pacto social antirracista
A missão de acabar com o racismo e promover equidade racial só vai ser possível com um pacto social sério envolvendo pessoas e instituições....

Novembro negro é uma nomenclatura amplamente utilizada na atualidade pela referência ao dia 20/11, dia que marca a morte do líder quilombola zumbi dos Palmares simbolizando a importância da luta racial que se estende ao longo do mês. A data alçada a partir deste ano ao patamar de feriado nacional, nos traz uma missão imperativa de refletirmos sobre caminhos para construir uma equidade racial efetiva neste Brasil ainda marcado por tantas desigualdades.
O termo racismo estrutural significa que temos uma lógica equivocada e de inferiorização da raça negra que que está presente em todas as esferas da sociedade originando cruéis episódios discriminatórios e índices que denunciam a dificuldade de acesso a direitos e redução de oportunidades para pessoas negras.
Em um momento de amplo debate sobre formas de combater o racismo, vemos uma sociedade inquieta. Por um lado, temos pessoas, na esfera individual, buscando por letramento racial e repensando falas e posturas, a partir de um senso crítico mais apurado e muito menos tolerante com preconceito. Por outro lado, instituições públicas timidamente se movimentam para promover comprometimento com esta pauta e três grandes exemplos disto são os pactos de equidade racial aos quais os Tribunais de todo Brasil aderiram, a criação atual de um Ministério de Igualdade Racial e o sistema de cotas e políticas de inclusão do sistema OAB.
E as empresas? Importante dizer que estas também devem estar inseridas na missão de combate ao racismo. E o mês de novembro é um momento estratégico para potencializar iniciativas de promoção de equidade racial a exemplo de censos de diversidade para mapear perfis organizacionais e potencializar representatividade dentro do quadro funcional; realização de debates, rodas de diálogo, workshops e treinamentos in company na temática antidiscriminatória; implementação de programas e ações afirmativas que visem reconhecer, visibilizar e promover ascensão de pessoas negras ou mesmo alinhar a imagem da organização como parceira da equidade com apoio e participação em espaços políticos de contribuição social!
No final das contas, a missão de acabar com o racismo e promover equidade racial só vai ser possível com um pacto social sério e efetivo onde todas as pessoas e instituições se comprometam.
Manoela Alves, consultora de Diversidade e Diretora do Instituto Enegrecer