Parágrafos longos

Confira o artigo de Arthur Carvalho, da Associação Brasileira de Imprensa - ABI

Publicado em 24/12/2024 às 13:15
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Eduardo Seixas, sobrinho de Bebé Seixas, é um rapaz educado, inteligente e culto, como não podia deixar de ser. Escreve muito bem, é critico literário, sociólogo e ensaísta.

Poucos conhecem os mistérios e entranhas do Brasil feito ele. Quando morava no Recife conversávamos quase que diariamente pelo telefone o que melhorou meu estilo. Intelectualmente honesto feito o tio Tomás Seixas, sempre franco e direto com suas opiniões sobre meus textos. Achava por exemplo que eu devia evitar certas palavras “beirando o chulo” e por ai vai. Criticando mais do que elogiando o que eu achava bom.

Depois mudou-se para o Rio, e mora em Copacabana. Recentemente, mandou pra meu filho Carlito, um e-mail: “Estou defendendo uma tese sobre A Crítica do Paragrafo Longo. Na 4° coluna até o final do artigo de hoje no JC, Arthur tá bom para comentar sobre... parágrafos gigantes. O do final de hoje é enorme.”

E continua: “ele flui na pena Joyciana de fluxo de ideias, que se sucede. Como tem amplo domínio sobre as letras o texto segue, com pousos de emergências respiratórias, em alguns pontos e virgulas.” E observa: “Mas veja também do estrito ponto de vista da passagem do texto transita-se por várias pequenas cenas, sem concluir nenhuma delas.”

E nota: “Por trabalho longo e daí domínio da arte, pode-se dar esses rasantes, contra a teoria necessária, indispensável, a quem começa. Esse hoje, pensei, Carlito vai entender, o que ando fazendo. A Crítica do Paragrafo Longo, como tese. Aproveite a pedagogia.

Tenho a impressão de que seria bom que os novos acadêmicos da APL que pretendem ser escritores poderiam aproveitar alguma coisa dessas palavras de Seixas. Não tenho nada com isso, mas o mais importante de quem começa a escrever é evitar palavras de mau gosto. Comece passando a vista em Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz.

Dos poetas portugueses, Camões e seguindo na língua mãe, vá ao maior de todos, Antônio de Castro Alves dê um mergulho em Joaquim Cardoso, leia o Congresso dos Ventos e abrace nossos vates, Dirceu Rabelo, Ângelo Monteiro, Alvalcir Raposo, não esqueça de Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, principalmente sua prosa.  Mas não vamos desprezar os grandes compositores brasileiros inclusive os pernambucanos Antônio Maria, Capiba e Luiz Gonzaga.

Arthur Carvalho - Associação Brasileira de Imprensa - ABI

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