UOL - O melhor conteúdo

Roberto Pereira: "A importância dos institutos históricos"

Iniciando a minha vida pública, nomeado pelo então governador de Pernambuco Roberto Magalhães, ocupei a Presidência da Fundarpe (1983/1987)

Publicado em 08/02/2025 às 18:34 | Atualizado em 08/02/2025 às 18:35
Google News

Corria o dia 27/01/1976, quando, para gáudio meu, fui empossado no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), em sessão presidida por José Antônio Gonsalves de Mello e, por feliz coincidência, na mesma noite em que também Reinaldo Carneiro Leão, depois secretário perpétuo do IAHGP, ingressou naquela Casa de defesa e preservação dos valores maiores da nossa pernambucanidade.

Iniciando a minha vida pública, nomeado pelo então governador Roberto Magalhães, ocupei a Presidência da Fundarpe (1983/1987), quando pude realizar as obras de restauração do Arqueológico, já no Governo de Gustavo Krause, e sob o manto da sua decisão e do secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Francisco Bandeira de Mello, devolvemos ao cenário recifense e pernambucano aquele Instituto de relevantes serviços prestados à cultura do nosso Estado.

Qual não foi a minha surpresa, recebo do Arqueológico (presidido, atualmente, pela professora Margarida Cantarelli) o título de sócio benemérito, quando corria o dia 14/02/1987, para, no ano de 1974, por ter promovido, com grande repercussão, para os alunos do Colégio Radier, um Curso de História de Pernambuco e um outro sobre o Sesquicentenário da Confederação do Equador, recebo do IAHGP a medalha Frei Caneca, honraria que muito me distingue.

No ano seguinte, em 1975, ainda promovemos, entre os estudantes do Radier, um concurso que teve por tema o Sesquicentenário da Confederação do Equador, e que teve por vencedor o aluno Cláudio Caneca, autor do livro Typhis 30, sendo ele um tetraneto de frei Caneca.

Tudo isso para externar a minha identidade com os institutos históricos, que são relevantes à preservação da cultura e da história de um povo. Eles também são fontes de pesquisa e contribuem para a formação da identidade nacional.

Pena que os governos, nas suas diferentes esferas de competência, não concedam apoios à sobrevivência dessas entidades, todas sem fins lucrativos.

Não foi à toa a minha iniciativa em também restaurar, pela Fundarpe, dois outros institutos de grande dimensão histórica em nosso Estado: o de Olinda e o de Vitória de Santo Antão.

Aprendi, logo cedo, a admirar todos, começando pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), fundado em 1838. Aquele Instituto é um admirável centro de estudos e pesquisas que tem como finalidade preservar a cultura nacional. O IHGB coleta, arquiva e divulga documentos sobre a História e Geografia do Brasil.

Aqui no Brasil, os institutos históricos e geográficos assumem grande relevância na preservação e nos estudos e pesquisas das memórias e das culturas locais e regionais e vários deles envidam esforços à consecução de publicações, arquivos, bibliotecas e museus abertos ao público (físicos e/ou virtuais), somando-se às escolas, às universidades e a outras entidades artístico-culturais.

Fundado no dia 8 de setembro de 1870, ainda na época do Brasil Imperial, o Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico de Goiana (IHAGGO) foi o quarto instituto histórico criado no Brasil, o segundo em Pernambuco, e é considerado o primeiro em nível municipal do País.

“Estávamos no Império, dezenove anos antes da Proclamação da República, Goiana era o maior centro comercial da Província, depois do Recife”, conta Harlan Gadelha, presidente do IHAGGO desde 2015, grande líder de uma equipe de associados inteligentes e incansáveis na luta pela preservação das tradições históricas e culturais, geográficas e arqueológicas, sempre pugnando pela defesa cultural da Terra dos Caboclinhos.

Goiana deve ao seu Instituto Histórico a escuta democrática junto ao seu povo para a escolha de sua Data Magna, no caso, 29 de agosto, numa reverência à Junta de Goiana, no ano do seu bicentenário, 2021, que se antecipou à Convenção de Beberibe, 05/10/1821, que tornou Pernambuco autônomo 11 meses antes da nossa Independência Nacional.

No ano seguinte, eis o IHAGGO à frente das celebrações do bicentenário da Independência do Brasil, e, em 2024, do bicentenário da Confederação do Equador, em conjunto com a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Cultural daquele município, o Convento do Carmo e a Maçonaria, para, neste ano, rememorar os 200 anos do arcabuzamento de frei Caneca (vitimado no dia 13/01/1825), inaugurando, na Pça do Carmo, em Goiana, no dia 13/02, às 9h, o busto de Frei Caneca, uma escultura do artesão goianense, Mestre Edilson Oliveira,

Por igual, o incentivo ao grupo das Heroínas de Tejucupapo, inclusive no reconhecimento de Patrimônio Vivo de Pernambuco, eis Harlan Gadelha lutando o bom combate da preservação da cultura de Goiana e de Pernambuco. Por igual, a iniciativa de reconhecer a Procissão da Lenha, de São Lourenço, distrito goianense, como Patrimônio Imaterial de Pernambuco.

O nosso Estado, atualmente, tem 31 institutos históricos, que estão enlaçados na chamada Rede de Institutos Históricos de Pernambuco (RIHPE), presidida por Harlan, na companhia dos diretores Cláudia Pinto, Anne Alves e Flávio Torres. Bela e fecunda iniciativa, consagrando o associativismo entre congêneres, que tanto estão fazendo pela cultuação dos nossos valores históricos e culturais

Nesses Institutos, testemunhas do tempo social, jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta pelos ideais democráticos de liberdade.

Roberto Pereira foi secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco e é membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.

Tags

Autor

EDIÇÃO DO JORNAL

capa edição

Confira a Edição completa do Jornal de hoje em apenas um clique

LEIA GRÁTIS

NEWSLETTER

Faça o cadastro gratuito e receba o melhor conteúdo do JC no seu e-mail

ASSINE GRÁTIS

Webstories

Últimas

VER MAIS