Arthur Carvalho: OU ME CONSAGRO OU ME LIQUIDO
Nilton Santos, a Enciclopédia do futebol, disse que jogar futebol é fácil: "Até eu joguei." E acrescentou: "Quero ver jogar é como Zizinho jogou!"

Não tenho Google. Assim, o que vou contar aqui está sujeito às falhas de minha memória, a partir de 1942.
Sobre Zizinho. Perguntado como é jogar futebol, Nilton Santos a Enciclopédia do futebol disse que jogar futebol é fácil: “Até eu joguei.”
E acrescentou: “Quero ver jogar é como Zizinho jogou!” Perguntado com era Zizinho, meio-campista do Bangu, Flamengo, São Paulo e Seleção Brasileira Gerson, o Canhotinha de Ouro, respondeu: “Gênio não se explica!” Comentando um jogo Brasil x Paraguai no Maracanã, Nelson Rodrigues escreveu em sua crônica semanal de O Globo: “O Brasil começou a ganhar quando os alto-falantes do Maracanã anunciaram que Zizinho iria entrar em campo.”
Numa mesa redonda na Tv Globo Zagalo defendeu sua tese sobre um lance do Flamengo afirmando que o taipe comprovava suas palavras, ao que Nelson Rodrigues rebateu: “O taipe é burro.”
Zizinho no São Paulo
Quando o Mestre Ziza foi pro São Paulo, já veterano, o tricolor paulista tinha um time espetacular. Craques como Poy, De Sordi, Mauro Ramos, Gino, Dino, Maurinho, Canhoteiro. No primeiro treino ele se reuniu no grande círculo, com todos os cobras sãopaulinos e comunicou: “De hoje em diante quem manda aqui sou eu.
A turma olhou para o capitão Dino, grande volante, e Dino concordou: “É ele mesmo!” E o tricolor foi campeão, com uma ala esquerda lendária: Zizinho e Canhoteiro.
O ícone rebelde
O extraordinário centroavante Heleno de Freitas tirou a camisa no treino do Vasco em 1949, sacodiu nos peitos do treinador Flávio Costa, apelidado de Alicate relembrando seu tempo de half medíocre e caceteiro, e desabafou: “Vou sair daqui porque tô perdendo tempo - Alfredo não me passa pois não sabe, e Maneca não me passa porque não quer.”
O juvenil do Sport de 1955 acabara de ganhar do campeão alagoano juvenil por 2x0 à noite na Ilha do Retiro, na preliminar de Sport x Vasco.
Estou descalçando os meiões e chuteiras, senta-se ao meu lado o ponta de lança gaúcho Naninho, comprado ao Bahia e que seria campeão daquele ano pelo rubro-negro, treinado por Gentil Cardoso: (Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e Géo, ou Eliézer.)
Sem nada perguntá-lo, Naninho desabafa: “Adoro a Bahia mas quero jogar no Sport e devo estrear bem hoje. E filosofa uma frase que eu nunca esqueceria e levaria comigo nos momentos mais importantes de minha vida: “Hoje, ou me consagro ou me liquido!” E ele se consagrou.
Arthur Carvalho – Associação da Imprensa de Pernambuco - AIP