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Temperatura recorde é novo alerta

Confirmação de que 2023 foi o ano mais quente na história do planeta retoma a pauta do risco climático que já estaria presente

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JC

Publicado em 10/01/2024 às 0:00
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Cientistas do Copernicus, serviço de mudanças climáticas da União Europeia, confirmaram oficialmente, esta semana, que 2023 foi o ano mais quente já registrado, com temperatura média 1,48º Celsius acima da época em que os combustíveis fósseis não eram utilizados em larga escala. Trata-se do limite estimado pelos estudiosos do clima, pois efeitos climáticos mais graves do que já estamos experimentando poderiam advir de uma temperatura média global acima de 1,5º Celsius da era pré-industrial. Nessa perspectiva, a biosfera como a conhecemos pode ser drasticamente alterada, com o aquecimento da superfície terrestre, ameaçando habitats de todas as espécies, de todos os continentes, nos polos e nos oceanos.
As principais consequências que se fazem perceber incluem fenômenos climáticos extremos, como chuvas torrenciais e secas violentas e prolongadas, a elevação do nível dos mares ameaçando regiões costeiras e ilhas inteiras, e o derretimento ainda maior e mais veloz das geleiras, cuja ocorrência atualmente já desperta a preocupação a respeito das mudanças em curso – a temperatura nos oceanos afeta as correntes marinhas, regula ciclos vitais e até o regime de chuvas. As ondas de calor e de frio não são apenas períodos incômodos para a humanidade. Podem incidir sobre diversas espécies animais e vegetais, desregulando as condições de abrigo da vida, desencadeando doenças e ampliando os riscos de extinção.
Pelas medições do Copernicus, todos os meses de junho a dezembro do ano passado foram os mais quentes desde 1850. Essa tendência é assustadora quando se vislumbra, para 2024, um ano tão quente – ou mais – que 2023. E quando tomamos os tímidos resultados dos encontros de cúpula sobre as mudanças climáticas nas últimas décadas, inclusive o mais recente, em Dubai, onde o documento final omitiu a eliminação da base energética do petróleo como meta a ser alcançada num futuro próximo, como forma de reduzir o risco climático. O gradualismo na transição energética para fontes não poluentes vai cada vez mais despontando como uma derrota, não apenas da diplomacia científica e ambientalista, mas da viabilidade de interrupção de transformações estruturais que podem estar em curso em nosso planeta.
O eventual fracasso de negociações globais lança a responsabilidade para atitudes individuais e medidas de menor alcance, mas que, em conjunto, trazem alguma esperança de reversão dos efeitos da temperatura mais alta. Cresce a importância da conscientização de cada um, da mobilização local e das escolhas e decisões de gestores municipais e estaduais, no caso brasileiro, por exemplo. Já que os líderes dos países não chegam a um consenso, cabe aos que detêm algum poder a iniciativa a ser multiplicada e difundida, em busca de um novo modelo civilizatório a ser seguido. A adoção da energia limpa e seu estímulo são cruciais, neste momento. Mas também, o financiamento de medidas preventivas e de adaptação ao mundo que vem por aí.

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