DESEMPREGO CONTÍNUO

Milhões de oportunidades em falta

Alta demanda por trabalho e renda no Brasil requer melhores políticas de inclusão, educação, qualificação e geração de negócios

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JC

Publicado em 18/05/2024 às 0:00
Notícia

Novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, reforçam a necessidade de ampliação e aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento social, que rebatem na economia e retornam para a melhoria da qualidade de vida coletiva. Embora os dados indiquem a redução do desemprego, a velocidade da recuperação persiste muito aquém das demandas por oportunidades – o que significa, na prática, a continuidade da desocupação e da baixa renda para milhões de brasileiros e suas famílias. Além disso, a tendência apontada de recuperação dos empregos não leva em conta o dado novo da realidade nacional: os impactos ainda desconhecidos da falência de um estado inteiro. O Rio Grande do Sul deve levar anos para se reerguer, com a população vulnerabilizada e a estrutura econômica comprometida, sem que seja possível ainda discernir as consequências desse quadro para todo o País.
Segundo o levantamento oficial, quase 2 milhões de brasileiros estavam desempregados há dois anos ou mais, no primeiro trimestre deste ano. A soma dos que buscavam trabalho há pelo menos um ano era de 2,8 milhões, e quase 4 milhões estavam desempregados há mais de um mês, e menos de um ano. Os que procuravam ocupação há menos de um mês totalizaram 1,7 milhão. Os números são ligeiramente melhores do que no início de 2023, mas seguem revelando o desafio de abrir caminhos para o aproveitamento do pleno potencial de trabalho na economia. Objetivo que depende de ações diversificadas, que não se restringem ao âmbito econômico. Como sinalizam as trajetórias de outros países, tais caminhos podem surgir com maior brevidade a partir de investimentos maciços em educação e formação dos profissionais requisitados pelo mercado.
O que não será fácil com parte da nação atravessando uma espécie de pandemia regional. De acordo com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, 90% das fábricas no estado sofrem prejuízos em decorrência dos alagamentos provocados pelas chuvas – que continuam a cair. Ministro do Desenvolvimento, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou que o governo federal pretende lançar medidas específicas para amparar o setor industrial gaúcho, como a oferta de um volume diferenciado de crédito em condições adequadas ao cronograma de recuperação. Até que as águas baixem, os estragos sejam contabilizados e a normalidade seja retomada, no entanto, milhares de empregos e valiosas receitas podem ser perdidos, para o estado e para o país.
No cenário nacional, os obstáculos estruturais ainda não encontraram soluções capazes de dar dinâmica a um ciclo de crescimento sustentável. Sem educação de base consistente para a maioria da população, ou formação profissionalizante em quantidade e variedade necessárias, muitos cidadãos nem se preparam para o mercado de trabalho, nem para buscar a chance de transformar sonhos em bons negócios. O foco no empreendedorismo, bem como o dever da educação, se mantêm como as melhores alternativas para a criação de oportunidades que ainda estão em falta.

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