Os frutos do trabalho
Desempenho do estado na geração de empregos é sinal positivo para a economia, que precisa crescer acima do Nordeste e do Brasil para se recuperar
A divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) trouxe uma ótima notícia para os pernambucanos. Acostumados a figurar entre os piores indicadores econômicos e sociais do país, os cidadãos podem celebrar desta vez a terceira posição na geração de empregos no país, atrás apenas dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro – portanto, o melhor desempenho do Nordeste, e das demais unidades da federação de fora do Sudeste. As mais de 18 mil novas carteiras de trabalho assinadas representaram em agosto o quarto mês consecutivo de saldo positivo no estado, e o sétimo para os oito primeiros meses do ano de 2024. Uma clara tendência de recuperação que acompanha, sim, a conjuntura nacional, mas revela o potencial de crescimento que se encontrava represado nos últimos anos.
Val registrar que a taxa de desemprego no Brasil foi de 6,6% no trimestre encerrado em agosto, a menor para o período em 12 anos. A quantidade de 7,3 milhões de brasileiros desocupados é a menor desde janeiro de 2015. E o total de trabalhadores chegou a 102,5 milhões, em novo patamar recorde, dos quais mais de 38 milhões com carteira assinada no setor privado. São estatísticas animadoras, que estimulam o investimento e o empreendedorismo, abrem a possibilidade de ampliação de arrecadação pelo setor público, e fazem do final do ano, período tradicionalmente aquecido, um horizonte promissor para os cidadãos.
Se isso se dá a nível nacional, o destaque de Pernambuco é ainda mais alvissareiro. No acumulado do ano, foram criados 43,5 mil novos postos de trabalho no estado. Desde janeiro do ano passado, o saldo positivo se aproxima de 100 mil empregos gerados. Trata-se de um resultado digno de nota, que não se pode menosprezar. Embora a gestão pública, sozinha, não seja capaz de transformar a realidade, a governadora Raquel Lyra tem razão ao afirmar que “o emprego é transformador e é o caminho efetivo e direto para combater desigualdades, gerar renda e se multiplica em muitas outras consequências positivas”. Quando estimula na disse certa, e não atrapalha com o peso do Estado burocrático e regulador, o poder público pode orientar e liderar um processo de crescimento que se reflete num ciclo de prosperidade e desenvolvimento sustentável. É o que parece despontar em Pernambuco, e no que a população torce para acontecer.
A consistência do crescimento da economia deve ser confirmado pela continuidade da tendência favorável ao empreendedorismo, aos grandes investimentos e à abertura de oportunidades. Os bons números hão de ser fatores de permanência no rumo da retomada, que também se apresenta como corrida de retardatário: precisamos crescer mais do que os outros, porque perdemos muito nos últimos anos. Portanto, antes de celebrar, temos que trabalhar mais, para multiplicar os frutos colhidos pelo esforço coletivo.