Opinião do JC: Vitória da democracia no debate do SJCC
Debate de alto nível entre candidatos no Recife dá exemplo de civilidade e foco no interesse público, com críticas e propostas para a cidade
Depois dos péssimos exemplos dos debates entre os candidatos na maior cidade do País, a prova de civilidade e de atenção aos temas do Recife, no encontro promovido pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) na última terça-feira, configurou bom exemplo da capital dos pernambucanos para o país inteiro.
Sem grandes momentos de tensão, embora não tenham faltado críticas, predominou o respeito de cada um aos demais, numa demonstração do diálogo que precisa ser a essência do processo democrático, notadamente durante as campanhas que existem para a troca de ideias e a comparação de abordagens e de trajetórias pessoais, pelos cidadãos que vão começar a decidir o rumo municipal no próximo domingo, no primeiro turno da eleição.
O formato do debate estimulou a interação entre as candidaturas, de maneira relacionada a questões que concernem aos recifenses, da saúde e infraestrutura à mobilidade e gestão metropolitana. Tendo por base os temas abordados no caderno especial do SJCC sobre os desafios da próxima gestão, os participantes puderam fazer perguntas entre si, com direito a réplicas e tréplicas, com o mesmo tempo de respostas. Apesar da exaltação planejada de alguns, os ataques foram limitados a questões políticas e administrativas, sem agressões verbais diretas de um concorrente a outro.
Dani Portela, Daniel Coelho, Gilson Machado, João Campos e Técio Teles tiveram a oportunidade de se defrontar com transparência, visando a conquista do voto da maioria do eleitorado. De fazer críticas e alusões aos demais, bem como aos grupos políticos que representam, e de se defender das críticas dos outros.
Não por acaso, como era de se esperar, o prefeito João Campos, que busca a reeleição, foi o mais mencionado, por estar há quase quatro anos no poder, e seu partido, há quase 12 anos. Mas em nenhum instante as referências entre os candidatos descambaram para o baixo nível, ou para a rasa agressividade. Os recifenses puderam acompanhar um debate sem bate-boca, que certamente contribuiu para a escolha do voto.
Além da chance de conhecer melhor as alternativas disponíveis na urna eletrônica, a população também pôde constatar a continuidade dos problemas crônicos que vêm de várias gestões anteriores, sem que tenham sido superados.
A menção a tais problemas – como a falta de transporte de qualidade, a miséria nas ruas e a demanda mal atendida na saúde, para citar apenas esses – trouxe, na diferença das propostas e das falas, a possibilidade para que o eleitor e a eleitora reflitam sobre o caminho adequado a se tomar.
O importante é que, assim como os políticos, o povo tenha consciência do que é preciso ser feito. E que o eleito ou eleita carregue a responsabilidade das ações prioritárias, sem protelações que agravam os problemas entre uma eleição e outra.
O SJCC cumpre o seu papel, ao convidar e acolher a democracia, com imparcialidade e fé na capacidade de transformação política que traz no voto o seu fundamento.
Confira como foi o debate com os candidatos à Prefeitura do Recife