Debate SJCC: Veja como foi o debate para prefeito do Recife

Debate do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação teve presença de Dani Portela, Daniel Coelho, Gilson Machado, João Campos e Técio Teles

Publicado em 01/10/2024 às 20:02 | Atualizado em 01/10/2024 às 21:16

O debate realizado pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação com os candidatos à prefeitura do Recife foi marcado por questionamentos ao prefeito João Campos (PSB), mas também pela civilidade entre os postulantes, que apresentaram críticas e propostas de forma clara para os eleitores.

O encontro foi realizado na noite desta terça-feira (1º) e teve mediação da jornalista Anne Barretto. Assista na íntegra abaixo.

No primeiro bloco, os candidatos fizeram perguntas com tema livre entre si. Gilson Machado (PL) iniciou a rodada questionando João Campos sobre as denúncias envolvendo as creches municipais, tema que norteou a campanha do candidato do PL. Ele mencionou a auditoria do Tribunal de Contas do Estado e as punições sofridas na Justiça Eleitoral, destacando que “calaram” seu guia eleitoral por falar sobre o tema.

João, por sua vez, se defendeu enfatizando que Gilson foi punido 313 vezes pela Justiça Eleitoral e que isso representa o maior volume de punições a um candidato em todas as capitais nacionais no pleito atual. O atual prefeito afirmou que Gilson usa de “informação falsa” e que deseja “enganar as pessoas”.

Em seguida, João Campos questionou Técio Teles (Novo) sobre as propostas para as áreas de drenagem e obras de infraestrutura. O atual prefeito afirmou que a drenagem é um problema crônico que a cidade enfrenta há décadas

Tecio Teles criticou o PSB na sua resposta. “É importante destacar que seu governo está na prefeitura há 12 anos, quando junta com PT, são 24 anos”, afirmou.

Daniel Coelho (PSD), em pergunta a Gilson Machado, também proferiu críticas ao prefeito João Campos. Ele disse que “nesses últimos 12 anos, Recife se tornou a capital mais desigual do Brasil".

Gilson respondeu dizendo que a primeira coisa que deve ser feita é “demitir o prefeito atual”, e afirmou que a cidade está em estado de “walking dead”, fazendo alusão à série cuja temática é de mortos-vivos.

Três direitos de resposta foram solicitados durante o debate, sendo dois por Gilson Machado e um, por Dani Portela. Todos foram negados pela organização.

Desafios do Recife

No segundo bloco do debate, os candidatos fizeram perguntas entre si usando temas sorteados pela mediadora. Os assuntos fazem parte do especial Desafios do Recife, do Jornal do Commercio, que reúne as principais pautas que serão de responsabilidade do prefeito eleito a partir de 2025.

Saneamento

Daniel Coelho foi o primeiro a perguntar e escolheu João Campos para falar sobre saneamento. O ex-secretário do governo disse que o governo PSB derrubou o Recife para a 76ª posição no ranking do saneamento no país.

O prefeito se defendeu afirmando que investiu R$ 250 milhões em obras no segmento, além de fazer trabalhos sociais de saneamento. Daniel Coelho rebateu dizendo que João tergiversou e que o PSB estaria há 12 anos no poder e "não fizeram nada".

João usou a tréplica para criticar o candidato do PSD por uma "falta de propostas".

Emprego

João Campos questionou a Gilson Machado quais seriam suas propostas para gerar emprego no Recife usando tecnologia.

O candidato do PL usou o espaço para criticar a gestão do PSB, afirmando que João “não fez mais que a obrigação”. Ele completou dizendo que a cidade tem 15% de desempregados. “O prefeito que está aqui do meu lado falhou, ele transformou o Recife na capital do desemprego”, disparou.

Na réplica, João afirmou que Gilson não trouxe propostas e que falou mal do Recife por diversas vezes, emendando com trabalhos realizados em sua gestão à frente da prefeitura.

Armamento da Guarda Municipal

Após Anne Barreto sortear o tema “armamento da Guarda Municipal”, Gilson Machado perguntou qual seria o projeto de Tecio Teles para esses profissionais.

“Temos 1.700 homens e mulheres que compõem a guarda. Vamos criar a Academia da Guarda Municipal para treinar os atuais guardas e futuros”, disse o candidato do partido Novo. “É interessante que, após a gente propor, todos, exceto Dani Portela, estão propondo, mas isso tem que ser feito de forma inteligente”, acrescentou.

Na réplica, Gilson afirmou que também pretende qualificar a guarda, mas que não seria preciso criar uma academia. Ele propõe a utilização da academia da Polícia Militar, em convênio com o governo estadual.

Gestão Metropolitana

Seguindo com os embates diretos, Tecio Teles escolheu Dani Portela para responder quais as propostas a respeito da Gestão Metropolitana. A psolista disse que pretende priorizar as áreas descobertas, em que o Recife faz limite com outros municípios.

“Em Passarinho, por exemplo, tem dificuldade de acessar escola, posto de saúde. Vamos voltar políticas para essas áreas para que nenhuma mãe deixa de matricular seu filho na escola ou acessar um posto de saúde por causa do endereço”, defendeu Dani.

Tecio replicou falando sobre o trânsito. “Hoje o que a gente percebe é uma terceirização do que é complexo resolver. A mobilidade, quando o calo aperta, logo se terceiriza para o Grande Recife, dizendo que é responsabilidade do Governo do Estado, e quando é o metrô, é o Governo Federal. Falta liderança para resolver os problemas de quem mais precisa”, atacou.

Saúde

Dani Portela encerrou a rodada de perguntas provocando Daniel Coelho sobre as parcerias público privadas na área da saúde. Ela afirmou que o modelo adotado pela prefeitura na Educação é abaixo do esperado e perguntou se essa seria a solução para os problemas da saúde.

“Não tem um elemento que diga que onde há PPP, o resultado é inferior. O problema não está aí. Na questão da saúde, foram as UPAS que deixaram de ser 24 horas no período do PSB, é ter um em cada recifense em área descoberta”, afirmou Daniel.

Dani replicou criticando a privatização da saúde. “Me surpreende que o senhor defenda o mesmo modelo do PSB. A gente defende o SUS, coisas que sejam 100% públicas, por isso vamos investir em parceria com o governo Lula”, disse Dani.

Considerações finais

O terceiro bloco foi destinado às considerações finais dos candidatos. Veja as declarações na íntegra abaixo, de acordo com a ordem definida por sorteio.

Daniel Coelho

Sou pai de Lucas e Helena, pai solo, amo essa cidade, Vivo a cidade do Recife intensamente. Como vereador do Recife, fui autor das primeiras leis sobre educação ambiental, proteção do meio ambiente e proteção dos animais. Como deputado federal, fui escolhido o melhor parlamentar daquela legislatura. Oito anos como deputado federal, em seis deles, fui escolhido o melhor parlamentar do estado de Pernambuco. Tudo que fiz foi com dedicação e muito amor, dando resultados, mudando a vida das pessoas com realizações e obras que a gente conseguiu. Nesse momento, peço um voto de confiança. Eles já tiveram a chance. Governam o Recife há 12 anos e não conseguiram resolver os problemas crônicos da cidade. É só maquiagem, só filtro, uma máscara, mostrando um Recife irreal na propaganda. O que a gente quer é um Recife mais justo, nos dê uma chance pela mudança.

Dani Portela

Vocês vão me ouvir muitas vezes a palavra desigualdade. Mas desigualdade podia ser o rosto de uma mulher. Uma mulher que acorda das 4 horas da manhã, pega um ônibus de péssima qualidade, deixa seu filho geralmente com sua mãe para trabalhar, volta e acumula afazeres na sua casa. Nunca essa cidade foi governada por uma mulher. É importante a gente trazer a maioria para o centro da política. Nós temos um lado, estamos aqui representando a esquerda dessa cidade. Não vamos abandonar as bandeiras dessa cidade. A gente não precisa do voto da direita, bolsonarista. O bolsonarismo está aí e a gente precisa varrer de uma vez por toda da história A eleição de 2024 é antessala da eleição de 2026. Vamos espalhar essa flor que eu trago na cabeça.

João Campos

Gostaria de agradecer quem nos acompanhou ao longo dessa caminhada. Tenho uma alegria muito grande de cuidar do Recife. Faço isso com alegria, com sorriso no rosto, ouvindo as pessoas. Governei esses quase quatro anos na rua, com presença, cuidado, vendo aquilo que precisa ser feito. Vamos inaugurar o Hospital da Criança, expandir os centros TEA, fazer novas pontes assim como nós já inauguramos a ponte do Monteiro. Vamos fazer a ponte Areias-Imbiribeira, ponte Cordeiro-Casa Forte, cuidando das pessoas do Recife, com trabalho, seriedade, fazendo campanha propositiva, por isso queria pedir seu voto.

Gilson Machado

Quero falar com você, que vive no Recife real. O Recife do povo não é o Recife de João. O Recife do povo é o Recife do povo que está sofrendo. Quero falar com você, conservador que está me vendo, que não foi votar no segundo turno em 2020. João, foram 500 mil conservadores que não votaram no segundo de 2020, mais de 40%, e agora têm em quem votar. Tu [João] não está dormindo direito com isso aí. Esse pessoal vai botar a camisa verde e amarela e confirmar o 22 no dia 6. A quem interessa acabar agora, num “abafa” no primeiro turno? Se vocês querem um segundo turno, comprar pipoca, ir para casa, ajeitar a televisão e assistir ao debate do Recife… porque só vimos debate de São Paulo. Peço seu voto.

Tecio Teles

Queria dizer que, na democracia, independente de pesquisa eleitoral, a gente precisa ter oposição. A minha candidatura é independente, que vem desde o início sendo propositiva, colocando ideias, apresentando soluções para a cidade do Recife. Independente de pesquisa, a gente não pode permitir que o Recife se torne uma capitania hereditária, onde um único grupo político que está aí no poder há mais de 24 anos, do PT e PSB, acabe com nossa cidade. Reafirmo que nossa candidatura está colocada no campo da direita. Liberal na economia, mas uma direita lúcida, capaz de apresentar proposta. A gente não pode se permitir ser governado por esse único grupo. Eu defendo que a gente possa fazer uma gestão eficiente, pautada no empreendedorismo, na geração de emprego. Temos uma chapa de vereadores completa e no dia das eleições, estamos a cinco dias da eleição, peço seu voto.

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