Qualificação para a indústria

A estimativa da demanda por 14 milhões de postos de trabalho qualificados nos próximos três anos lança um desafio para os brasileiros

Publicado em 15/10/2024 às 0:00

O Mapa do Trabalho Industrial para o período de 2025 a 2027 foi apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na última sexta-feira. O documento projeta a necessidade de formação de 2,2 milhões de novos especialistas em variadas áreas, e a requalificação profissional para 11,8 milhões de brasileiros em atuação no mercado de trabalho. A demanda se insere na perspectiva do desenvolvimento nacional no setor industrial para os próximos anos, lançando para os governos e para as empresas e organizações não governamentais o desafio da profissionalização qualificada para a competitividade, tanto para o ambiente interno quanto para os negócios no cenário global.
Para Anaely Machado, coordenadora do estudo, a conjuntura pós-pandemia favorece ao crescimento econômico do Brasil de maneira contínua, embora ainda se aguarde uma aceleração advinda de reformas estruturais, como a tributária. A estimativa apontada pela CNI se baseia num crescimento de pouco menos de 2% ao ano no Produto Interno Bruto (PIB) do período em foco. Ou seja, mesmo crescendo a níveis modestos, a necessidade para os recursos humanos será considerável, para a renovação dos quadros e a atualização do conhecimento e das práticas na indústria. No mesmo Mapa, a previsão é de abertura de cerca de 600 mil empregos até 2027 no setor.
A requalificação constante ao longo da carreira de qualquer profissional já vem sendo solicitada da maioria dos trabalhadores há alguns anos. Mas a tendência é que essa demanda aumente, com a implantação de processos inovadores e a redefinição de atribuições, por exemplo, a partir da incorporação da tecnologia com Inteligência Artificial (IA) em vários ramos de atividades humanas. As mais afetadas pela projeção da CNI são as de logística e transporte, construção e operação industrial. Apenas para ficar nos três casos, segmentos importantes para a economia nacional, regional e local – onde entra o planejamento e a capacidade mobilizadora da gestão pública, em todos os níveis, a fim de acompanhar as demandas indicadas.
A conectividade tecnológica das cadeias produtivas pede cada vez mais soluções de logística e transporte, segundo a coordenadora do Mapa, e isso amplia a necessidade de profissionais qualificados. O documento deve servir como orientação para os investimentos em mão de obra, no âmbito do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), assim como para a leitura e proveito dos governos em todo o país. O diagnóstico realizado é pertinente e oportuno, em especial, quando prefeitos eleitos e reeleitos miram no horizonte do mandato com início em janeiro do ano que vem. O emprego também é uma questão essencial para a população das cidades, e não se retira da responsabilidade da gestão pública municipal.
O atendimento a essa qualificação do trabalho, por sua vez, pode ser um impulso para a qualificação do crescimento econômico, gerando mais oportunidades através da ampliação do mercado. Mais uma evidência da urgência para a priorização da educação – formação de base – e da estruturação de um ambiente de negócios movido pela aplicação do conhecimento.

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