Saúde

Recepção da emergência do Hospital da Restauração, no Recife, é esvaziada por causa do novo coronavírus

A circulação no local agora só é permitida para os profissionais de saúde

Mayra Cavalcanti
Cadastrado por
Mayra Cavalcanti
Publicado em 19/03/2020 às 10:28 | Atualizado em 19/03/2020 às 17:30

*Com informações da repórter Lilian Fonseca, da TV Jornal

Mais uma medida foi tomada por causa da pandemia causada pelo novo coronavírus. Desta vez, no Hospital da Restauração (HR), que fica no bairro do Derby, na área Central do Recife. Na noite dessa quarta-feira (18), a recepção da emergência da unidade foi esvaziada e os acompanhantes foram retirados do espaço, que está vazio. A circulação no local agora só é permitida para os profissionais de saúde. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a restrição ocorreu seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde (SES), para evitar a aglomeração de pessoas.

Ouça o novo episódio do podcast O Fato É...

 

O problema é que muitos que ficavam no espaço vieram do interior do Estado e não têm condições financeiras de fazer o deslocamento entre as cidades e a capital todos os dias. É o caso do pedreiro Manoel Almeida, que veio do município de Araripina, no Sertão de Pernambuco, que fica a 690 quilômetros do Recife. O irmão dele está internado com queimaduras e ele não tem onde ficar. "Não disseram nada, só botaram a gente para fora. Passei a noite todinha em pé. Disseram que não podia amontoar ninguém. Para ir a voltar todo dia de Araripina eu não tenho condições. Nem se fosse de 15 em 15 dias, também não teria como. Sobre a visita, até agora, não falaram nada", afirma em entrevista à TV Jornal.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Movimentação no Hospital da Restauração devido a pandemia do Coronavírus. Recepção da emergência de trauma do HR vazia - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Movimentação no Hospital da Restauração devido a pandemia do Coronavírus. Recepção da emergência de trauma do HR vazia - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Movimentação no Hospital da Restauração devido a pandemia do Coronavírus. Recepção da emergência de trauma do HR vazia - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Movimentação no Hospital da Restauração devido a pandemia do Coronavírus. Recepção da emergência de trauma do HR vazia - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Movimentação no Hospital da Restauração devido a pandemia do Coronavírus. Recepção da emergência de trauma do HR vazia - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
A recepção da Unidade de Trauma do Hospital Restauração vazio por conta do coronavírus. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
A recepção da Unidade de Trauma do Hospital Restauração vazio por conta do coronavírus. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

O desempregado Marcos Antônio Ramos estava há 14 dias na recepção do HR acompanhando o seu primo, que sofreu um acidente de moto. O rapaz é da cidade de Afogados da Ingazeira, também no Sertão de Pernambuco, que fica a, aproximadamente, 400 quilômetros de distância do Recife. Ele conta que está "de mãos atadas" e que está difícil conseguir informações sobre o seu primo. "Antes era ruim, ontem foi pior. Porque a gente ficava lá, pelo menos na recepção com um colchãozinho, um cantinho. Já não era o ideal, teria que ter um local para a gente ficar. A assistente social não conseguiu falar com os municípios, para conseguir as casas de apoio. Não tem nem como (ir e voltar), são seis horas de viagem, imagina o custo", completa Marco Antônio.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da unidade, outras medidas foram tomadas para evitar a propagação do novo coronavírus, como o adiamento de palestras e cursos que são realizados no auditório. Além disso, também foram suspensas as atividades dos Doutores da Alegria, que vão ao hospital três vezes por semana em condições normais. A assessoria ressalta que os pacientes internados na enfermaria do hospital seguem com acompanhantes e, até o momento, as visitas estão mantidas.

Calamidade pública no Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, na noite desta quarta-feira (18) o projeto enviado pelo do Poder Executivo que decreta estado de calamidade pública no Brasil em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Após a aprovação, o texto ainda precisa passar pelo Senado onde precisa de pelo menos 41 votos. A votação não tem data para acontecer. Somente depois da aprovação nas duas casas legislativas e posterior sanção presidencial é que o decreto, com validade até o final do ano, entra em vigor. A declaração de estado de calamidade pública é uma medida inédita em nível federal.

O que é o novo coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, após casos registrados na China. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como ocorre a transmissão do novo coronavírus?

De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:

  • Gotículas de saliva
  • Espirro
  • Tosse
  • Catarro
  • Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão
  • Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos
  • O período médio de incubação por coronavírus é de 5 dias, com intervalos que chegam a 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes
  • Ficar em casa quando estiver doente
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção)
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Veja o mapa que mostra como o novo coronavírus tem se espalhado pelo mundo

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

Comentários

Últimas notícias