A dona de casa Joselma Quitéria da Silva, de 43 anos, que estava internada no Recife após se queimar com álcool morreu, na madrugada desta quarta-feira (25), no Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, na área Central da capital pernambucana. A mulher deu entrada na unidade na última segunda-feira (23), depois de sofrer queimaduras em decorrência do uso do álcool. De acordo com vizinhos da vítima, ela costumava colocar a substância no corpo para se proteger contra o novo coronavírus.
A vítima, que morava na zona rural do município de Cachoeirinha, no Agreste de Pernambuco, não resistiu aos ferimentos. Ela deu entrada na unidade de saúde desacordada, com o corpo todo queimado e precisou ser entubada. Os vizinhos acreditam que as queimaduras aconteceram quando ela usou o álcool e, em seguida, acendeu um cigarro, já que era fumante.
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Médico chefe do setor de queimados do HR faz alerta sobre uso doméstico do álcool
O álcool tem se tornado um dos principais agentes na luta contra o novo coronavírus. Álcool em gel para higienizar as mãos, ou líquido a 70% para limpar as superfícies. A substância com concentração a 70%, inclusive, teve a venda liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercialização em supermercados. No entanto, o médico Marcos Barreto, chefe do Centro de Tratamento de Queimados do HR faz alertas: não armazenar álcool em casa e dar prioridade ao uso da água e sabão, sempre que possível.
"As pessoas estão vendo o álcool como herói. Ou seja, todo mundo está pegando álcool e tendo ele à vontade. Só que nós estamos muito preocupados, principalmente aqui no HR. As pessoas vão ter álcool em casa e esquecem que as crianças estão fora da escola", explica o médico. Segundo ele, caso seja armazenado em local indevido, o álcool pode causar sérios acidentes domésticos, como incêndios. Marco Barreto compara, inclusive, ao crescimento no número de casos de queimados que ocorreu após o aumento do valor do botijão de gás, porque muitas pessoas passaram a fazer uso do álcool para cozinhar.
"Se a determinação é lavar as mãos com água e sabão, então é só seguir. Se você lava adequadamente, evita colocar a mão na boca, no nariz e olho e não sai de casa, para que precisaria do álcool? Precisa se for sair na rua, passar na direção do carro, se descer do ônibus. Mas se tiver água e sabão, a orientação é água e sabão", comenta. Ele orienta que o ideal é que, se a pessoa tiver álcool em casa, armazenar em locais onde as crianças não têm acesso, como qualquer outro potencialmente perigoso, e longe do fogo.
"Todo mundo preocupado com coronavírus, mas não pode esquecer do que o álcool pode causar. É preciso bom senso. O álcool pode matar. O álcool a 70% líquido é um dos mais inflamáveis, depois do álcool de posto. Se houver um acidente, o que tiver em um raio de dois ou três metros vai pegar fogo também. Já o álcool em gel tem menos potencial, porque ele é gelatinoso", afirma.
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