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Cremepe lamenta morte de médica que trabalhava no front contra o coronavírus

A anestesiologista trabalhava na linha de frente ao combate à covid-19 no Estado e é o primeiro caso de óbito da classe médica por coronavírus em Pernambuco

Larissa Lira Mayra Cavalcanti
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Larissa Lira
Mayra Cavalcanti
Publicado em 01/05/2020 às 12:00 | Atualizado em 02/05/2020 às 11:35
FELIPE RIBEIRO/ACERVO JC IMAGEM
Ideia é voltar a atrair médicos para o interior do País - FOTO: FELIPE RIBEIRO/ACERVO JC IMAGEM

"Foi dada a opção a alguns colegas de serem afastados pela idade. Ela optou por ficar." A frase é do médico anestesiologista José Barbosa Júnior, amigo da médica Rosa Maria Papaléo, de 65 anos, que morreu na quinta-feira em decorrência da covid-19. É o primeiro caso de óbito de médico por coronavírus em Pernambuco. Segundo José Barbosa, apesar de Rosa ser idosa e aposentada, ela resolveu continuar trabalhando na linha de frente durante a pandemia. A anestesiologista estava internada em um hospital particular na área central do Recife e, segundo José Barbosa Júnior, teve o teste positivo para a covid-19. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) lamentaram a morte da profissional. Ontem à noite, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou, em nota, que Rosa já era um caso confirmado de covid-19. “A unidade de saúde informou à SES, nesta sexta (1º), o falecimento, ocorrido na quinta (30)”, diz. O órgão acrescenta que o óbito será incluído no boletim deste sábado (2).  

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Rosa Maria foi internada há duas semanas e meia, aproximadamente, após apresentar tosse e febre. Ela chegou a ser atendida em uma unidade de saúde, onde foi testada para covid-19, e voltou para casa. Em seguida, a médica deu novamente entrada em um hospital com quadro agravado, apresentando dificuldade de respirar. A anestesiologista tinha hipertensão, diabetes e obesidade. "Ela foi para casa, mas evoluiu muito rápido a doença. Foi internada com indicação de UTI, mas não quis. Ela tinha pavor de UTI, achava que se fosse, morreria. Só que o estado geral dela foi decaindo e ela precisou ser transferida e intubada", diz o amigo.

Segundo ele, Rosa era aposentada, mas atuava em um hospital privado do Recife. Formada pela Universidade de Pernambuco (UPE), ela trabalhava como anestesiologista há 32 anos e foi uma das pioneiras no estudo da dor no Estado, sendo, inclusive, secretária na Sociedade de Dor de Pernambuco.

A médica trabalhou nos hospitais São Marcos, Oswaldo Cruz (HUOC), Real Hospital Português e na Unimed Recife. "Eu chamava ela de mãe. Era muito acolhedora, as pessoas tinham um carinho enorme por ela. Os profissionais que trabalham com a dor são muito sensíveis, e ela tinha este lado. Era uma pessoa maravilhosa, deixa uma saudade muito grande para todos nós", afirma José Júnior.

O médico e amigo de Rosa Maria diz que as homenagens serão prestadas por meio de uma missa de sétimo dia, que está sendo organizada pelos colegas. "Não temos informação de como ou quando foi o enterro, porque em duas horas os corpos das pessoas com coronavírus são entregues à Secretaria de Saúde, e o enterro é feito sem ninguém", comenta o médico, que conhecia e trabalhava Rosa Maria há mais de 25 anos. 

"Atualmente, ela seguia na ativa e trabalhava na linha de frente ao combate ao novo coronavírus em Pernambuco. O Simepe valoriza e se orgulha do legado deixado por Rosa Maria Papaléo e presta suas condolências aos familiares e amigos", disse o órgão em nota.

 
 
 
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Profissionais infectados

Em 21 de abril, Pernambuco ultrapassava a marca de mil profissionais de saúde infectados pela doença. No começo do mês, duas técnicas de enfermagem faleceram em decorrência da doença. Ana Cristina Tomé e Betânia Ramos trabalhavam no Hospital Getúlio Vargas, no Cordeiro, Zona Oeste do Recife. 

Williane Maily Lins dos Santos foi mais uma técnica que veio a óbito. Após passar mais de 24 horas esperando por leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), a profissional, que tinha 30 anos e era mãe de uma menina de 6 anos, não conseguiu suportar o tempo de espera.  

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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