Entre todas as mudanças repentinas causadas pela pandemia do novo coronavírus, as recomendações para o isolamento social e para evitar aglomerações são, talvez, as que mais mexem com as pessoas. Quem estava planejando uma festa de casamento com convidados, abraços e bastante calor humano, precisou mudar radicalmente os planos e se adaptar à nova realidade. Segundo um relatório da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de Pernambuco (Arpen-PE), entre os dias 17 de março e 30 de abril, foram celebrados 432 casamentos por videoconferência.
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Fazer a celebração pela internet tornou-se a principal alternativa para quem não quis adiar os planos de dizer "sim" para a pessoa amada, por livre e espontânea vontade, assumindo as condições legais do casamento. Na celebração online participam apenas os noivos, o juiz e o oficial do cartório. O petit comité dos tempos de pandemia. A maioria das uniões por videoconferência aconteceu na Comarca do Recife, que teve 114 celebrações. Em segundo lugar está Olinda com a oficialização de 86 matrimônios.
Apesar da facilidade de sacramentar a união via internet, os noivos ainda precisam realizar presencialmente todo o procedimento que antecede a oficialização da união. O juiz Carlos Magno, da 2ª Vara de Família da Capital, que já realizou 107 casamentos por videoconferência, detalha que os passos tradicionais precisam ser seguidos. "Os noivos vão ao cartório, apresentam seus documentos e o cartório publica o edital de proclamas, para aguardar o prazo. Em seguida, o juiz confere o caderno de habilitação para se certificar da ausência de impedimentos e, de acordo com o casal, marca a data da celebração", comentou. O magistrado, porém, defende que a celebração virtual é uma exigência deste tempo de pandemia da covid-19.
Do ponto de vista do celebrante, a experiência é interessante. Ele narra que os casais procuram o lugar mais bonito de suas residências, se vestem adequadamente, reúnem a família e os amigos, virtualmente, claro, e até cortam o bolo. "Na cerimônia presencial, sempre faço um pronunciamento alusivo aos deveres dos cônjuges. Já no casamento virtual, devido ao número de celebrações e às limitações da internet, dispenso-me do pronunciamento. Ouço os noivos e os declaro casados”, relatou Magno.
Agora casados, Renan e Marília Nóbrega, estavam juntos havia mais de dois anos, quando decidiram oficializar a união - já tinham até marcado a data do casamento civil, no fim do ano passado. Com todo o cenário atual, aceitaram a alternativa da celebração online. "Na verdade, o que nos motivou a casar por videoconferência foi a impossibilidade de casar presencialmente ainda esse ano. Dois dias antes da data marcada entraram em contato, nos deram essa opção e resolvemos aceitar", lembra a noiva.
"Foi incrível! Eu jamais poderia imaginar que seria tão especial e que teria uma repercussão tão grande. Na véspera, eu estava um pouco triste porque queria muito a presença dos meus amigos e familiares, Renan também. Mas acabou que recebemos tantas mensagens de carinho, que nos sentimos extremamente amados e isso nos inundou de felicidade", destaca Marília.
Conexão Brasil - Angola
Noiva, juiz e oficial do registro no Recife, isolados em locais separados. O noivo, em Angola. Esta foi uma das celebrações feitas pelo juiz Carlos Magno, no dia 29 de abril. Os noivos, Cinthya Morais e Paulo Ribeiro, haviam marcado a celebração de forma presencial, mas como o noivo trabalha em Angola e precisava viajar para Pernambuco para poder se casar, infelizmente, por conta dos voos cancelados durante a pandemia da covid-19, não foi possível.
"Há oito anos, começamos a escrever a nossa história, quando nos conhecemos em Angola, e lá adotamos nossos cachorros, construindo a cada dia nosso relacionamento com base no amor e companheirismo. Nosso casamento foi marcado antes do mundo parar (em janeiro) e achávamos que seria adiado, mas para a nossa surpresa não foi. Casamos por videoconferência, à distância (eu em Recife e ele em Angola) e com nossos cachorros como testemunhas", contou Cinthya.
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