No Recife, 354 leitos abertos para pacientes com coronavírus ainda não estão em funcionamento

Dos 1.054 leitos construídos no Recife, 354 ainda não foram colocados em operação. Divididos em enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), as vagas estão distribuídas em sete hospitais de campanha. Em coletiva de imprensa online realizada na manhã desta quinta-feira (21), a prefeitura do Recife anunciou que, desde o início da pandemia do novo coronavírus, foram contratados 3.600 profissionais para atuar nas unidades e que a falta de pessoal não é mais um entrave para a abertura dos leitos. A gestão associa a não abertura à falta de ventiladores pulmonares.

"A chegada de profissionais de saúde é sempre um grande desafio, mas hoje este não é mais o entrave para a abertura de novos leitos, tanto que já temos 700 leitos em plena operação em um período de apenas 60 dias", disse o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia. Segundo ele, a maior dificuldade agora é a chegada dos equipamentos. "A principal dificuldade que nós enfrentamos nesse momento para ampliar o número de leitos continua sendo a disponibilidade e a chegada de respiradores", declarou.

Dos 700 leitos abertos, 125 são de UTI e 575 de enfermaria. Nesta quinta, 428 pacientes estão internados, sendo 107 na UTI e 321 em enfermarias. De acordo com as informações divulgadas pela gestão municipal, a cidade adquiriu 500 ventiladores desde março. Os equipamentos são essenciais para os casos mais graves da covid-19. A expectativa é de que sejam abertas 370 vagas de UTI no Recife. Até essa quarta-feira (20), oito mil pacientes haviam sido atendidos nas unidades e dois mil foram internados.

Nessa quarta (20), o prefeito Geraldo Julio já havia falado sobre a falta de respiradores. "A prefeitura já tem seis contratos assinados com diversos fornecedores e estamos aguardando a entrega desses respiradores pelo fornecedores", comentou, durante coletiva de imprensa. Segundo ele, a prefeitura também tenta, na Justiça, a chegada dos equipamentos. No último sábado, o novo prazo para recebimento de 36 ventiladores que haviam sido adquiridos pela Prefeitura do Recife em março foi para o dia 11 de junho por falta dos dispositivos no estoque da empresa fornecedora, alvo de um mandado de busca e apreensão.

Contratação de profissionais de saúde

Durante a coletiva desta quarta-feira, o prefeito Geraldo Julio anunciou que o Recife a contratação de mais 300 pessoas, totalizando 3.600 profissionais atuando diretamente com pacientes com o novo coronavírus. Ao todo, foram 500 médicos contratados, cerca de 600 enfermeiros e 1.300 técnicos de enfermagem, além de outras categorias. Os profissionais vão atuar nos sete hospitais de campanha. O número envolve contratos temporários, seleções simplificadas e concursados, feitos pela prefeitura e pelas entidades que administram as unidades provisórias.

Do total de profissionais da prefeitura, atualmente, 489 estão afastados por casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus. Destes, 88 são médicos, 100 são enfermeiros e 164 são técnicos ou auxiliares de enfermagem. O secretário Jailson Correia falou da dificuldade de contratar os profissionais. "Dificuldade sim, por isso estamos marcando a importância de chegar a 3.600 profissionais mobilizados. Todo mundo está enfrentando dificuldade, mas a prefeitura, com um trabalho efetivo, vem vendo várias formas de mobilização e contratação de pessoal e tem conseguido", afirmou.

Os leitos do Recife estão distribuídos em sete hospitais de campanha. São eles: Hospital Provisório Recife 1, em Santo Amaro, Centro; Hospital Provisório Recife 2, nos Coelhos, área Central; Hospital Provisório Recife 3, na Imbiribeira, Zona Sul; HMR, no Curado, Zona Oeste; policlínicas Amaury Coutinho, na Campina do Barreto e Barros Lima, em Casa Amarela, Zona Norte; e Professor Arnaldo Marques, no Ibura, Zona Sul. Também há leitos para pacientes com covid-19 na Policlínica Agamenon Magalhães, em Afogados e no Hospital Evangélico de Pernambuco, na Torre.

Recursos aplicados nos hospitais de campanha

Questionado sobre os gastos da Prefeitura do Recife com os esforços para conter o avanço da covid-19 na cidade, o prefeito falou sobre o Portal da Transparência do município e relatou que a gestão aplicou R$ 144 milhões na construção, operação e contratações dos hospitais de campanha.

Na última quinta-feira (14), um levantamento feito pela deputada estadual Priscila Krause (DEM) mostrou que a PCR assinou contratos no valor de R$ 670,2 milhões para a futura compra de bens e serviços. Na terça (19), o conselheiro Carlos Porto, relator das contas da Prefeitura, enviou um ofício à Controladoria Geral do Recife solicitando um relatório detalhado sobre a transparência ativa nos gastos com a covid-19.

Nessa quarta, a prefeitura divulgou uma nota para detalhar os gastos no período de pandemia. Nela, consta que o total de processos de aquisição da Secretaria Municipal de Saúde foi de R$ 394 milhões. "Esses processos nem sempre se tornam despesa efetiva, já que muitos fornecedores não conseguem fazer as entregas nesse momento de escassez de insumos. O valor total pago pela secretaria até agora é de R$ 115 milhões", diz a nota.

Disputa judicial pelos respiradores pulmonares

Após cumprimento de mandado de busca e apreensão pela Justiça, na empresa fornecedora, no último sábado (16), o novo prazo para o recebimento de 36 ventiladores pulmonares adquiridos pela Prefeitura do Recife em março é, agora, dia 11 de junho. A gestão havia conseguido uma liminar favorável no último dia 4 de maio, obrigando que os equipamentos fossem entregues ainda este mês, porém, em um acordo judicial entre a Prefeitura e empresa, a nova data estabelecida ficou para junho.

"O mandado foi cumprido no último sábado. A empresa não tinha respiradores em estoque. O juiz marcou uma audiência e foi firmado um acordo com a empresa, um acordo homologado pelo juiz, para que a empresa entregue os 36 respiradores, que está importando da China. A gente está na expectativa de que a empresa cumpra o acordo judicial realizado", disse Geraldo Julio. A Prefeitura do Recife havia obtido decisão favorável à garantia da entrega dos equipamentos junto à empresa Lifemed Industrial de Equipamentos e Artigos Médicos S/A. A compra foi feita em março, mas a empresa fornecedora pedia revisão de preços alegando reequilíbrio econômico financeiro do contrato.