Atualizada às 12h35 do dia 5 de junho
Peritos do Instituto de Criminalística, da Polícia Civil de Pernambuco, se dirigiram nesta quarta-feira (3) até um prédio no bairro de São José, na área Central do Recife, onde Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, faleceu após cair do 9º andar, uma altura de aproximadamente 35 metros, nessa terça-feira (2). A mãe da vítima trabalhava no 5º andar do edifício. Nesta manhã, a equipe chegou ao local por volta das 9h30 para realização de uma perícia de medição, que durou em torno de 40 minutos. As informações são da repórter Juliana Oliveira, da TV Jornal.
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O perito André Amaral explica que foram feitas medições para comparar a altura da criança, que tinha em torno de um metro, com áreas do prédio. Investigações preliminares e imagens de circuito interno mostram que ela entrou no elevador sozinha e apertou os botões, que têm uma altura entre 1,07m e 1,20m. O elevador parou no sétimo andar, mas ela não saiu. Ao parar no nono, a criança saiu do elevador, seguiu pelo corredor e encontrou um hall onde ficam os condensadores de ar. Nesse local tinha uma janela, que ela conseguiu pular. Então a vítima pisou em uma das hastes do guarda-peito, que fazem a proteção dos condensadores com a área externa do prédio, quando uma delas quebrou, levando-no a cair.
"A janela estava aberta, não tinha nenhuma proteção, qualquer pessoa podia ter acesso, mas não era algo comum uma criança estar sozinha naquele trecho. Ela se elevou, fez uma escalada e na parte do guarda-peito, que é de alumínio, teve uma quebra na quarta barra, então houve a projeção dele", expôs Amaral, que ouviu de testemunhas que a criança estaria procurando pela mãe.
A vítima chegou a ser socorrida por um médico que é morador do edifício e encaminhada para o Hospital da Restauração, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no caminho do hospital.
Segundo a mãe da criança, o acidente aconteceu de forma muito rápida. Ela havia descido para passear com o cachorro dos patrões e tinha deixado o filho dentro do apartamento com a dona da casa e uma manicure. Ainda não se sabe o que levou a criança a deixar o apartamento em direção ao elevador.
Investigações
O perito contou que as informações coletadas foram encaminhadas para o inquérito, que será investigado sob a coordenação do delegado Ramon Teixeira. A Polícia Civil vem ouvindo testemunhas e analisando imagens da câmera de segurança para esclarecer detalhes sobre o acidente.
Na tarde dessa terça, dia do acidente, a mãe da criança prestou depoimento na Delegacia de Santo Amaro. Também foram ouvidos os donos do apartamento onde ela trabalha e um representante da empresa que instalou as câmeras de segurança no prédio.
Familiares da criança foram até o Instituto Médico Legal (IML), em Santo Amaro, Centro do Recife, na manhã desta quarta para liberar o corpo da criança. O pai e a mãe estiveram no local e, muito abalados, preferiram não conceder entrevistas.
Patroa é autuada por homicídio
Sarí Côrte Real, proprietária do apartamento onde estava o garoto Miguel, foi parcialmente responsabilizada pela morte da criança. A moradora, que era empregadora da mãe do garoto, foi autuada em flagrante nesta quarta-feira (3/6) pelo crime de homicídio culposo (sem intenção). Como previsto em lei, pagou fiança - determinada pelo delegado em R$ 20 mil - e foi liberada para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. As primeiras investigações apontaram que a mulher teria permitido que o garoto subisse sozinho no elevador antes de cair do 9º andar - uma altura de 35 metros.
MPPE pode mudar tipificação de crime
A Polícia Civil deve encaminhar ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), nos próximos dias, a conclusão do inquérito sobre a morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos. O delegado Ramon Teixeira autuou em flagrante a patroa da mãe do garoto, Sarí Côrte Real, por homicídio culposo. Segundo ele, a suspeita foi negligente por deixar Miguel usar um elevador sozinho, mas não teve a intenção de matá-lo. A pena para esse crime é de até três anos de detenção. Na prática, a Justiça pode decidir que Sarí deve prestar serviços à comunidade, por exemplo. Mas, claro, essa pena dependerá da interpretação do juiz.
Mas o caso ainda pode ter uma reviravolta. Quando o inquérito chagar ao MPPE, o promotor de Justiça responsável irá analisar provas materiais e depoimentos. E decidirá se denuncia Sarí Côrte Real por homicídio culposo ou doloso (quando há intenção de matar). Advogados criminalistas, ouvidos em reserva pela coluna Ronda JC, afirmam que o promotor pode, sim, interpretar que a patroa da mãe de Miguel agiu com dolo eventual, pois uma criança daquela idade jamais poderia estar sozinha em um elevador. Na visão dos criminalistas, ela era responsável pelo menino naquele momento e deveria ter impedido a ação. Caso o promotor decida denunciar por homicídio doloso, Sarí Côrte Real poderá ser levada à júri popular. Neste caso, a pena pode chegar a 20 anos de prisão.
Prefeito de Tamandaré diz estar "profundamente abalado"
Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura de Tamandaré informou que o prefeito do município, Sérgio Hacker Corte Real, se encontra "profundamente abalado" pela morte de Miguel. O gestor é casado com Sari Corte Real, que foi responsabilizada por deixar a criança sozinha no elevador antes de cair de uma altura de 35 metros. Ainda em nota, a Prefeitura afirmou que Sérgio vai prestar informações aos órgãos competentes "no momento próprio e de forma oficial".
Artistas e influenciadores do Brasil se manifestam
A morte do menino Miguel Otávio, de 5 anos, gerou comoção nacional. Pelas redes sociais, artistas e influenciadores do Brasil repercutiram o caso e pedem justiça para a família do menino. A cantora carioca Iza pediu por justiça. Já a atriz e apresentadora Tata Werneck questionou o fato de Miguel estar sozinho em um elevador. Outros famosos como Thaila Ayala, Ludmilla, Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, também expressaram pesar pela morte.
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