Dez mandados de prisão e 12 mandados de busca e apreensão foram realizados pela Polícia Federal no Recife, em Pernambuco; em São Bernardo do Campo, São Paulo; em Fortaleza, no Ceará; e em Rio Branco, no Acre, na manhã desta terça-feira (23). Na operação, denominada Estatueta, três veículos foram apreendidos, nove contas bancárias foram bloqueadas, seis imóveis foram sequestrados e nove pessoas foram afastadas do sigilo fiscal. Durante as buscas em São Paulo, cerca de R$ 100 mil foram encontrados, a maioria dentro de um freezer. Diamantes também foram achados em posse do grupo. Os suspeitos, acusados de integrarem organização criminosa voltada aos crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, tinham atuação nos quatro estados do Brasil.
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A investigação, que acontece desde 2018, acompanhou uma organização criminosa que atuava introduzindo cocaína importada da Bolívia, no Recife, onde a droga era armazenada dentro de estatuetas semelhantes à de Buda (por isso o nome da operação) e levadas para Europa, principalmente Alemanha. "Eles ocultavam essas drogas em estatuetas. E em cada estatueta, eram armazenados quase 10 kg de cocaína. É muita droga. Em um flagrante, que aconteceu em 2017, a pessoa presa estava levando duas estatuetas, cada uma com quase 8 kg, totalizando quase 16 kg de cocaína", contou o Delegado da Polícia Federal, Dário Sá Leitão.
Ainda de acordo com o delegado, apesar das investigações terem iniciado apenas em 2018, existem flagrantes do grupo muito antes disso, nos anos de 2009 e 2017. "Iniciamos a investigação, inclusive com interceptação telefônica, e começamos a monitorar essa quadrilha em julho de 2018. No entanto, existem flagrantes anteriores em que eles foram citados. Um em 2017 e um em 2009, por conta disso, a quadrilha pode estar em atuação desde 2009".
Segundo a PF, o líder da organização criminosa, junto com sua esposa, lavava o dinheiro do tráfico de drogas comprando e alugando imóveis na Região Metropolitana do Recife. Além disso, os criminosos efetuavam a compra de automóveis e pedras preciosas para lavar o dinheiro. O casal morava em uma apartamento de alto padrão localizado no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.
"O líder da Organização Criminosa lavava dinheiro tanto com imóveis, quanto com veículos e pedras preciosas. No apartamento dele foram encontrados dois diamantes. Eles diziam-se empresários, viviam em imóvel de alto padrão, de mais de 2 milhões, localizados à beira mar em Piedade [Jaboatão dos Guararapes]. Tinham empresas no nome, mas só de fachada, porque na verdade eles viviam do tráfico", explicou o delegado.
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Dentre os integrantes da organização, há um ex-agente da Polícia Federal, demitido em 1999, por tráfico de drogas. Atualmente, o homem trabalha como advogado, e foi preso nesta terça, durante a operação.
Em caso de condenação, os integrantes da quadrilha podem pegar até 65 anos de reclusão. Levando em conta apenas os valores declarados no registro dos imóveis, os bens apreendidos ultrapassam a quantia de R$5 milhões de reais.
Atuação em outros estados
Além dos integrantes que atuavam no Recife, no armazenamento da droga. A operação também mirou alvos que atuavam em São Paulo e Fortaleza, internalizando a cocaína da Bolívia e levando para Recife. A polícia também realizou prisões no Acre, onde suspeitos agiam na internalização e no transporte da droga.
Dos dez mandados de prisão, apenas um, no Ceará, não foi concluído. O homem está foragido.
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