Só no primeiro semestre de 2020, quatro crianças e 63 adolescentes foram baleados na Região Metropolitana do Recife - destes, uma criança e 40 adolescentes morreram. Os dados são da plataforma sobre violência armada Fogo Cruzado, que coleta, reúne e disponibiliza informações por meio de um aplicativo e um mapa colaborativo com dados coletados via usuários, imprensa e polícias.
>> Disparos de arma de fogo aumentaram 41% no Grande Recife em junho, diz estudo
>> Criança é atingida por bala perdida durante bloco de Carnaval no Grande Recife
>>Menina de dez anos morre após ser atingida por bala perdida no Cabo de Santo Agostinho
Os números de crianças (até 12 anos) e adolescentes (entre 12 e 18 anos incompletos) vítimas da violência armada no Grande Recife no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2018, teve uma diminuição de 33% na quantidade de crianças baleadas - ano passado foram seis crianças baleadas. Entretanto, as estatísticas referentes aos adolescentes aumentou 17%, com 63 baleados em 2020 contra 54 em 2019.
>> Em primeiro mês de quarentena, número de mulheres baleadas dobrou no Grande Recife
De acordo com o mesmo levantamento, o Recife é a cidade que concentra o maior número de adolescentes baleados. Foram 15 mortos e oito feridos. Em seguida vem Jaboatão dos Guararapes, com nove mortos e três feridos, e depois o Cabo de Santo Agostinho, com três mortos e quatro feridos.
Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus e com fortes recomendações para que as pessoas permaneçam em casa, crianças e adolescentes não se viram mais seguros por estarem nos seus lares.
Dos 63 adolescentes baleados na Região Metropolitana do Reicfe, quatro estavam dentro de casa e três deles morreram. Um deles, Anderson Manoel da Silva, de 16 anos, foi morto a tiros enquanto dormia, no bairro do Desterro, em Abreu e Lima, em 23 de abril.
Os dados do Fogo Cruzado também contabilizam vítimas de bala perdida. Em 2020, quatro crianças e seis adolescentes foram vítimas de bala perdida na Região Metropolitana este ano – destes, uma criança e um adolescente morreram. Em comparação com o primeiro semestre de 2019, quando três crianças e um adolescente foram vítimas de bala perdida, houve aumento de 33% no número de crianças baleadas e de 500% na quantidade de adolescentes baleados.
Como funciona o laboratório de dados do Fogo Cruzado
Além de receber notificações de usuários diretamente via aplicativo, a equipe de gestão de dados do Fogo Cruzado recebe informações diretas de parceiros que atuam in loco - neste caso só são consideradas fontes conhecidas, com as quais já existe relacionamento prévio, como coletivos, comunicadores e moradores ativos localmente.
A equipe do Fogo Cruzado também adiciona às bases de dados as informações recolhidas via imprensa e canais das autoridades policiais. Vale notar que as notificações publicadas no mapa do Fogo Cruzado no site são sinalizadas de acordo com suas fontes.
Quando chega a notificação de um tiroteio/disparo de arma de fogo, esta informação não é automaticamente publicada no mapa e nas redes sociais. Imediatamente, a equipe de gestão de dados cruza a notificação com scripts e filtros desenvolvidos para agregar informações em redes sociais sobre disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro e Recife.
Desta forma, é possível saber quem, quando e onde está se falando sobre o assunto de forma a cruzar informações sobre um mesmo tiroteio/disparo de arma de fogo. Após tal verificação, a notificação é postada nas redes e o incidente fica em registro público no site e app.
Comentários