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Pesquisadores da UFPE descobrem um novo dinossauro brasileiro

Nomeado de Aratasaurus museunacionali, os pesquisadores acreditam que o dinossauro deveria ser um predador ágil

Bruna Oliveira Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 23/07/2020 às 12:48 | Atualizado em 23/07/2020 às 22:02
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Novo dinossauro brasileiro foi encontrado por pesquisadores da UFPE - FOTO: DIVULGAÇÃO

Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com profissionais da Universidade Regional do Cariri e Museu Nacional/UFRJ, encontraram o mais novo dinossauro identificado no Brasil, o Aratasaurus museunacionali, nome que, quando traduzido, significa Lagarto Nascido do Fogo do Museu Nacional. A nomenclatura é uma homenagem ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que sofreu com incêndio em setembro de 2018.

Com formas com ocorrência até então restritas à América do Norte e à China, os paleontólogos a concluíram que “esse grupo de animais era mais diversificado e tinha uma distribuição mais ampla do que se supunha". Para fazer a identificação do dinossauro, os pesquisadores partiram de um único fragmento, uma perna direita, encontrada em rochas que recebem o nome de Formação Romualdo, na região da Bacia do Araripe, área rica em fósseis que se estende pelos Estados de Ceará, Pernambuco e Piauí.

A professora Juliana Sayão, que atuava no Centro Acadêmico de Vitória (CAV-UFPE) e, atualmente, é docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e liderou o grupo de pesquisadores, contou à reportagem do Jornal do Commercio que os fósseis descobertos na região estudada estão preservados em nódulos calcários, com exceção do Aratasaurus, que foi encontrado em uma placa de folhelho, que é uma espécie de rocha escura composta por finas lâminas de sedimentos com grãos do tamanho dos de argila. “Isso indica alguns milhares de anos a mais do que a camada com os nódulos calcários”, explicou a pesquisadora.

A formação dessas rochas é estimada entre 115 e 110 milhões de anos, um período geológico denominado de Cretáceo Inferior. “É o primeiro registro de dinossauro nessa parte da Formação Romualdo, o que abre a possibilidade para novos achados no futuro”,disse Juliana. A amostra é classificada no grupo Coelurosauria que surgiu há cerca de 168 milhões de anos, no período Jurássico Médio, e englobam muitas formas de dinossauros. Esta é a primeira vez que um dinossauro desse grupo é encontrado no Brasil.

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Participação da UFPE na descoberta

De acordo com Sayão, a participação da UFPE nesta descoberta foi bastante expressiva, porque, quando o dinossauro foi encontrado no Ceará, ela levou o material para a Universidade, que desenvolveu quase toda a pesquisa. Somente em 2016, o material foi mandado para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, para passar por uma preparação na região do pé, para que fosse identificada a espécie do dinossauro. A UFPE não possuía equipamentos que dominassem a técnica.

Características do dinossauro

Os dados de identificação apontam que o dinossauro tinha pouco mais de 3 metros de comprimento e uma massa entre 34 e 35 kg, o que indica que ele ainda estava em fase de crescimento, portanto era um jovem que poderia alcançar dimensões maiores quando adulto. Os pesquisadores acreditam que ele deveria ser um predador ágil, que corria pelas margens de lagoas para procurar alimentos e possivelmente pequenos animais.

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Fóssil do dinossauro foi levado ao Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2016 - KONICA MINOLTA
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Aratasaurus museunacionali significa Lagarto Nascido do Fogo do Museu Nacional - DIVULGAÇÃO
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Pesquisadores da UFPE encontraram o mais novo dinossauro brasileiro - PIXABAY

A professora Juliana contou ao JC que, na época do incêndio de grandes proporções que atingiu o Museu Nacional, em setembro de 2018, o os paleontólogos chegaram a pensar que tinham perdido o material. "Quando o museu incendiou, a gente já tinha terminado toda a pesquisa, mas veio o incêndio e a gente acreditou que tinha perdido todo o material, mas, logo depois, quando a estrutura do museu foi reorganizada, a gente viu que ele [o fóssil] tinha ficado num laboratório que se localiza em um prédio anexo. Daí, vimos que não tínhamos perdido o fóssil. Daí, a gente agilizou e fez a publicação da descoberta", acrescentou.

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A descoberta tem um grande impacto para a paleontologia, que estuda os animais e as plantas que viveram antes de os homens surgirem na Terra, de acordo com Sayão. "No ponto de vista da paleontologia brasileira, a gente descobriu um novo local que tem registros de dinossauros. De uma maneira geral, os registros de dinossauros são muito raros no mundo quando comparados com outros animais, e a gente conseguiu achar esse dinossauro em um lugar que a gente não sabia que existia dinossauro", destacou.

Outras espécies de dinossauros encontradas na Bacia do Araripe

  • Santanaraptus placidus;
  • Angaturama limai;
  • Mirischia asymmetrica.

Relação do nome do dinossauro com o Museu Nacional

O nome da espécie, Aratasaurus museunacionali, foi escolhida em homenagem ao Museu Nacional, primeiro fundado no Brasil, em 1808, no Rio de Janeiro. Os termos "ara" "ata", vindos do Tupi, significam "nascido do fogo". Já o nome "saurus", do grego, significa "lagarto", terminação muito utilizada para designar os dinossauros. "Museunacionali" faz menção ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. Juntando os termos, temos "Lagarto Nascido do Fogo do Museu Nacional", já que o material estava no momento do incêndio e não sofreu danos, uma forma de homenagear o museu que perdeu parte do seu acervo.

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Confira imagens do incêndio

AGÊNCIA BRASIL
O Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital fluminense - AGÊNCIA BRASIL
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
Um incêndio de proporções ainda incalculáveis atingiu, no começo da noite do dia 2 de setembro de 2018 - TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL

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