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Após chacina, população de Ipojuca vive clima de medo com áudios de toque de recolher

A mensagem circulou pelos moradores e determinava que o comércio da cidade teria que ser fechado até as 17h

JC
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Publicado em 11/08/2020 às 10:25 | Atualizado em 11/08/2020 às 10:36
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
No local, o clima é de receio em relação à violência sofrida no último domingo (9) - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Com informações da repórter Cinthia Ferreira, da TV Jornal

No segundo dia após a chacina que matou cinco pessoas e deixou 11 feridas em Ipojuca, no Grande Recife, o clima na cidade é de medo. Nessa segunda-feira (10), moradores receberam áudio, em grupos de aplicativo de mensagens, estipulando um toque de recolher. Na mensagem, um homem, que se diz membro de uma facção criminosa, ameaça a população. Mesmo sem a veracidade confirmada, o comércio fechou mais cedo, e os motoristas de mototáxi e kombis também pararam de rodar no fim da tarde. Questionada sobre o áudio, a Polícia Civil disse, por meio de uma nota, que não se pronunciará até que as investigações sejam finalizadas.

A mensagem circulou pelos moradores e determinava que o comércio da cidade teria que ser fechado até as 17h. No local, o clima é de receio em relação à violência sofrida no último domingo (9). Na manhã desta terça-feira (11), um veículo utilizado na chacina, localizado pela polícia, passa por perícia no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que fica no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. O veículo, do modelo Ford Ka, tinha a placa clonada. O automóvel foi encontrado capotado na PE-042, rodovia que liga as cidades de Ipojuca e Escada e, em seguida, foi levado para o DHPP. 

"Esse é um dos carros que participou da chacina. Com a apreensão desse carro agora, o que vai ocorrer? Essas impressões digitais que estiverem no carro, se algum dos suspeitos foi preso, se faz o comparativo desta pessoa. Se existe comprovação, essa será ouvida e possivelmente indiciada, em inquérito policial, pela chacina", explicou o delegado Joaquim Braga, responsável pelas primeiras investigações do caso.

A chacina resultou na morte de cinco pessoas, três homens e duas mulheres, na noite desse domingo (9), e deixou outros 11 feridos. Entre estes, está uma criança de 11 anos. O crime aconteceu em dois lugares diferentes, em uma praça na comunidade Rurópolis e em uma casa localizada na entrada da cidade. A Polícia investiga possível ligação entre o grupo e a facção Comando Vermelho.

Entenda como aconteceu o crime

Segundo a polícia, tinham cerca de 60 pessoas na praça quando os assassinos desceram de dois veículos por volta das 23h30, ordenando que ninguém corresse. No desespero, as pessoas correram e, então, os tiros foram disparados. Assim, Julio Cesar de Paula, Cinthia Maria de Souza e outra mulher, inicialmente identificada como Maria Barbosa da Silva, foram atingidos e morreram, enquanto outras 11 pessoas ficaram feridas.

"Chegaram do nada e disseram: 'ninguém corre', e atiraram para todo lado com pistolas de diversos calibres. Vieram a óbito dois no local, uma terceira pessoa foi socorrida para a UPA e faleceu, e outros ficaram feridos na localidade. Entre esses (feridos), um provavelmente vai morrer, segundo o médico plantonista do Dom Helder, com quem conversei mais cedo", disse o delegado Joaquim Braga.

Na praça, as marcas da violência estão por todos os lados. Tiros perfuraram portas de ferro e danificaram paredes. Ainda nesta manhã de segunda-feira (10), tinham cápsulas de pistola no local. Em um beco, havia sangue e uma pichação com as letras "CV", abreviação que remete ao Comando Vermelho, facção criminosa fundada no Rio de Janeiro.

Durante a fuga, os criminosos pararam os carros e executaram mais dois homens. "Empreenderam fuga para voltar para o Recife e, quando chegaram na lombada eletrônica de Ipojuca, subiram em um primeiro andar e executaram dois homens", revelou o delegado. As vítimas estavam sem documento, mas foram identificadas como Rinaldo Martins de Santa e Fernando José de Lima.

A Polícia Militar chegou a fazer perseguições. "Eles falaram para a gente que chegaram a derrapar, por causa da velocidade. Eles tentaram prender, mas infelizmente não conseguiram. Mas existem equipes no local para diligenciar e, se possível, prenderem flagrante e colocá-los à disposição da Justiça", afirmou Braga.

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