Na última quarta-feira (19) o céu do sertão pernambucano não estava nublado e não houve previsão de tempestades, mas mesmo assim, "choveu". Só que em vez de água, alguns meteoritos caíram do céu. O fenômeno foi registrado por volta das 10h nos municípios de Santa Filomena, Belém de São Francisco, Floresta, Salgueiro e São José do Belmonte.
Veja o vídeo disponibilizado pela Brazilian Meteor Observation Network (BRAMON), uma organização sem finz lucrativos que opera uma rede de monitoramento de meteoros.
Ao fim do vídeo é possível observar a gravação de um rapaz com uma "pedra" na mão, morador do município de Santa Filomena. Segundo ele, o meteorito teria caído em cima da casa de sua irmã, onde fez um buraco no telhado. "Dá para ver o buraco que ficou [na telha da casa]. Estava quente, pegando fogo mesmo, vermelho", diz o homem espantado.
Edimar Costa, também morador de Santa Filomena, relatou em uma rede social o momento em que ouviu os fragmentos caírem na cidade. "A gente estava na casa do meu irmão prestando alguns serviços e ouviu um barulho bem forte vindo do céu. De início a gente pensou que fosse o pneu de uma retroescavadeira que tinha estourado. Aí a gente olhou pro céu e percebeu um "funil", um redemoinho de fumaça se formando e circulando próximo à cidade, e quando a gente percebeu estavam caindo fragmentos do céu", contou.
Em conversa com a reportagem do Jornal do Commercio, o astrônomo James Solon, integrante do grupo de Astronomia de Pernambuco (Astro-PE) explicou que, neste caso específico, o fenômeno não parece ter tido associação com uma chuva de meteoros. "O que pode ter acontecido é a entrada de um meteoro na atmosfera da Terra e em seguida a rocha espacial pode ter se fragmentado. Como caíram em uma pequena porção tem-se a “impressão” de que foi como uma “chuva de meteoritos”, porém, uma chuva de meteoritos não cairia em uma área tão pequena como foi observado", disse.
De acordo com James, a resistência encontrada pelos meteoritos em sua passagem pela atmosfera terrestre pode ter sido o que ocasionou a queda destes pequenos fragmentos no sertão pernambucano na última quarta. Ainda segundo ele, este tipo de fenômeno é comum e não é preciso ter medo. "Não há perigo normalmente. Há mais probabilidade de meteoritos caírem nos oceanos, já que 70% do planeta é coberto por águas, e também em áreas despovoadas, como desertos e florestas. A única coisa "anormal", pode-se dizer, é porque caiu em uma residência, ou seja, em uma área povoada, o que geralmente não acontece".
A principal orientação à população ao se deparar com um fragmento de corpo celeste é a coleta. "Ao achar o meteorito é importante entrar em contato com centros de estudos do assunto, como instituições, universidades ou especialistas da área. Pois o estudo e análise dos meteoritos têm grande valor para a ciência para obtenção de informações, dados e análises comparativas", revelou o astrônomo.
Na coleta do material, James aconselha que a pessoa utilize uma luva e guarde o meteorito em um recipiente fechado e higienizado, como um pote de vidro. "Tais recomendações são apenas para que o meteorito fique “descontaminado”, pois, como é uma amostra de rocha espacial, essa descontaminação ajudará na análise científica", finalizou.