Mais um domingo de sol, mar e de total desrespeito aos protocolos de higiene e distanciamento determinados pelo governo de Pernambuco para evitar a propagação do coronavírus. Foi o que se viu nas praias de Boa Viagem, do Pina e de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, neste domingo (13). Embora o número de pessoas seja menor do que o registrado no feriadão de 7 de Setembro, o que prevaleceu na orla da capital pernambucana foi a desobediência às regras, com areias tomadas de banhistas aglomerados e sem utilizar máscara.
E, como esperado, o desrespeito foi maior nos pontos da orla que, historicamente, costumam reunir mais pessoas nos fins de semana, como as imediações da Praça de Boa Viagem, e no Buraco da Velha, na Brasília Teimosa. Mais uma vez, a situação na Brasília Teimosa se mostrou ainda mais grave do que no restante da orla: um número maior de pessoas e menos respeito à regras. A maré cheia em quase toda a manhã também evidenciou ainda mais o não-distanciamento entre os banhistas.
Entre as normas estipuladas pelo governo para o retorno do comércio nas praias estão a distância de quatro metros entre os guarda-sóis e o número máximo de dez pessoas em cada um deles, parâmetros ignorados por diversos barraqueiros e banhistas. Neste domingo (13), equipes da prefeitura do Recife foram vistas nas praias, tanto distribuindo máscaras, quanto orientando e fiscalizando a população. O efetivo, formado por guardas municipais, policiais militares, funcionários da Dircon e da Vigilância Sanitária, no entanto, foi menor do que o da semana passada. Segundo a gestão, foram mais de 100 profissionais distribuídos nos oito quilômetros de orla. Nos últimos sábado (5), domingo (6) e segunda-feira (7), a quantidade foi de 120 agentes públicos.
O estudante Matheus Vieira, 25 anos, que foi à praia pela segunda neste domingo desde que a liberação foi autorizada, confessou estar com medo de ver tanta gente sem máscara e desrespeitando o distanciamento. “Vim no sábado (12), mas hoje achei que está muito mais cheio. Muita gente sem máscara, sem respeitar o distanciamento. As barracas até que estão distantes uma das outras, mas as pessoas não respeitam o espaço determinado. Dá medo. É tanto que estou longe e de máscara. Mas para sair de casa e levar um pouco de sol eu venho”, afirmou.
A dona de casa Jaciete Olveira, de 55 anos, acha que a fase mais grave da propagação do novo coronavírus já passou, mas que o não cumprimento dos protocolos acaba colocando todos em risco. "Antigamente eu achava mais perigoso, mas agora acredito que aqui na beira-mar não tem tanta preocupação porque tem ventilação. O problema é que os protocolos não estão sendo seguidos", comenta.
A jovem Ingrid Marília, de 24 anos, aproveitou o domingo para ir à praia de Boa Viagem com um amigo. Ela escolheu ficar em uma área da faixa de areia com menos barracas, e distante das outras pessoas. Porém, para ela, os protocolos estão sendo seguidos. "Vi o pessoal da prefeitura fiscalizando, tinha até um homem com som e eles tiraram. Segura a gente nunca está, mas tem que seguir e estamos seguindo. Mas totalmente segura, não me sinto", relata.
Resposta da prefeitura
No início da noite deste domingo (13), a Prefeitura do Recife se manifestou em relação ao movimento nas praias de Boa Viagem e do Pina através de uma nota. Confira na íntegra a resposta da PCR:
"A Prefeitura do Recife se mantém vigilante ao cumprimento do protocolo de convivência com a covid-19. Na orla de Boa Viagem e do Pina, a fiscalização permanece e, a cada dia deste fim de semana, mais de 100 profissionais da Dircon, Vigilância Sanitária, Guarda Municipal e CTTU realizaram rondas ao longo dos 8 km para verificar se os ambulantes e barraqueiros estavam respeitando as normas. Foram emitidas 8 notificações com suspensão por 8 dias aos comerciantes irregulares. Também foram recolhidas churrasqueiras, caixas de som, piscinas infláveis, pula-pulas e toldos, usados sem autorização e que estavam causando aglomeração. No entanto, além do trabalho da PCR, é fundamental contar com a cooperação da população, que é imprescindível na luta contra o Coronavírus, para que o Recife mantenha os mais de 4 meses de redução dos números de casos."
Novo fechamento
Na sexta-feira passada (11/9), durante coletiva de imprensa sobre o balanço de seis meses de pandemia, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, demonstrou preocupação com as aglomerações vistas no feriadão da Independência e garantiu que elas estão sendo discutidas pelos comitês de enfrentamento à covid-19. Advertiu, inclusive, que se os números voltarem a subir, o governo poderá decidir pelo fechamento das praias novamente, por exemplo.
A resposta foi dada ao questionamento se a Polícia Militar poderia ser acionada para conter os banhistas que desrespeitam os protocolos de higiene. “Se chegarmos ao ponto de colocar a Polícia Militar na praia, é melhor fechar novamente. O lazer tem que ser feito com altruísmo, sem egoísmo. Vá com a máscara, procure outro espaço. Não vai haver cena de policial enfrentando banhista", disse André Longo.
“Entendemos que no feriado as pessoas extrapolaram, talvez porque era a 'abertura do verão' ou porque há muito tempo não iam à praia. Temos que pedir às pessoas que respeitem as normas. Estamos observando os próximos fins de semana, feriados e o cenário epidemiológico. As primeiras atividades que cessarão se os casos aumentarem serão as atividades de lazer. Queremos abrir mais, mas vai depender da responsabilidade das pessoas", reforçou o secretário.
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