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Homem de 280 kg fará limpeza no Hospital das Clínicas, no Recife, para retirar tecido infectado

José Antônio de Amorim, 51, está internado desde a tarde dessa quarta-feira (23) no HC

JC
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Publicado em 24/09/2020 às 12:27 | Atualizado em 24/09/2020 às 13:02
DIVULGAÇÃO/HOSPITAL DAS CLÍNICAS
ESTUDO Profissionais do Hospital das Clínicas acompanharam paciente - FOTO: DIVULGAÇÃO/HOSPITAL DAS CLÍNICAS

Depois de passar por dois hospitais, o homem de 280 quilos foi internado no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco, na Zona Oeste do Recife, para dar início ao tratamento para superobesidade e elefantíase. Sofrendo da doença há aproximadamente cinco anos, José Antônio de Amorim, 51, não consegue mais andar por conta das dores. 

Antônio deu entrada no Hospital João Murilo na segunda-feira (21), depois que as feridas decorrentes da doença infeccionaram. Na terça-feira (22), em uma tentativa de transferi-lo para uma unidade de saúde maior, ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, no Recife, mas não foi internado. “Falaram que não tinham cama”, relatou o paciente.

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A segunda transferência, desta vez para o HC, foi bem sucedida. O paciente foi levado em uma ambulância, em cima de colchão, na tarde dessa quarta-feira (23). Cerca de doze agentes ajudaram a movê-lo, segundo relembra. Em entrevista à reportagem do JC, disse que está sendo bem atendido. “Estou numa cama confortável, resistente”, contou.

O chefe do serviço de Cirurgia Geral do HC, Álvaro Ferraz explicou que o quadro do paciente ainda está sendo avaliado. “Ele chegou ontem, a partir de uma demanda da SES pedindo para a gente interná-lo, porque é um paciente superobeso com infecção nos membros inferiores muito grave. Ele tem um linfedema (inchaço provocado por obstrução do sistema linfático), e essa lesão está precisando de muito cuidado”, detalhou.

A equipe médica investiga o que pode ter provocado o linfedema. “Pode ser causado por problemas nos vasos linfáticos, algum problema venoso e ou nas artérias. Fora isso, o linfedema causa também infecção na perna”, disse. Antônio deverá passar por uma limpeza cirúrgica para retirar o tecido morto e infectado.
O médico garantiu que o peso do paciente também será tratado. “A obesidade é um pano de fundo de muitos dos problemas, inclusive o da perna. Se não tivesse esse peso, possivelmente não teria esse problema, e, se tivesse, seria muito mais fácil de ser tratado”, contextualizou.

“Um superobeso inicialmente tem indicação de cirurgia, só que é de um risco considerável. A gente tem que prepará-lo para fazer o procedimento”, falou o médico. “A preparação vai da avaliação do coração, do pulmão, da diabetes, do fígado. Tem que cuidar de algumas coisas para ele aguentar a cirurgia tranquila. Isso implica uma dieta pré-operatória, avaliação de vitaminas, de proteína”.

Família pede ajuda

Os cuidados de uma pessoa com superobesidade e elefantíase demandam recursos. Além de medicamentos e material para curativos, é preciso certa estrutura para acomodar o paciente confortavelmente. Na casa de José Antônio de Amorim, no bairro de Águas Brancas, em Vitória de Santo Antão, faltam alguns equipamentos para dar qualidade de vida ao homem.

Antônio já trabalhou como ajudante de pedreiro e catador de recicláveis, mas a condição o afastou do ofício. Hoje, é beneficiário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com uma das irmãs, a garçonete Maeli do Nascimento Amorim, 33, o valor ajuda a custear as medicações e o os curativos quando o material doado pelo posto de saúde acaba. “Fica tudo pouco, porque tem que estar sempre trocando para fazer a limpeza das feridas”, explicou Maeli.

A família pede ajuda para prover bem estar ao homem. Em primeiro lugar, ele precisa de uma cadeira de rodas confortável e resistente. “Ele nunca mais viu a rua. A gente tem um sofazinho velho que é a única coisa que ele conseguia sentar e ver a rua. Mas, sem conseguir andar, nem isso ele tá fazendo mais”, pontuou.

“A cama dele está toda quebrada. Para aguentar o peso dele, tinha que ser feita de tijolos. Não temos um colchão adequado; como ele não conseguia se levantar, tinha que fazer necessidade no próprio colchão e não tem fralda descartável apropriada para ele. As roupas têm que ser feitas sob encomenda”, descreveu.
A residência também precisa de reformas estruturais para acomodá-lo. “A gente estava correndo atrás de iluminação para o quarto dele, que não tem. A gente quer quebrar a parede para aumentar o quarto, porque fica muito pequeno e abafado para ele”, completou.

Interessados em ajudar podem entrar em contato com Maeli pelo número (81) 98816-4800.

 

TV JORNAL
Na terça-feira (22), ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, no Recife, mas não foi internado - FOTO:TV JORNAL

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