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Sem lixão, desafio no Grande Recife é aumentar taxa de 3,5% de resíduos reciclados

RESÍDUOS SÓLIDOS Meta de universalizar a coleta seletiva e ampliar a implantação de unidades de triagem está longe de ser alcançada

Mayra Cavalcanti
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Mayra Cavalcanti
Publicado em 04/10/2020 às 2:00
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Galpão Central. Reportagem sobre como está a coleta seletiva nos municípios do Grande Recife. Em Jaboatão dos Guararapes, a cidade possui a melhor situação de coleta seletiva. - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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Depois que a Região Metropolitana do Recife (RMR) fechou o último dos lixões — o que funcionava há quase 30 anos no bairro de Céu Azul, em Camaragibe, deixou de existir na quinta-feira (1º) — há um ponto que pode e precisa melhorar em todos os municípios do Grande Recife. Com apenas cerca de 3,5% do que é coletado sendo reciclado, as 14 cidades possuem diferentes programas de coleta seletiva e quantidades de cooperativas ou associações de catadores, com mais ou menos participação das gestões municipais. O problema é que todas estão longe de atingir patamares ideais.

A meta estabelecida pelo Programa de Coleta Seletiva para a Região de Desenvolvimento Metropolitana de Pernambuco (RDM/PE) era a universalização da coleta seletiva e a implantação de unidades de triagem chegando a patamares de 30% em 2018, e alcançando os 100% até 2028. No entanto, o percentual não foi atingido. De acordo com a gerente de Programas e Estudos Ambientais da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado (Seduh), Ana Gama, existem cidades mais avançadas e outras ainda incipiente. Um bom modelo é o de Jaboatão dos Guararapes. Em 2019, o município recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo seu programa.

"O diferencial de Jaboatão é ter cooperativas de catadores bem instaladas, com o acompanhamento do município, que contratou as cooperativas para fazer a triagem do lixo. Com isto, criou-se uma rede de comercialização, porque o que sai das cooperativas já tem um comprador", afirma Ana Gama. No outro extremo, municípios que precisam avançar, ou que ainda estão se estruturando, como Araçoiaba, Moreno, Igarassu e Itapissuma. "É preciso capacitar os catadores, ter uma cooperativa ou associação. O apoio do município é muito importante. O que temos ainda é muito pouco", completa.

Jaboatão possui quatro cooperativas, duas em Prazeres e duas em Jardim Jordão. As quatro empresas, contratadas pela prefeitura, dispõem de quatro caminhões de coleta seletiva cada. Esses veículos ficam em pontos estratégicos, enquanto os catadores fazem a coleta utilizando bicicletas e depositam os resíduos nesses caminhões.

"Fazemos um esforço muito grande, de várias secretarias, para diminuir a quantidade de resíduos, promovendo a inclusão social dos catadores. Nosso principal desafio, no entanto, é que Jaboatão é um município extenso, que tem uma parte rural, de difícil acesso", declara a superintendente de meio ambiente, Edilene Rodrigues. De acordo com ela, o projeto de ampliação, para que haja uma coleta melhor, envolve a parceria com empresas privadas, além de aumentar o número de catadores e os locais de coleta. "Temos consciência do que precisa ampliar. Sabemos que está dando certo e queremos melhorar, promovendo também a educação ambiental", acrescenta.

Desde 2008, todas as cidades aumentaram a quantidade de cooperativas, passando de 16, naquele ano, para 27 em 2020. Segundo José Cardoso, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), a coleta seletiva no Grande Recife é regular. "Já fomos um dos quatro melhores do Brasil, hoje diminuiu muito. Falta interesse do gestor para fazer galpões novos e dar apoio aos catadores", diz Cardoso.

Ele conta que a capital pernambucana já esteve melhor em relação à coleta. "A gestão é um pouco distante das cooperativas. A capital deveria ser um grande exemplo para o Estado todo, seria um incentivo. A renda iria aumentar e a qualidade de vida dos catadores também", relata. Segundo Cardoso, estima-se que a RMR tenha 30 mil catadores, organizados ou não. A diferença é que, quando o catador não faz parte de uma associação ou cooperativa, ele geralmente trabalha com carroças, sozinho, mais exposto a ambientes insalubres. "Quando ele entra para uma cooperativa, passa por treinamento, recebe EPIs. O lixo quando chega na cooperativa vem mais limpo, com mais qualidade e isso, no fim do mês, dá um retorno maior para a empresa", comenta.

O diretor da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Bruno Cabral, declarou que o Recife possui sete veículos de coleta seletiva, que fazem 60 rotas semanalmente. A cidade conta com 66 pontos de entrega voluntária, os chamados ecopontos. Mensalmente, recolhe três mil toneladas de lixo reciclável. "Temos 10 cooperativas cadastradas e mantemos oito delas, dando capacitação para que os catadores aprendam a triar esse resíduo. Precisamos que a população também saiba fazer a triagem desse material, porque quem ganha é o meio ambiente", disse.

O município de Igarassu, um dos que estão entre os menos avançados no manejo dos resíduos sólidos, no Grande Recife, não tem sequer coleta seletiva. De acordo com o secretário-executivo de Serviços Públicos, Sérgio Farias, há dois anos a cidade deu início à implantação de um plano de coleta, adquirindo contêineres para diferentes tipos de material, e a ideia era de que fosse iniciado nas escolas. "Esbarramos no fato de não ter onde entregar. A associação de catadores está desorganizada. A gente faria o serviço, mas não teria onde deixar esse resíduo. Por isto o processo foi paralisado", diz o secretário, informando que a prefeitura chegou a entrar em contato com a associação, solicitando a documentação, mas o grupo apresentava impostos atrasados e não conseguiu cumprir os prazos.

ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
ATIVIDDADES Jaboatão possui quatro cooperativas, duas no bairro de Prazeres e duas em Jardim Jordão - FOTO:ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Foto do antigo lixão de Camaragibe, fechado em 2020 - FOTO:FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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Após anos de promessas, a Prefeitura de Camaragibe finalmente irá fechar o lixão municipal da cidade. - FOTO:FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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Após anos de promessas, a Prefeitura de Camaragibe finalmente irá fechar o lixão municipal da cidade. - FOTO:FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

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