A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) encerrou a primeira fase das investigações que apuram a troca de tiros entre o major da Polícia Militar José Dinamério Barbosa da Silva Filho, de 49 anos, e o policial penal Ricardo de Queiroz Costa, 40 anos. Depois de todos os elementos colhidos, como análise de vídeos com imagens do crime, a Corregedoria solicitou que o major Dinamérico seja submetido a conselho de justificação, o que pode levar a expulsão do militar, perda da farda e dos quadros do funcionalismo público. No caso de Ricardo Queiroz, foi pedido a instauração de um processo administrativo disciplinar. Ambas determinações aguardam agora a assinatura de uma portaria pelo governador Paulo Câmara.
Depois de instaurado o conselho, três coronéis da PM vão analisar todos os elementos das investigações dos integrantes da Corregedoria Geral para determinar o destino do major, se vai ou não ser punido. Eles têm 60 dias para encerrar o inquérito. Já o policial penal terá sua punição analisada pela Secretaria de Justiça, a qual é subordinado.
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Além das investigações da Corregedoria, a Polícia Civil concluiu as investigações sobre o caso. O delegado de Homicídios, Francisco Onélio, indiciou José Dinamérico por triplo homicídio e duas tentativas de homicídio. Já Ricardo Queiroz foi indiciado por tentativa de homicídio. O inquérito foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no último dia 28 de setembro.
No dia 5 de setembro passado, os dois agentes da segurança pública estavam no Bar do Primo, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. De acordo com testemunhas, Ricardo chegou acompanhado por duas mulheres, uma delas sua esposa, além de um adolescente. O major Dinamércio teria chegado depois, com um grupo de amigos. Durante uma discussão entre os dois, houve a troca de tiros entre eles, tudo registrado por câmeras de segurança de um prédio próximo ao bar. Além dos envolvidos na confusão, outras cinco pessoas foram atingidas pelos disparos.
Veja o vídeo
Morreram Cláudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, 57 anos, Ekel de Castro Pires, 62, e George Mauro de Carvalho Vasconcelos, 70 anos. Ainda ficaram feridos Eva Valéria Alves do Nascimento, de 44 anos, e Eduardo Bernardo Pereira Gomes Insfran, de 55.
O advogado de Dinamérico, José de Siqueira Filho, explicou que Dinamérico agiu em legitima defesa. "Ele reagiu a uma justa agressão. O agente Ricardo, numa crise de ciúmes, sacou uma arma, mas encontrou um policial militar que também estava armado. Dinamérico, se sentindo ameaçado, reagiu em legitima defesa", disse. "A lei estabelece que o agente provocador, no caso o agente Ricardo, deve ser responsabilizado pelos danos causados em face de sua atitude, já que não tinha o direito de sacar a arma e ameaçar a vida de outras pessoas. Dinamérico, mesmo que tenha tingido terceiros, tinha direito de auto defesa", afirmou Siqueira Filho. O advogado disse ainda que o militar não vai se pronunciar porque é um oficial da PM e não pode falar sem uma ordem direta de seus superiores.
Procurado por nossa reportagem, o policial penal Ricardo Queiroz preferiu não se pronunciar. "Ele está muito mexido, muito abalado com tudo que aconteceu e muito sensibilizado e solidário também com as famílias das demais vítimas. Então prefere não dar entrevista, em respeito a dor dos familiares", disse, por nota, um parente do policial. Entramos em contato com o advogado de Ricardo, mas ele não retornou as nossas ligações.
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