Com o feriadão, o litoral sul do Estado foi a aposta de milhares de pernambucanos e turistas. Neste domingo (11), as badaladas praias do município de Ipojuca registraram grande movimentação. O dia ensolarado e o ânimo para aproveitar as atividades ao ar livre depois de tanto tempo cumprindo quarentena, no entanto, não podem dar espaço ao descuido em relação ao novo coronavírus. Mesmo assim, na praia de Porto de Galinhas, o distanciamento e uso de máscaras era via de regra apenas em hotéis e pousadas, enquanto na faixa de areia a sensação era de que a pandemia já havia acabado.
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A reportagem deste Jornal do Commercio esteve em Porto de Galinhas e registrou a grande movimentação até mesmo nas rodovias que dão acesso à praia. Para quem vinha pelo pedágio da Rota do Atlântico ou mesmo pela PE-060, ao chegar no distrito de Nossa Senhora do Ó, já se deparava com um congestionamento quilométrico.
A estimativa do município é que do sábado (10) até esta segunda-feira (12) - feriado de Nossa Senhora Aparecida, 90 mil visitantes passem pelas praias de Ipojuca. O número equivale ao registrado no último feriado, de 7 de setembro, e garante aos hotéis e pousadas a ocupação quase que completa.
De acordo com o Convention Bureau de Porto de Galinhas, em Ipojuca a ocupação beira os 65% a 70%. Como essa a determinação da capacidade total permitida aos estabelecimentos pelo governo do Estado, para o setor, neste momento, isso significa a capacidade máxima.
Cuidados com a covid-19
Com tanta gente reunida nos mesmo locais, é preciso reforçar a vigilância quanto aos cuidados de prevenção à covid-19. Em ambientes controlados, como os hotéis, a reportagem pode acompanhar que as pessoas continuavam fazendo uso do álcool em gel, mantendo uma distância considerada mais segura em relação aos demais e estando de máscara.
Já na praia, o cenário era totalmente diferente. Durante a manhã e início da tarde, a via de regra era estar sem máscara mesmo no momento em que não era feita a ingestão de bebidas e comidas ou banhava-se no mar. A exceção eram poucos frequentadores e comerciantes, que ainda assim não conseguiam fazer nenhum controle da proximidade entre as barracas, tampouco da circulação das pessoas.
A estudante Mirella Leal, do Recife, estava acompanhada do namorado, da mãe e de um casal de amigos. Todos destoavam dos outros banhistas por estarem usando a máscara. O que era pra ser regra, virou exceção. “Já tive covid-19 e estou recuperada, mas sei que, talvez, eu possa ser um agente de contaminação sem nem saber. Então me preocupo com os outros”, justificou Mirella.
O vendedor de coco verde Ismael Luís da Silva, de 73 anos, conduzia sua carroça na beira da praia como faz há 24 anos. Ele disse estar satisfeito com a volta do movimento de pessoas mas condena o descaso pelo uso da máscara. “Eu uso mas não é com medo da fiscalização, não. Tenho uma irmã que já teve a doença [covid-19] e sei que o negócio é sério”, alertou seu Ismael.
A escrivã de polícia Eugênia Maria Santos, veio de Fortaleza (CE) junto com o marido e a mãe, dona Eunice, de 80 anos. A família fazia parte de um grupo de 56 turistas, vindos do Ceará. Todos usavam máscaras e faziam uso de álcool em gel. “Não conhecia Porto de Galinhas e estou gostando muito mas, ao mesmo tempo, é triste ver que tem tanta gente sem fazer o certo, sem levar essa doença a sério”, lamentou dona Eugênia
De acordo com a prefeitura de Ipojuca, para este feriadão foram deslocados 390 guardas municipais, 250 funcionários do controle urbano e 60 salva vidas. Em Porto de Galinhas, a reportagem avistou salva-vidas e alguns poucos guardas municipais.
A secretária de turismo de Ipojuca, Carol Vasconcelos, admite que tem sido difícil controlar a população e reforça o pedido de conscientização por parte das pessoas. "Acredito que seja um problema que está sendo enfrentado no mundo todo (desrespeito às regras de prevenção). E aí partimos para uma questão de consciência pessoal. Com os comerciantes, as equipes do controle urbano têm orientado, pelo decreto estadual há previsão de punição, mas não se chegou a esse ponto porque eles têm respeitado. Agora, para os visitantes em geral tem sido um desafio", afirma.
Hotelaria
Otaviano Maroja, vice-presidente do Porto de Galinhas do Convention Bureau, estima que a ocupação em Ipojuca neste final de semana prolongado beira de 65% a 70%. Como essa é a determinação da capacidade total permitida aos estabelecimentos pelo governo do Estado, para o setor, neste momento, isso significa a capacidade máxima da rede hoteleira. “Se pudéssemos utilizar todos os leitos disponíveis estaríamos entre 90% e 100% de ocupação”, afirmou. Maroja se demonstrou satisfeito com a retomada do turismo e a ocupação dos hotéis, sobretudo por viajantes vindos do Sul e Sudeste que já estão completamente adaptados, segundo ele, as novas regras de segurança implantadas como o check-in on line e o fato de os turistas não mais se servirem diretamente no buffet. As refeições são servidas pelos funcionários de acordo com o pedido do cliente.
Em relação a aglomeração vista nas praias, Maroja diz que geralmente o turista evita ir a praia aos domingos, preferindo fazer o passeio nos outros dias da semana. Em relação a perspectiva para o próximo feriadão, 2 de novembro, ele diz ser muito boa. “Estamos com mais de 50 voos diários para a capital pernambucana, enquanto João Pessoa tem cerca de três voos diários, Maceió cinco e Natal apenas oito voos, isso nos dá um diferencial muito grande”. O hoteleiro, no entanto, demonstra preocupação em relação ao restante do ano. “A nossa ocupação durante os feriadões tem sido muito boa, mas e nos outros dias da semana? É preciso divulgar mais o destino Pernambuco”, apregoa.
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