Marcas da paisagem e cartão postal do Recife, seja para quem mora ou visita a capital pernambucana, as conhecidas pontes da cidade escondem sinais de degradação por trás da beleza para quem olha por cima. Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), pelo menos quatro dessas construções (pontes Giratória e Maurício de Nassau, no Bairro do Recife; Ponte José Barros Lima, em Joana Bezerra; e o Viaduto Joaquim Cardoso, que liga os Coelhos com a Boa Vista; todos na área central) apresentam aparente comprometimentos. Entre os problemas notados, há ferragens expostas e fissuras no composto estrutural. As vistorias do CREA foram realizadas entre essa segunda-feira (23) e terça-feira (24).
Além dessas, foram averiguadas as situações das pontes de Ferro e Velha, no Bairro do Recife; Gilberto Freyre e Motocolombó, em Afogados, na Zona Oeste; e Governador Paulo Guerra, no Pina, Zona Sul; que estavam em melhor estado de conservação, segundo o órgão. Nesta quarta-feira (25), passarão por análise as pontes do Limoeiro, Princesa Isabel, Duarte Coelho e Buarque de Macedo, no Centro, totalizando doze equipamentos inspecionados.
Os resultados são de análise visual preliminar feita por profissionais da engenharia civil, engenharia ambiental, engenharia de pesca e florestal. O laudo completo, com detalhamentos e avaliação de riscos, ainda será elaborado, com previsão de publicação para dezembro. Por isso, ainda não dá para saber se as alterações oferecem algum perigo à população. O documento também vai trazer uma avaliação do ecossistema dos rios, com mapeamento das espécies presentes e indicadores de poluição nas bacias do Capibaribe e Tejipió.
As vistorias estão sendo feitas como parte da Blitz do CREA, projeto iniciado em 2016, explicou o presidente do conselho, Evandro Alencar. Esta é a primeira vez que as pontes são examinadas na iniciativa; nos anos passados, o Rio Ipojuca foi objeto da inspeção. “O que ensejou a ideia de fazer essa blitz do CREA foi porque ficou claro para nós que havia uma necessidade de maior e melhor manutenção dessas pontes, que são muito importantes como vias de acesso, mas também importantes obras de arte da nossa cidade”, afirmou.
O presidente pontuou que foram selecionadas para passarem pela vistoria as construções que ficam localizadas na área centrais da capital. “Nós temos a ideia de que são mais utilizadas no dia a dia, foram escolhidas por essa linha de raciocínio”, comentou. Dessas doze, só a Ponte Motocolombó passou por obras de recuperação pela Prefeitura do Recife nos últimos anos. A gestão investiu R$ 4,5 milhões na revitalização do equipamento.
Outras duas pontes, a da Torre e do Derby, também passaram por intervenções que custaram R$ 11 milhões. A recuperação dessas e de mais quatro pontes foram previstas no Plano de Recuperação de Pontes da prefeitura, lançado no final de 2018.
De acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), os projetos da Ponte Princesa Isabel; Ponte 12 de Setembro – Giratória; Ponte Joana Bezerra e Ponte Joaquim Cardoso já foram concluídos, e estão na etapa de elaboração de orçamento.
Em nota, a Emlurb acrescentou que também já avaliou a situação das demais pontes da cidade. “As obras serão realizadas de acordo com os critérios técnicos e disponibilização orçamentária para priorização”, falou a autarquia.
Antes do Plano, a Emlurb havia reconstruído duas pontes: a ponte do Rio Tejipió, em 2015, com investimento de R$ 1,5 milhão, e a da Rua José C. Cosme, em Dois Unidos, Zona Norte, em 2018, custando R$ 800 mil.
Alencar defende, no entanto, que os reparos sejam feitos de forma constante pela prefeitura. “Para nós que somos engenheiros, é muito claro que fazer a manutenção é muito mais barato que fazer a recuperação. Sem contar que a manutenção feita devidamente dentro das normas técnicas traz maior segurança”, comentou.
O pleito do CREA é que essas obras sigam a escala de periodicidade descrita no texto integral da Lei de Manutenções Prediais (nº 13.032), aprovada em 2016 pela Alepe mas não regulamentada em sua totalidade. “(O tempo entre manutenções) varia de equipamento para equipamento, inclusive por tempo de uso”, disse.
Leia a nota da Emlurb na íntegra
"A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana explica que já realizou vistoria técnica em todas as pontes da cidade, para avaliar as condições estruturais e lançou o Plano de Recuperação das Pontes do Recife. Em um primeiro momento, sete pontes foram priorizadas através de critérios técnicos e três já tiveram a requalificação concluída: a Ponte do Derby, Ponte da Torre e Ponte Motocolombó.
Também já foi finalizada a elaboração dos projetos de outras quatro pontes, a Ponte Princesa Isabel; Ponte 12 de Setembro – Giratória; Ponte Joana Bezerra e Ponte Joaquim Cardoso, cujos processos de elaboração de orçamento já estão sendo realizados. A situação das demais pontes da cidade já foi avaliada pela Emlurb e as obras serão realizadas de acordo com os critérios técnicos e disponibilização orçamentária para priorização.
OUTRAS PONTES - Em 2015, a Emlurb investiu cerca de R$ 1,5 milhão na recuperação e reconstrução da ponte do Rio Tejipió. Em 2018, o órgão concluiu a recuperação estrutural da ponte na Rua José C. Cosme, em Dois Unidos, intervenção que contou com a demolição da antiga estrutura e construção de uma nova em concreto. O serviço teve um custo de R$ 800 mil. A nova ponte, com 16 metros de extensão, cruza o Rio Morno, no ponto localizado na Rua José C. Cosme. A estrutura foi projetada para a passagem de veículos nos dois sentidos, além de passeio para pedestres com guarda-corpo. Em função dos desgastes naturais dos materiais que compunham a antiga estrutura da ponte foi necessária a intervenção resgatando suas características iniciais.
Além dessas intervenções, em 30 de abril deste ano a Emlurb concluiu o pontilhão da Avenida Pinheiros, na Imbiribeira, complementando a requalificação da via. O novo pontilhão, com 15 metros de extensão, foi construído em concreto, com sua base em quatro bueiros celular, duas faixas de rolamento para a passagem de veículos e passeios nas duas extremidades. O valor investido na nova estrutura foi de R$ 740 mil."
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