RELIGIÃO

Uma fé que move. Uma devoção que arrasta. A festa de Nossa Senhora da Conceição em meio à pandemia do coronavírus

Dois sentimentos fortes fizeram centenas de fiéis subirem o morro nesta terça-feira (8), sob um sol forte de verão, para rezar por alguns minutos diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 08/12/2020 às 14:20 | Atualizado em 08/12/2020 às 14:33
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Fiéis terão reverenciam Nossa Senhora - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Fé. Devoção. Dois sentimentos fortes que fizeram centenas de fiéis subirem o morro, sob um sol forte de verão, para rezar por alguns minutos diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Todos que ali estavam nesta terça-feira 8 de dezembro, dia oficial da santa, uma das muitas faces de Maria, mãe do menino Jesus na religião católica, sequer cogitaram não ir reverenciá-la. Deixar de ir pedir proteção à grande mãe. A crença e a fé falaram mais alto do que os apelos dos padres e do que o medo da pandemia do coronavírus, que já matou mais de nove mil pessoas somente em Pernambuco.

Minha neta, hoje com quatro anos, nasceu muito doente, com a imunidade baixa. Ficou internada por 15 dias na UTI. Na época, eu a entreguei à Nossa Senhora da Conceição. Pedi que, se ela conseguisse ficar bem, saísse da UTI, eu a traria para pagar a promessa. E hoje estamos cumprindo o prometido. Nada me impediria. Nada”,
Rita Alexsandra Pereira do Amaral, devota

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Rita Alexsandra Pereira do Amaral, que subiu o morro vestida de azul com a neta e a filha - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

“Não tem jeito. Não tem padre, pedido ou pandemia. Quem tem fé não deixa de subir o morro. Com vírus ou não, nada impede os devotos de Nossa Senhora da Conceição de subirem esta colina, o Morro de Conceição. A fé do povo é viva. É forte”. As palavras de Severina da Paz, 85 anos, devota e voluntária da festa, moradora do morro há 79 anos, resume o sentimento dominante no santuário nesta terça-feira (8). Nem mesmo as filas que se formaram durante todo o dia para ordenar o acesso à imagem da santa e o pouco tempo de permanência junto a ela - já que a frequência era controlada pelos voluntários para permitir a entrada de novos fiéis - desanimaram as pessoas.

Se pensarmos o hoje, a partir de anos anteriores, dizemos que têm pouquíssimas pessoas. Mas dentro desse novo normal, superou nossas expectativas. Fizemos muitos apelos para que as pessoas não viessem, que assistissem às missas pela internet ou que subissem o morro em outros dias que não o dia 8. Mas não teve jeito. As pessoas vieram. É a fé. Temos que entender. Estamos fazendo de tudo para manter os protocolos e temos conseguido”, afirmou o reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição,
Padre Luiz Vieira, que pela primeira vez está à frente da festa

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Padre Luiz Vieira - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Mesmo com as orações mais apressadas, a devoção dos fiéis impressionava. Foi o caso de Rita Alexsandra Pereira do Amaral, que subiu o morro vestida de azul para agradecer pela sobrevivência da neta de quatro anos. “Ela nasceu muito doente, com a imunidade baixa. Ficou internada por 15 dias na UTI. Na época, eu a entreguei à Nossa Senhora da Conceição. Pedi que, se ela conseguisse ficar bem, saísse da UTI, eu a traria para pagar a promessa. E hoje estamos cumprindo o prometido. Nada me impediria. Nada”, afirmou.

LOTAÇÃO
O número de pessoas no morro surpreendeu até mesmo os responsáveis pelo Santuário de Nossa Senhora da Conceição, que esperavam algo aproximado a 10% do movimento do ano passado, quando não havia pandemia. Mas a estimativa foi de que 40% do público compareceu, mesmo com a crise sanitária e os apelos para que acompanhassem a festa de casa, assistindo às missas transmitidas pela internet. Em 2019, 1,7 milhão de pessoas passaram pelo morro nos 11 dias da festa e 250 mil nos quatro dias que antecedem o dia 8.

Vim agradecer pela minha família, pelos meus, mas vim pedir por todos nós. Pedir que Nossa Senhora da Conceição nos livre desse vírus. O Brasil e o mundo. Tenho certeza que ela vai interceder junto ao Pai e vai livrar a humanidade desse vírus. Só ela tem essa força para nos ajudar, nos proteger. Vim pedir por todos”,
Maria de Lourdes, professora aposentada

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Maria de Lourdes, professora aposentada, que subiu o morro para agradecer uma graça alcançada há muitos anos, que ela preferiu não revelar - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

“Se pensarmos o hoje, a partir de anos anteriores, dizemos que têm pouquíssimas pessoas. Mas dentro desse novo normal, superou nossas expectativas. Fizemos muitos apelos para que as pessoas não viessem, que assistissem às missas pela internet ou que subissem o morro em outros dias que não o dia 8. Mas não teve jeito. As pessoas vieram. É a fé. Temos que entender. Estamos fazendo de tudo para manter os protocolos e temos conseguido”, afirmou o reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, padre Luiz Vieira, que pela primeira vez está à frente da festa.

Venho todo ano e nada me impediria. Enquanto tiver fé, força e esperança estou junto dela, de Nossa Senhora da Conceição. Só ela pode nos ajudar a passar por esse momento tão difícil. Nos dar esperança”,
Jaidete Maria de Arruda (E), devota

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Jaidete Maria de Arruda, que não se intimidou sob o sol forte - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A pandemia, ao contrário, funcionou como um motivador da fé. “Vim agradecer pela minha família, pelos meus, mas vim pedir por todos nós. Pedir que Nossa Senhora da Conceição nos livre desse vírus. O Brasil e o mundo. Tenho certeza que ela vai interceder junto ao Pai e vai livrar a humanidade desse vírus. Só ela tem essa força para nos ajudar, nos proteger. Vim pedir por todos”, afirmou Maria de Lourdes, professora aposentada, que subiu o morro para agradecer uma graça alcançada há muitos anos, que ela preferiu não revelar.

É o meu primeiro ano como voluntário da Festa do Morro, embora já colabore com o santuário há mais de quatro anos. E, de fato, nunca o papel dos voluntários foi tão importante, tão desafiador como este ano, devido à pandemia. Somos nós que estamos ajudando a população a se aproximar de Nossa Senhora, levando os objetos para serem abençoados e acendendo as velas, por exemplo”,
Bruno da Silva Bezerra, voluntário

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Bruno da Silva Bezerra, voluntário na Festa do Morro - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

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Minha neta, hoje com quatro anos, nasceu muito doente, com a imunidade baixa. Ficou internada por 15 dias na UTI. Na época, eu a entreguei à Nossa Senhora da Conceição. Pedi que, se ela conseguisse ficar bem, saísse da U

Rita Alexsandra Pereira do Amaral, devota
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Se pensarmos o hoje, a partir de anos anteriores, dizemos que têm pouquíssimas pessoas. Mas dentro desse novo normal, superou nossas expectativas. Fizemos muitos apelos para que as pessoas não viessem, que assistissem às missas

Padre Luiz Vieira, que pela primeira vez está à frente da festa
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Vim agradecer pela minha família, pelos meus, mas vim pedir por todos nós. Pedir que Nossa Senhora da Conceição nos livre desse vírus. O Brasil e o mundo. Tenho certeza que ela vai interceder junto ao Pai e vai livrar a

Maria de Lourdes, professora aposentada
Citação

Venho todo ano e nada me impediria. Enquanto tiver fé, força e esperança estou junto dela, de Nossa Senhora da Conceição. Só ela pode nos ajudar a passar por esse momento tão difícil. Nos dar esperan

Jaidete Maria de Arruda (E), devota
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É o meu primeiro ano como voluntário da Festa do Morro, embora já colabore com o santuário há mais de quatro anos. E, de fato, nunca o papel dos voluntários foi tão importante, tão desafiador como es

Bruno da Silva Bezerra, voluntário
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Jaidete Maria de Arruda, que não se intimidou sob o sol forte - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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"Vim pedir que Nossa Senhora da Conceição nos livre desse vírus. O Brasil e o mundo. E ela vai conseguir", afirmou Maria de Lourdes, professora aposentada - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Rita Alexsandra Pereira do Amaral, que subiu o morro vestida de azul com a neta e a filha - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Nosso papel esse ano foi ainda mais importante na organização devido à pandemia", comenta o voluntário do santuário Bruno Silva - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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NOVO NORMAL Celebrações como a do padre Luiz Vieira tiveram que obedecer ao distanciamento - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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A pandemia, ao contrário, funcionou como um motivador da fé - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

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