Namorado suspeito de jogar manicure no Rio Tejipió, no Recife, se entrega à polícia
Homem compareceu ao DHPP acompanhado de advogado no início da tarde desta terça-feira (5)
Matéria atualizada às 18h04
Com informações da repórter Mônica Ermírio, da TV Jornal
O suspeito de assassinar e jogar o corpo da manicure Dione Gomes da Silva, de 40 anos, no Rio Tejipió, no Recife, se apresentou ao Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), localizado no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da capital, na tarde desta terça-feira (5). O namorado da vítima, que é mototaxista, chegou à delegacia acompanhado do advogado momentos depois que um corpo, identificado como sendo da manicure, ter sido encontrado pelo Corpo de Bombeiros.
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O homem recebeu voz de prisão e foi autuado em flagrante pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. No final da tarde, ele foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) para realizar o exame de corpo delito. Na saída do suspeito, um tumulto foi registrado na delegacia quando populares que estavam no local tentaram linchar o mototaxista.
O homem permanecerá no DHPP aguardando pela audiência de custódia online, que acontecerá na quarta-feira (6). A polícia segue colhendo depoimentos de amigos e familiares de Dione, com o objetivo de entender a dinâmica do relacionamento e o que pode ter acontecido na noite em que a manicure foi morta.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Francisco Océlio, o nome do namorado já estava nos autos como autor do crime. "Já tínhamos conhecimento da autoria desde o momento que tínhamos certeza que ela foi executada. O que restava era realizar a localização do corpo. Também já havíamos colhido o depoimento da pessoa que auxiliou o suspeito a carregar o corpo no próprio carro. Ele alega que não auxiliou a jogar, mas essa é a versão que se dá. Já que, sozinho, o suspeito não teria condições de carregar esse corpo pela comunidade e não teria como chegar até o local de descarte", comentou o delegado.
O local do crime já havia sido periciado por duas vezes, uma delas durante a noite, com o objetivo de identificar rastros de sangue da vítima. A arma que teria sido utilizada no crime não foi encontrada pela polícia. O delegado afirma que, apesar de ainda não ter sido concluído, já teve acesso ao trabalho da perícia. "As fotos falam por si e dizem a dinâmica do crime, como ele foi praticado e como a vítima foi abordada. Já sabíamos que foi utilizada uma arma branca por conta da quantidade de sangue derramada no local, que o autor lavou e tentou esconder os vestígios", explicou Océlio.
Encontrado no fim da manhã desta terça-feira (5), o corpo que foi identificado por familiares de Dione como pertencente à vítima, apresentava lesões de arma branca na região do pescoço. Por estar em avançado estado de composição, o corpo precisou ser encaminhado ao IML para ter a identidade confirmada.
O corpo foi localizado no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, em um braço do Rio Tejipió, a cerca de 5km de distância da área onde o corpo de Dione teria sido jogado pelo companheiro. O corpo estava vestido e foi encontrado preso a vegetação do local.
O caso
De acordo com familiares e amigos de Dione, ela foi vista pela última vez às 22h do sábado (2), quando saiu da casa onde morava, no bairro de Monte Verde, em Jaboatão dos Guararapes, em direção à casa do namorado, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife.
Ainda segundo a família, a informação recebida é que o namorado da mulher, identificado apenas como Maurício, teria ligado para um parente pedindo para socorrer Dione, que estaria ensanguentada. Ao chegar na Ponte Motocolombó, ele teria solicitado a parada do carro e em seguida jogado a vítima no rio. Ainda não se sabe se Dione foi jogada viva ou morta.
"Ele chegou aqui, bateu na janela e disse que a esposa estava passando mal. Eu imediatamente acordei, peguei o carro, coloquei na beira do portão. Ela estava deitada, com as costas pro chão, um pano branco coberto. Porque ele disse que ela teve um derrame, caiu, bateu a cabeça e ficou sangrando. Aí eu pensei que estava desmaiada", explicou um parente do suspeito, que não terá a identidade revelada.
Ainda segundo ele, após colocarem Dione no carro, o suspeito foi até a casa e pegou um balde com alguns lençóis sujos de sangue, e então os dois saíram em direção à Policlínica de Afogados. "Quando chegou ali na ponte ele falou 'para o carro aí, pô', eu questionei 'pra quê parar?' e ele disse que era pra jogar os panos com sangue. Aí eu parei, mas com medo dele estar com alguma arma ali, alguma coisa. Ele realmente jogou o balde, mas depois abriu a porta de trás do carro e pediu ajuda pra pegar ela", conta a testemunha. "Eu falei que o hospital estava bem pertinho, falei 'vamos levar pro hospital, por favor', aí ele mesmo pegou ela e jogou dentro da maré. Eu fiquei totalmente paralisado", revelou a testemunha, bastante abalada, em entrevista à Rádio Jornal.
Segundo a filha da vítima, que também não terá o nome divulgado, a mãe tinha um relacionamento com o suspeito há apenas nove meses, marcado por ciúmes. "Ele não deixava ela fazer nada. Até um riso que ela desse incomodava ele, chegou ao ponto até de ela terminar com ele, mas como ela tinha o coração mole, ela voltou com ele", contou a filha.
Agora, o que restam são as lembranças dos planos que mãe e filha fizeram para 2021. "Me lembro que a última vez que a gente conversou, ela estava lá em casa deitada na minha cama, e disse que ia construir uma casa atrás da minha para que a gente pudesse viver mais perto uma da outra", contou a filha da vítima.
Confira fotos da busca pelo corpo da manicure: