PANDEMIA

"Aglomerações de fim de ano e Carnaval vão ter um preço", alerta especialista sobre covid-19

O Estado anunciou a suspensão do Carnaval, mas ainda não decidiu sobre manter ou não o feriado

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Amanda Rainheri

Publicado em 11/01/2021 às 21:11 | Atualizado em 11/01/2021 às 22:21
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As praias lotadas e os flagrantes de desrespeito aos protocolos para evitar a disseminação do novo coronavírus, aliados à ineficiência da fiscalização do poder público, podem ser o prenúncio de uma situação ainda mais preocupante. No último final de semana, blocos e troças foram às ruas do Recife e Olinda, na Região Metropolitana, mesmo com o pedido de não haver aglomerações. O Estado anunciou a suspensão do Carnaval, mas ainda não decidiu sobre manter ou não o feriado. A possibilidade de reunião de centenas de pessoas nas ruas preocupa especialistas.

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Nas imagens observadas no fim de semana, é possível ver aglomerações em ensaios de blocos no Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista, Centro da capital, e nas ruas do bairro da Mangueira, na Zona Oeste. Nos vídeos, as pessoas aparecem sem máscara. Uma das troças seria a "Prato Misterioso", fundada em 1919. A reportagem tentou contato com o bloco, mas não obteve sucesso.

De acordo com a Polícia Militar, policiais chegaram a entrar em contato com a organização do evento no Pátio de Santa Cruz antes de sua realização, orientando a encerrar a apresentação, o que não ocorreu.

Policiais também intervieram no desfile em comemoração aos 47 anos do Menino da Tarde, em Olinda. Segundo o presidente do bloco, Sílvio Botelho, que também é o criador dos bonecos gigantes, a intenção era fazer um pequeno cortejo de um quilômetro, com apenas nove pessoas, ao som de clarins, que pudesse ser acompanhado de casa ou pelas redes sociais. Quando o cortejo chegou ao Largo do Amparo, foi encerrado pela PM.

Segundo ele, outros blocos também devem sair às ruas apenas com os estandartes durante o período. Botelho acredita que será difícil manter as pessoas em casa. "O povo vai pra rua de todo jeito, nem que seja batendo lata. Está sedento pelo Carnaval."

O Governo de Pernambuco anunciou a suspensão da festa em dezembro. Vários clubes se posicionaram favoravelmente à decisão, como os tradicionais Galo da Madrugada e Homem da Meia Noite. "Por mais doloroso que seja, não tem como ser diferente", avaliou Luiz Adolpho, presidente do calunga. Para ele, o posicionamento dos blocos é importante para estimular as pessoas a ficarem em casa. "Mudamos nosso tema para 'Faltam 365 dias'. Pedimos para as pessoas esperarem. Mas é um desafio grande, porque é uma questão de base, de educação das pessoas."

Em nota, a Prefeitura de Olinda disse que mantém diálogo com as agremiações e que manterá o esquema de segurança para evitar descumprimento de medidas, com Guarda Municipal e PM. O município disse ainda que aguarda definição do Estado sobre a manutenção do feriado para definir operações. Já a Prefeitura do Recife afirmou que "não promove ou autoriza a realização de shows, eventos ou apresentações artísticas/culturais", e que seguirá orientando e fiscalizando.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que quem desrespeitar as regras poderá ser autuado por não adotar medidas sanitárias de prevenção à disseminação de doenças infectocontagiosas. A pena é de um mês a um ano de prisão, além de multa. Já a Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco lembrou que as prévias estão vetadas. A pasta salientou que a fiscalização cabe aos municípios.

As aglomerações preocupam especialistas. "É surpreendente estar havendo prévia. Essas aglomerações, tanto de fim de ano como de Carnaval, vão ter um preço", alertou a infectologista Vera Magalhães. Para ela, é possível que em 2022 a festa não aconteça. "Mesmo com vacina, é preciso que 70 a 80% da população esteja vacinada. Há a previsão de 100 milhões de doses, que atenderiam a 50 milhões de pessoas, e temos mais de 200 milhões de brasileiros. Vai demorar para que haja vacinação."

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