Falta de água castiga moradores de Nazaré da Mata
A população está há pelo menos 15 dias sem uma gota d'água nas torneiras
Não bastasse a crise sanitária gerada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), quem vive em Nazaré da Mata, na Mata Norte do Estado, ainda precisa conviver com a falta de um insumo básico, tanto para consumo quanto para higiene: a água. Há cerca de 15 dias, as torneiras não pingam na cidade, que tem mais de 30 mil habitantes.
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Uma moradora do bairro de Alto da Boa Vista, de 57 anos, que preferiu não se identificar, desabafou sobre a situação. "Está difícil. Segunda-feira fomos eu e as vizinhas para dentro do mato, pegar água em um riacho. Está todo mundo sofrendo muito. Tem idoso, gente acamada, tudo sem água", relata a mulher, que precisou se expor mesmo sendo asmática e integrando o grupo de risco para o novo coronavírus.
Segundo ela, mil litros de água, que eram vendidos a R$ 20 agora custam R$ 40. "Será que a gente não vale de nada pra Compesa, para os políticos que toda eleição batem aqui nas nossas portas? A gente tem recorrido ao riacho, uma água que nem é limpa, para poder lavar as roupas pelo menos. Mas aquilo fica parecendo um formigueiro de gente. E para conseguir beber água, tem que pagar caro desse jeito."
O professor Salustiano Pereira, 52, morador do bairro da Vila, relata que a situação não é novidade. "Existem localidades que já passaram um ano sem água. Temos uma barragem que há quase 10 anos foi construída e não abastece a cidade, por irresponsabilidade do governo de Pernambuco. Nesses últimos dois anos, uma série de audiências ocorreram junto ao Ministério Público, mas nada se resolve", criticou.
Segundo ele, novos calendários são divulgados frequentemente pela Compesa, mas nenhum é obedecido. "Mas a conta chega. Inclusive, com uma taxa altíssima de esgoto, que representa 80% do que cada rediência consome de água. Se eu gastar R$ 50, vou acabar pagando cerca de R$ 80, sem ter acesso nem a água nem a esgoto."
Salustiano, que é gestor ambiental, apontou que, quando a Barragem de Morojozinho foi construída, em 2013, parte da tubulação não foi feita, o que acabou prejudicando o fornecimento de água.
Resposta
Em nota, a Compesa informou que as dificuldades de abastecimento o verificadas recentemente em Nazaré da Mata foram ocasionadas pelo nível muito baixo da Barragem de Morojozinho, que atende a cidade, consequência da escassez de chuvas na região. Essa situação estava impedindo a regularização do riacho Morojizinho, onde a Companhia tem um ponto de captação de água.
"Para evitar o desabastecimento de Nazaré da Mata, a Compesa adotou procedimentos de ajustes operacionais no sistema, permitindo o escoamento da água para o riacho e, consequentemente, sendo possível a retomada da operação que ocorreu desde o dia 03. Porém, diante da situação de armazenamento da barragem, que hoje se encontra com apenas 26% da sua capacidade, e com o objetivo de preservar o manancial até as próximas chuvas na região, permitindo, assim, a recuperação do mesmo, a Compesa precisou adotar um novo regime de abastecimento de forma emergencial e provisória", diz um trecho.