FEMINICÍDIO

Após prisão do ex-genro, familiares da dentista morta no Grande Recife esperam que a justiça seja cumprida

O ex-marido de Emelly foi preso pela Polícia Civil e encaminhado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel)

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Danielle Santana

Publicado em 01/03/2021 às 13:49 | Atualizado em 01/03/2021 às 15:25
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Com informações da repórter Mônica Ermírio, da TV Jornal

Ainda muito abalados, os pais da dentista Emelly Nayane buscam apoio um no outro para enfrentar a dor de perder a filha, morta na última segunda-feira (22). Neste sábado (27), o ex-marido de Emelly, um comerciante de 24 anos que não teve o nome divulgado, foi preso pela Polícia Civil e encaminhado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Principal suspeito de cometer o crime, ele está sendo investigado por feminicídio. Aliviados com a prisão do ex-genro, os pais da dentista consideram que esse é apenas o início da jornada em busca de justiça.

"Eu sei que a batalha é grande, é o começo de uma história de justiça, mas que ele pague até o último momento da sentença dele na prisão. A gente faz um apelo que em nenhum momento ele saia da cadeia para responder em liberdade", afirmou Ely dos Santos Ribeiro, pai da jovem. 

Sem comer, nem dormir direito há dias, a mãe de Emelly, Josymeri Bento, destacou que o neto de 2 anos, filho da jovem, já demonstrou que sente falta da mãe. "Eu não aguento saber que esse homem pode responder em liberdade. Eu quero que os juízes não deixem isso acontecer. Eles têm filhos", disse.

Para os familiares de Emelly, a prisão do comerciante já era esperada. A declaração de óbito da dentista apontou que a causa da morte foi asfixia por esganadura. "Saiu o resultado que confirma a morte por esganadura. Estamos aguardando o restante dos exames, que foram vários. Também estamos aguardando o resultado do inquérito para saber o próximo passo, principalmente, para saber qual o indiciamento do acusado", afirmou o advogado Ewerton Tauan, que representa a família da dentista.

Defesa

O advogado Graziano Silva, que representa o suspeito de cometer o crime, falou sobre o caso. "Ele está trabalhando em comum acordo com a polícia para que seja levantados e elucidados todos os elementos provatórios, para que a gente possa fazer a melhor defesa possível. Ele se reservou a ficar calado, com orientação nossa".

De acordo com o advogado, a expectativa agora é de que a prisão preventiva seja revertida em medida cautelar. "Combinamos que ele se entregasse, e informamos a situação da prisão. Verificamos que se trata de prisão preventiva, então temos que verificar se os motivos autorizadores da prisão preventiva permanecem. Caso não, solicitamos para que seja substituída por uma medida cautelar e ele sairá da prisão"

Relembre o caso

A dentista de 24 anos morreu na última segunda-feira (22) em Paulista, no Grande Recife. No dia anterior, quando houve último contato entre mãe e filha, Emelly saiu para a casa do ex-marido, em Maria Farinha, Paulista, na Região Metropolitana do Recife, porque ele estaria doente. A mãe da vítima disse que recebeu a informação de que a filha e o suspeito teriam se desentendido. O casal estava separado há cerca de um mês e, de acordo com o pai da vítima, a dentista já tinha sido agredida algumas vezes pelo suspeito, e ambos tinham um relacionamento conturbado.

Segundo familiares, a jovem foi socorrida pelo ex-sogro na segunda até um hospital de Paulista, mas já chegou sem vida à unidade de saúde. Os médicos desconfiaram do estado da vítima, que estava com marcas no pescoço. Por isso, acionaram a Polícia Militar, e o corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML).

A declaração de óbito da vítima trazia a asfixia direta por esganadura, que consiste na pressão exercida no pescoço da vítima pela ação direta das mãos do agressor, como causa da morte. A declaração informa ainda que foram solicitados exames complementares. 

No sábado (27), o ex-marido da dentista foi preso pela Polícia Civil. O homem é o principal suspeito de cometer o crime, que no início estava sendo tratado como "morte a esclarecer" pela polícia. De acordo com nota divulgada pelas autoridades, neste domingo, o suspeito, um comerciante de 24 anos que não teve o nome divulgado, é investigado por feminicídio. Ele foi preso em cumprimento de mandado de prisão preventiva e já está no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima. 

O casal estava separado há cerca de um mês. O caso está sendo investigado pelo delegado Augusto Cunha.

#UmaPorUma

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