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UFPE entra com notificações extrajudiciais para cobrar aluguel do histórico Memorial da Medicina de Pernambuco

O prédio, que abriga a Academia Pernambucana de Medicina e o Memorial de Medicina de Pernambuco, foi tombado como Patrimônio Cultural de Pernambuco

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Rute Arruda

Publicado em 01/03/2021 às 18:12 | Atualizado em 01/03/2021 às 22:00
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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC), entrou com seis notificações extrajudiciais para cobrar aluguel de um imóvel localizado na Rua Amaury de Medeiros, no bairro do Derby, área central do Recife. Tombado como Patrimônio Cultural Pernambucano, o prédio abriga a Academia Pernambucana de Medicina (APM), o Memorial da Medicina de Pernambuco, além de outras instituições. O valor cobrado pela UFPE é de R$ 1.736,74 mensais. Caso não ocorra o pagamento, o imóvel deve ser desocupado. 

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Segundo explicou o neurocirurgião e presidente da APM, Hildo Azevedo, o prédio foi construído por médicos quando ainda não existia a UFPE e, com isso, não houve nenhum gasto ao erário. "O prédio foi construído entre 1925 e 1927 pelos médicos fundadores da então Faculdade de Medicina do Recife com reservas pessoais e com empréstimos que eles fizeram nas entidades bancárias. Então, quando houve a fundação da Faculdade do Recife, em 1948, o prédio da Faculdade de Medicina, que era um prédio particular, foi agregado ao acervo da então Universidade do Recife, que depois se tornou Universidade Federal de Pernambuco. Quer dizer, não houve nenhum gasto ao erário público em nenhuma situação", disse. 

Azevedo relatou, ainda, que, durante alguns anos, o prédio ficou abandonado. E apenas foi requalificado após um projeto apresentado pelo médico e professor Fernando Figueira, fundador da Academia Pernambucana de Medicina, junto ao então reitor da universidade Paulo Maciel. Entre 1986 e 1987, entidades médicas tomaram posse e integraram o memorial. "É o guardião da história, da cultura médica de Pernambuco", afirmou o neurocirurgião. 

Além da Academia Pernambucana de Medicina, no prédio, também funcionam a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames), Associação dos ex-alunos da Faculdade de Medicina do Recife, o Instituto Pernambucano de História da Medicina, o Instituto de Pesquisas e Estudos da 3ª Idade, a Academia de Artes e Letras de Pernambuco, e também o Museu da Medicina de Pernambuco.

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"Nós funcionamos como uma forma de extensão. E, não adianta ter um prédio de Memorial da Medicina sem ter uma estrutura que zele pela história da medicina de Pernambuco", argumentou presidente da APM. De acordo com Azevedo, foram realizadas reuniões junto à reitoria UFPE e foi explicado que a União não poderia ceder pro bono de "nenhum prédio seu". 

"O que nós argumentamos é que aquele prédio foi um prédio privado dos médicos, nós estamos participando de atividades de extensão da universidade. Um dos pilares é ensino, pesquisa e extensão. E que nós, em contrapartida, promoveríamos, como sempre promovemos, eventos destinados à formação da cultura, da história, e, inclusive, até do ensino de estudantes de graduação não só da área médica, como também museologia na área da história da medicina. Nós não temos nenhum tipo de conta bancária, para comprar até um computador quando falta. Então não podemos ser locatários de preço de mercado", disse. 

O presidente da Academia Pernambucana de Medicina afirmou que obteve apoio de entidades médicas do Estado e apoio jurídico para elaborar um documento para recorrer à notificação, que aconteceu no dia 22 de fevereiro de 2021 e tem um prazo de 30 dias para regularização. 

O Jornal do Commercio procurou a Universidade Federal de Pernambuco, que informou que irá se posicionar por meio de nota. Assim que obtivermos resposta, esta matéria será atualizada. 

 

 

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