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Baixo estoque de oxigênio para pacientes com covid-19 em Brejo da Madre de Deus, no Agreste de Pernambuco, preocupa

A prefeitura da cidade confirmou que o município enfrenta dificuldades provocadas pela superlotação da rede hospitalar por causa do aumento de casos da covid-19

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Bruna Oliveira; Margarida Azevedo

Publicado em 22/03/2021 às 14:22 | Atualizado em 22/03/2021 às 19:11
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Atualizada às 16h45

O município de Brejo da Madre de Deus, no Agreste de Pernambuco, tem enfrentado problemas com oxigênio disponível na cidade para tratar os pacientes infectados pela covid-19. De acordo com a prefeitura, o aumento de casos da doença deixou a rede hospitalar da cidade superlotada. No início da manhã desta segunda-feira (22), a situação ficou mais séria pois só havia um cilindro cheio sem ser usado. Os demais (14) estavam em uso por 14 pacientes internados na UPA Mestre Camarão, unidade de referência na cidade para atender quem está com suspeita ou confirmação de coronavírus.

Segundo a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), além do município de Brejo, o perigo de desabastecimento de oxigênio pode afetar outras 77 cidades do Brasil nos próximos dias. "Estes pacientes [em estado grave] precisam de oxigênio. Nós [do Brejo da Madre de Deus] estamos com 16 leitos, há 15 dias a gente vem observando que esses leitos vêm se mantendo ocupados e em 100% dos leitos precisa de oxigênio para os pacientes", disse a assessora da Secretaria Municipal de Saúde, Angelita Lucena em entrevista à Rádio Jornal Caruaru.

De acordo com Angelita, a compra de oxigênio é diária, mas não é fácil adquirir novos cilindros. "Existe uma dificuldade de abastecimento, porque ele é feito de um município para outro, por isso não está sendo fácil manter essa troca de torpedos vazios por torpedos cheios", falou. No final da manhã, a Secretaria de Saúde recebeu nove cilindros cheios, dos quais três já foram colocados em uso. Permanecem seis lacrados, de acordo com Angelita.


"Antes conseguíamos ter uma reserva técnica, mas agora, infelizmente, isso não está sendo possível diante do aumento da procura por muitas cidades. É ruim porque a equipe trabalha com o estresse de que pode faltar oxigênio a qualquer momento", diz a assessora da Secretaria Municipal de Saúde. Angelita explica que não é possível prever quanto tempo o estoque vai durar. "Porque isso depende da quantidade de pacientes que chegarem e do estado de cada um."

Cada cilindro tem 50 litros. Um paciente grave usa um todo por cerca de 3h. Se o caso for leve, o cilindro pode durar 24h com um doente. "Mas se ele precisar, por exemplo, de uma máscara reinalante, porque está mais cansado, o torpedo dura entre 4h e 5h", explica Angelita. 

Ao todo, o município do Brejo da Madre de Deus registrou 1.463 casos confirmados da covid-19 desde o início da pandemia. Desses, 1.368 apresentaram sintomas leves da doença, enquanto 95 desenvolveram Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Além de apontar o problema em Brejo da Madre de Deus, a FNP disse que a mesma situação foi registrada,  em Pernambuco, em Ibimirim, no Sertão. 

DIÁLOGO 

A Secretaria Estadual de Saúde informou, por meio de nota, que a IV Gerência Regional de Saúde não recebeu nenhum comunicado do município de Brejo da Madre de Deus sobre dificuldades no fornecimento de oxigênio.

"A Geres ressalta que tem mantido o diálogo com os gestores municipais da região e, inclusive, encaminhou ofício semana passada destacando a importância deles repassaram à Geres os dados sobre estoque e regularidade das entregas", explica.

A Secretaria Estadual de Saúde destacou ainda que "é indispensável que os municípios pernambucanos mantenham seus planos de contingência atualizados e façam o monitoramento dos seus estoques de oxigênio para, juntamente com seus fornecedores, realizar as ações necessárias para manter a assistência à população", ressalta. Por fim, o órgão informa que rede hospitalar que é mantida pela gestão estadual está abastecida de oxigênio.

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