"Foi um milagre de Deus". O relato da adolescente resgatada pelo pai ao ser soterrada por barreira durante chuva no Recife
Vitória Cristina Lopes Batista, de 14 anos, recebeu alta do hospital e já está de volta para os braços da família
Com informações do repórter Mário Oliveira, da TV Jornal
O nome da adolescente Vitória Cristina Lopes Batista, de 14 anos, nunca fez tanto sentido. Na madrugada dessa segunda-feira (12), ela se viu sem ar e coberta pela lama que deslizou de uma barreira e destruiu sua casa, mas foi salva pelo pai, o pedreiro José Cláudio Batista, na comunidade de Jardim Monteverde, no Ibura, Zona Sul do Recife. A foto do pai de família chorando em frente aos entulhos que sobraram de seus pertences após as fortes chuvas comoveu a capital pernambucana.
Em entrevista à TV Jornal nesta terça-feira (13), a jovem relatou os momentos de desespero que viveu, e acredita estar viva por um "milagre de Deus". “A sensação foi horrível, pensei que ia morrer. Estava dormindo e quando acordei só escutei a voz do meu pai e do amigo dele que estava tirando o barro, eu não estava conseguindo respirar", conta.
"Desmaiei e quando acordei estavam puxando meu braço. Quando conseguiram tirar minha cabeça, desmaiei de novo. Conseguiram tirar todo o barro de cima de mim e não queriam me tirar de lá porque achavam que eu tinha quebrado alguma coisa, mas depois começou a chover de novo e resolveram me tirar", relatou.
Após o desabamento, a adolescente foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro da Lagoa Encantada, com escoriações na cabeça e na perna. Depois, foi transferida para o Hospital da Restauração (HR). Finalmente, nesta terça, ela está bem e de volta para os braços da família. "Me sinto muito feliz em tê-la aqui do lado e em ter conseguido salvá-la", diz o pai.
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"Foi um momento de desespero. Quando ouvi o tremor, meu filho pediu ajuda, aí me levantei nas carreiras e quando vi não conseguia achar minha filha. Perguntei 'cadê minha filha?' e meu filho disse 'não sei, tá aí soterrada', e eu comecei a procurar ela, andei no barro, procurando minha filha, eu só pedia 'cadê minha filha, eu quero minha filha, Jesus'. Eu só vi tijolo e muito barro, ela nem sequer respirava. Comecei a cavar com as minhas unhas, pedi ajuda ao vizinho, a gente cavou e encontrei o pé dela [...] tirei o resto do barro, do tijolo e do concreto, aí consegui puxar minha filha", revelou, emocionado.
Apesar de toda a família, mãe, pai e dois filhos estarem bem e abrigados na casa da avó, eles agora precisam de ajuda financeira. O pedreiro, que está desempregado, pede ajuda para conseguir um local para dormir e se alimentar. "Não tem mais condições de morar aqui depois disso (...) Peço uma cesta básica, um lugar para ficar. O que vier eu agradeço", afirmou.
Os interessados em doar devem entrar em contato com o filho de José Cláudio, José Kaique, pelo número: 81 98899 9398. O número também é WhatsApp. "Qualquer coisa se puderem me ajudar, eu agradeço", disse o pedreiro.