INVESTIGAÇÕES

Defesa de adolescente que denunciou ter sofrido estupro coletivo em praia de Candeias diz que vítima vem sofrendo perseguição

A jovem denunciou que foi estuprada por oito suspeitos no dia 24 de abril

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Cadastrado por

Rute Arruda

Publicado em 10/05/2021 às 18:45 | Atualizado em 10/05/2021 às 19:29
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A defesa da adolescente de 16 anos que denunciou ter sofrido um estupro coletivo na praia de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, divulgou um vídeo em repúdio à perseguição que a jovem e seus familiares vêm sofrendo. As advogadas falaram sobre o assunto nesta segunda-feira (10).

Segundo a defesa, o número de celular e endereço da adolescente foram divulgados. "Com base nisso, ela e a família vêm sofrendo uma perseguição muito grande através das redes sociais", comentou a advogada Rafaela Gonçalves.

"Tudo está sendo investigado, tudo está sendo apurado, e nós já estamos elaborando os boletins de ocorrência e fazendo as devidas fichas crime. Nada será impune, a internet não é terra sem lei. Tanto a esfera cível quanto a criminal está sendo apurada e os envolvidos nisso serão devidamente enquadrados", pontuou Andresa Soares, que também integra o grupo de advogadas responsável pela defesa da adolescente. 

A advogada Manuella Magalhães afirmou que a jovem está passando por acompanhamento psicológico e psiquiátrico e que toda a situação vem causando estresse. "Toda a exposição de redes sociais causa trauma não só na vítima, mas também nos suspeitos. É importante a gente entender que não podemos estar expondo a vítima e os suspeitos. O caso está sob investigação. Quem vai resolver no final de tudo é a Justiça com base em todas as provas que estão sendo colhidas. É importante que a gente respeite as determinações judiciais, a respeito do sigilo que seja preservado. O caso é sigiloso porque lida com o Estatuto da Criança e do Adolescente. São adolescentes que estão envolvidos, então não tem como a gente estar falando sobre o caso, sobre as provas", disse. 

Além disso, a advogada Jessika Brito pediu para que as pessoas "não fiquem contra a vítima. Ela foi vítima de um crime hediondo, é um crime muito sério que aconteceu no dia 24 de abril desse ano. Um sábado. Então, por favor, não fiquem contra ela, não fiquem reputando ameaças contra ela e a família dela. A família dos suspeitos também não tem culpa. Quem vai dizer quem está certo e quem está errado não é a sociedade, mas a delegada com o inquérito policial que está tramitando e posteriormente a Justiça". 

O caso

A Polícia Civil de Pernambuco está investigando um estupro coletivo que teria ocorrido na praia de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, na noite do dia 24 de abril. A vítima se trata de uma adolescente de 16 anos, que já conhecia um dos oito suspeitos de cometer o crime e relatou a violência por meio das redes sociais.

Numa publicação em seu perfil no Instagram, a adolescente, aparentemente muito abalada, contou como tudo aconteceu. Segundo ela, ao passear no local, encontrou um rapaz com o qual já havia se relacionado anteriormente.

"Eu, minha amiga e o namorado dela fomos para a orla, quando a gente chegou lá tinha um pessoal e um menino com quem eu já tinha ficado. Ele olhou para minha cara e disse 'tu ficaria com meu amigo?', aí eu disse 'acho que não'. Então ele fez 'e tu ficaria comigo?' eu disse 'sim'. Então ele me puxou para areia", relatou em vídeo. 

A vítima também conta que, quando chegou na faixa de areia, na companhia do rapaz, se deparou com o amigo dele e mais seis rapazes. Logo após, ela fala sobre os momentos de horror que viveu. "Ele olhou para mim e falou 'tu aguenta isso tudinho?' e eu fiz 'não aguento, não'."

Em seguida, o agressor teria a colocado em uma posição sexual, para que todos pudessem cometer o crime. "Não tinha como correr, porque eram oito pessoas e eu estava chorando. Tentaram fazer sexo anal comigo, eu fiquei chorando e não conseguiram terminar", contou a jovem, que ainda afirmou sofrer de ansiedade, doença que teria piorado após o crime sofrido

A adolescente também fez uma publicação com fotos de lesões, que teriam ficado em seu corpo após o estupro coletivo.

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Lesões no corpo da vítima - REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Lesões no corpo da vítima - REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Além da vítima, a mãe da jovem também se pronunciou por meio das redes sociais. Em seu relato, ela afirmou que a violência sexual se tratou de uma "covardia". "Isso não se faz com mulher nenhuma. Vocês não pensam na mãe de vocês? Na família de vocês? Na irmã? Vocês nasceram de uma mulher, ninguém deveria fazer isso com ninguém. Ninguém é obrigado a fazer nada forçado. Eu sou mãe, estou com o coração dilacerado", diz a mulher aos prantos.

De acordo com a Polícia Civil, as investigações irão seguir até a completa elucidação do crime.

Pronunciamento de um dos suspeitos

Também por meio do Instagram, um dos oito suspeitos de terem cometido o estupro coletivo se pronunciou. Segundo o rapaz, a vítima estaria mentindo sobre o ato ter sido forçado, e um vídeo comprovaria a sua tese.

"Pessoal, vocês estão passando dos limites, vamos correr atrás da verdade. Isso não é coisa que essa menina invente, eu tenho um vídeo provando que os meninos não pegaram ela à força, ela falou no vídeo dela que os meninos levaram ela para a areia da praia, à força. Isso é tudo mentira", escreveu.

 

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Pronunciamento de um dos suspeitos, que nega ter praticado o crime - REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Repercussão

O caso vem ganhando notoriedade nas redes sociais nesta quarta-feira (28). Uma campanha, que pede justiça pela vítima, tem comovido pessoas de diversos lugares do País, entre elas a apresentadora Maisa, que disse ter ficado "completamente horrorizada" com o crime.

"Ela foi estuprada por oito homens. Não foi um, foram oito. Vamos dar visibilidade para isso aqui, porque nenhum ser humano merece passar por isso, é triste, é revoltante", escreveu um usuário do Twitter.

Nota da PCPE

"A Polícia Civil está investigando um estupro ocorrido na noite do dia 24, em Candeias. A vítima, uma adolescente de 16 anos de idade, registrou com sua genitora o ocorrido na madrugada do dia 25, na delegacia de Prazeres. Ela relatou que teria sido estuprada por vários jovens na orla de Candeias. As investigações seguirão até a elucidação do crime.".

 

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