VIOLÊNCIA

Com mês mais sangrento em 41 meses, veja ranking dos bairros mais violentos do Recife

De acordo com a SDS, "as disputas de território entre grupos com atuação no narcotráfico" são responsáveis pelo ápice de assassinatos registrado em abril

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Raphael Guerra

Publicado em 18/05/2021 às 8:29 | Atualizado em 18/05/2021 às 9:11
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O medo de sair às ruas por causa da violência preocupa moradores de alguns bairros do Recife. E também desafia a polícia. Só em abril deste ano, 60 pessoas foram vítimas de homicídio na capital pernambucana, uma média de dois assassinatos ao dia, segundo estatísticas oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS). Este é o pior resultado em 41 meses, já que a última vez que o Recife chegou a este patamar foi em novembro de 2017, ano em que Pernambuco contabilizou recorde histórico de homicídios.

Apesar de Pernambuco apresentar recuo da violência entre janeiro e abril de 2021, com queda de 13,8% em relação a este mesmo período em 2020, o Recife vai na contramão. De acordo com a SDS, "as disputas de território entre grupos com atuação no narcotráfico" são responsáveis pelo aumento de assassinatos. 

Dentre os bairros com maior número de assassinatos, Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife, está no topo. São 11 vítimas. Enquanto o bairro do Ibura, na Zona Sul, aparece em seguida com dez casos. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia a violência armada no Grande Recife. Veja o ranking:

Instituto Fogo Cruzado
Dados da violência armada no Recife - Instituto Fogo Cruzado

Repressão e prevenção

O bairro de Nova Descoberta, segundo o gestor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Bruno Magalhães, é palco de disputa pelo domínio do tráfico de drogas. Por isso, ações já estão sendo realizadas pela polícia para diminuir os índices da violência. 

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"No começo do ano, os homicídios estavam em alta na área integrada do bairro da Várzea e proximidades. Conseguimos diminuir e houve redução em abril, por exemplo. Agora, a área de bairros como Nova Descoberta e Macaxeira está com mais casos. Mapeamos e descobrimos que existia uma disputa pelo tráfico de drogas entre grupos. Inclusive com detentos. Conseguimos a transferência deles para outro presídio (de segurança máxima)", afirmou. 

Para a socióloga e coordenadora do Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, o aumento da violência no Recife não é um problema que pode ser solucionado apenas com a repressão da polícia.

"A pandemia aumentou a desigualdade e a pobreza, que historicamente atingem primeiro as cidades com mais de 100 mil habitantes. A pobreza acaba elevando a violência, porque muita gente acaba entrando para o mundo das drogas para sobreviver. Por isso a necessidade de os municípios agirem, junto ao Estado, para diminuir a desigualdade. É preciso uma articulação com todas as políticas públicas. Não é só caso de polícia", explicou.

O bairro do Ibura, por exemplo, - que aparece em segundo lugar com maior número de mortes neste ano na capital - contará com um projeto de prevenção à violência de acordo com secretário de Segurança Cidadã do Recife, Murilo Cavalcanti. Um Centro Comunitário da Paz (Compaz) será instalado no bairro, oferecendo atividades esportivas, educativas e serviços essenciais a todos os públicos da localidade. Ainda não há, no entanto, previsão de inauguração. 

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